Santana Lopes, o ministro da Qualidade de Vida, sempre no centro das atenções, sempre genial, sempre um farol de lucidez na noite mais obscura!
O sempiterno presidente de câmara alfacinha, o casanova de Alvalade, o cultor das virtualidades do gineceu! La femme d'abord!...
Pensamentos:
Penso, logo existo!
René Descartes
Utilizo, logo pago!
Macedo Vieira
Aquele conselho de ministros de Setembro de 2015 ficou na História. A questão era fracturante, polémica até. Tinha acérrimos defensores, como o sempre interventivo e polémico Santana Lopes, ministro da Qualidade de Vida e Isaltino Morais, ministro da Economia. Dentre os detractores, emergia a voz arguta e prudente de Gomes da Silva, ministro da Propaganda.
Macedo Vieira, esse homem brilhante e sempre atento aos problemas financeiros (dele e da sua entourage...), estava dividido. Parte de mim, alegava ele em tom conformista, está a favor desse projecto de grande alcance , capaz de um fabuloso encaixe financeiro para o Estado, por outro lado , receio o impacto que possa ter em sectores mais conservadores...
Outros ministros digladiavam-se em pormenores de exequibilidade do projecto. O primeiro- ministro, Filipe Menezes __o Sarkozy de Vila Nova de Gaia, como já era alcunhado __ meditava profundamente sobre a decisão a tomar. Como bom líder , auscultava o parecer dos seus pares e procurava, no final, fazer uma síntese e concluír. Enfim, colocar a cereja da sua eloquência em cima do bolo do colectivo.
Como pano de fundo da magna questão, emergia, qual gigante adamastor irado com os marinheiros governamentais, a problemática do défice. A questão agudizava-se de há uns tempos a esta parte. Era uma espada de Dâmocles pairando sobre aquelas cabecinhas pensadoras.
O facto é que havia muita gentinha sem escrúpulos a ganhar dinheiro à custa da exploração das mulheres. Uma tal Ana Lopes, formada em Psicologia, liderava um movimento tendente a dar às prostitutas uma nova dimensão empreendedora. Reivindicava sindicato, Caixa de Previdência, enfim, as cautelas minimamente necessárias para uma profissão de alto risco e de curta duração .
Havia sectores que concordavam plenamente. Era uma forma de as libertar do jugo de proxenetas e salvaguardar a saúde das populações.
__Que dirá a Igreja __ interrogava-se Macedo Vieira, cofiando a ponta do queixo , qual Descartes pensativo __ dos regeneradores, ao fazerem algo que nem os abrilistas ousaram? Liberalizar e oficializar os bordéis!
__A questão não é essa! __replicou com energia e acutilância Santana Lopes__ o busílis da questão reside no direito das prostitutas a terem um enquadramento jurídico, um quadro legal com um ordenamento moderno e responsável que possa acautelar a sua maneira de viver. Querem pagar impostos, ser colectadas, ter segurança social, reforma condigna e compatível com o seu estatuto economico-financeiro! Também são parte integrante da Pátria! Ou da Mátria, como diria a saudosa Natália Correia...
Luís Filipe Menezes pôs água na fervura:
__Não, não iremos chamar bordéis, o nome é agressivo. Talvez clínicas de terapia da líbido... Clubes anti-disfunção eréctil!...
__Casinos de relax! __ atalhou certeiro, o ministro da Qualidade de Vida.
__Não está mal, não senhor !__concordou Menezes.
De facto a questão não era fazer do Estado um proxeneta. Não, o estado iria criar centros de multiactividades para-sexuais e entregá-los a exploração de privados, como se fazia já com os casinos, para o jogo de azar ...
Numa esquina da rua fronteira, um cão vadio gania ferozmente. Talvez fosse uma cadela no cio chamando a atenção para o seu estado. Os aviões passavam e ouvia-se o roncar dos motores, a sensibilizarem os presentes para a poluição sonora que infestava a capital. Entrementes o diálogo prosseguia. Mais sereno, mais cordato, mais calculista.
__Já está definido! Já sei o que vou fazer! __ sentenciou Menezes com ar de Arquimedes na banheira, proclamando «eureka!»
Peranta o seu silêncio, Macedo Veira, mais afoito, interpelou-o:
_Podemos saber a «solução final»?
__Vamos fazer um referendo e lavar as mãos no tocante a polémicas. Aproveitamos e referendamos também a questão da energia nuclear. As oscilações do preço do petróleo estão a dar cabo da economia. Vamos para a energia nuclear enquanto é tempo. O povo decidirá tudo a nosso favor. Basta accionar-estimular aqueles opinion makers que tão bem sabem dar a volta ao zé povinho, como fizeram quando ganhámos as eleições!!!
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