_E tu, ó vento que passas, diz-me lá se vem borrasca económica nos próximos tempos?
_ Se vem, a quem o dizes. Soltaram-se os ventos da crise, as caixas de Pândora resultantes de muito descontrolo, muita anarquia nos mercados...
- Mas dizem que os mercados se auto-regulam, não é verdade?
- Tretas, meu caro, tudo tretas. Eles alegam ter fé nisso quando lhes dá jeito. Mas quando a coisa fica preta eles perdem a fé e vão ao médico...
- Mas, quem é o médico? Será de ter fé nele?
- Remédio e médicos são muitos mas chamam-se terapias de choque e controlo efectivo sobre as empresas e não o «laissez faire e laisser passer» como se pensava antigamente! a liberdade tem limites! quando não se cumprem regras minimamente aceitáveis vai tudo para o maneta!...
- Mas, meu caro vento, hoje acordastes mal disposto ou quê?!
- Pensam que o problema é de Estado a mais, líricos que julgam uma panaceia universal a privatização. E enganam-se redondamente. O problema está na racionalidade, no controlo, no respeito por regras de supervisão eficazes.
- Mas há quem não respeite as regras?
- Olha meu caro, economistas são cada vez mais pintores do que economistas. Eles pintam quadros cor-de-rosa para enganar todo o mundo e depois dá no que dá. Terão que pintar quadros negros, quadros dantescos!...
- Mas as supervisões são subornadas, não funcionam porquê?
- Elas actuam por amostragem e só quando surgem denúncias é que se vai ao cerne da questão. Depois há as cumplicidades políticas. Fazem lembrar aquela gravação do apito dourado: «Lembra-se do que fizemos por si no verão passado?», como arengava uma conhecida figura desportiva a um árbitro. Os empresários usam a mesma cassete aos políticos:« Lembra-se do que fizémos por si na última campanha eleitoral?! Veja lá se quer ir para a valeta! aborte-me já esse «Furacão» idiota que se soltou sem nossa autorização!»
- Muito me conta meu caro Dr Ventanias, você é um génio. Vou propor o seu nome para ministro da economia, já!
Nenhum comentário:
Postar um comentário