sábado, abril 29, 2023

Paz na Ucrânia

 É muito estranha esta postura da China em querer, agora, a paz na Ucrânia. agora, que a Ucrânia está mais apetrechada (ainda lhe faltam aviões de caça a sério...) é que quer estancar a guerra.


Será que a Rússia quer também a paz? Será que a Rússia quer abandonar o território abusivamente ocupado? Será que está arrependida da cobarde agressão__ sem motivos__ a um país soberano que nada fez que justificasse tal invasão?


Creio que a Rússia se serviu da China como um "fiel amigo", para evitar o cenário que aí vem!


Se a Ucrânia conseguir rechachar o invasor e a opinião pública russa começar a criar dores de cabeça a sério a Putin, será o princío do fim...


Ele quer evitar um "25 de Abril" na Rússia!

quinta-feira, abril 27, 2023

Amor aos animais

 Há quem goste do Lacoste

tão meigo tão carinhoso,

alguns, tão maldosos

querem extraír-lhe a pele, 

que horror

p´ra fazer sapatos e malas

ele, Lacoste, não sabe nem sonha

 se soubesse,

 do ser humano tinha vergonha!

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terça-feira, abril 25, 2023

Aveiro

 

AVEIRO E A RIA...
DOIS AMANTES NATURAIS...
 
Sei que namoras co'a ria
sois ambos da mesma idade
em perfeita sintonia
fazeis amor, de verdade!
 
Ela é mais atrevida
contigo se abraça e deita!
te penetra, destemida,
e, com paixão, se deleita!
 
Aveiro, a ria é tua,
te ama, te lava os pés
por vezes, porém, amua
são caprichos das marés...
 
..
 

 

sábado, abril 08, 2023

Salvai o planeta!

São Salvador nos salvai
o planeta está morrendo
a guerra horrenda lá vai
todos matando e sofrendo...
 
A poluição é um mal
que se entranha dia a dia,
ninguém estranha, é tão letal,
já é "normal", eu diria...
 
Águas são contaminadas
os cancros vão alastrando
poluições desenfreadas
fauna e flora devastando!
 
São Salvador nos salvai!
o mundo sem salvação,
o predador-homem vai
ser mártir, sem remissão!
 
 
josé sá 27-03-2023

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sexta-feira, abril 07, 2023

Marinha, segundo Eça de Queiroz

A MARINHA, segundo Eça de Queiroz
(...)
Mas, meus senhores, antes de tudo, nós não temos marinha! Singular coisa! Nós só temos marinha pelo motivo de termos colónias — e justamente as nossas colónias não prosperam porque não temos marinha! Todavia a nossa marinha, ausente dos mares, sulca profundamente o orçamento. Gasta 1159 000$000!
Que realidade corresponde a esta fantasmagoria das cifras? uns poucos de navios defeituosos, velhos, decrépitos, quase inúteis, sem artilharia, sem condições de navegabilidade, com cordame podre, a mastreação carunchosa, a história obscura. E uma marinha inválida. A D. João tem 50 anos, o breu cobre-lhe as cãs: o seu maior desejo seria aposentar-se como barca de banhos.
A Pedro Nunes está em tal estado, que, vendida, dá uma soma que o pudor nos impede de escrever. O Estado pode comprar um chapéu no Roxo com a Pedro Nunes — mas não pode pedir troco.
A Mindelo tem um jeito: deita-se. No mar alto, todas as suas tendências, todos os seus esforços são para se deitar. Os oficiais de marinha que embarcam neste vaso fazem disposições finais. A Mindelo é um esquife — a hélice.
A Napier saiu um dia para uma possessão. Conseguiu lá chegar; mas exausta, não quis, não pôde voltar. Pediu-se-lhe, lembrou-se-lhe a honra nacional, citou-se-lhe
Camões, o Sr. Melício, todas as nossas glórias. A Napier insensível, como morta, não se mexeu.
Das 8 corvetas que possuímos são inúteis para combate ou para transporte — todas as 8. Nem construção para entrar em fogo, nem capacidade para conduzir tropa. Não têm aplicação. Há ideia de as alugar como hotéis. A nossa esquadra é uma colecção de jangadas disfarçadas! E este grande povo de navegadores acha-se reduzido a admirar o vapor de Cacilhas!
Têm um único mérito estes navios perante uma agressão estrangeira: impor pelo respeito da idade. Quem ousaria atacar as cãs destes velhos?
Já se quis muitas vezes introduzir nas fileiras destes vasos caducos — alguns navios novos, ágeis, robustos. Tentou-se primeiro comprá-los.
Sucedeu o caso da corveta Hawks. Era esta corveta uma carcaça britânica, que o Almirantado mandava vender pela madeira — como se vende um livro pelo peso. Por esse tempo o Governo português — morgado de província ingénuo e generoso — travou conhecimento com a Hawks, e comprou a Hawks. E quando mais tarde, para glória da monarquia, quis usar dela, a Hawks, com um impudor abjecto — desfez-se-lhe nas mãos!
Estava podre! Nem fingir soube! Tinha custado muitas mil libras.
Tentou-se então construir em Portugal. Sabia-se que o Arsenal é uma instituição verdadeiramente informe: nem oficinas, nem instrumentos, nem engenheiros, nem organização, nem direcção. Tentou-se todavia — e fez-se nos estaleiros a Duque da Terceira. Foi meter máquina a Inglaterra. E aí se descobre que a tenra Duque da Terceira, da idade de meses, tinha o fundo podre! Foi necessário gastar com ela mais cento e tantos contos.
Nova tentativa. Entra nos estaleiros a Infante D. João. 87 contos de despesa. Vai meter máquina a Inglaterra. Fundo podre! O Arsenal perdia a cabeça! Aquela podridão começava a apresentar-se com um carácter de insistência verdadeiramente antipatriótica! Os engenheiros em Inglaterra já se não aproximavam dos navios portugueses senão em bicos de pés — e com o lenço no nariz. As construções saídas do Arsenal sucumbiam de podridão fulminante. A Infante D. João custou em Inglaterra, mais cento e tantos contos!
O Arsenal, humilhado no género navio, começou a tentar a especialidade lancha.
Fez uma a vapor. Lança-se ao Tejo, alegria nacional, colchas, foguetes, bandeirolas... E a lancha não anda! Dá-se-lhe toda a força, geme a máquina, range o costado — e a lancha imóvel! Mas de repente faz um movimento... Alegria inesperada, desilusão imediata! A lancha recuava. Era uma brisa que a repelia. Em todas as experiências a lancha recuava com extrema condescendência: brisa ou corrente tudo a levava, mas para trás. Para diante, não ia. Pegava-se! O Arsenal tinha feito uma lancha a vapor que só podia avançar — puxada a bois. O País riu durante um mês. O Arsenal roeu a humilhação, encetou a espécie caíque. Ainda o havemos de ver, no género construção em madeira, cultivar — o palito!
A nossa glória, inquestionavelmente, é a Estefânia. Parece que poucas nações possuem um vaso de guerra tão bem tapetado! O orgulho daquele navio é rivalizar com os quartos do Hotel Central. E um salão de Verão surto no Tejo. E no Tejo realmente dá-se bem. No mar alto, não! Aí tem tonturas. Não nasceu para aquilo: um navio é um organismo, e como tal pode ter vocações: a vocação da Estefânia era ser gabinete de toilette. E pacata como um conselheiro. E uma fragata do Tribunal de Contas! Por isso quando a quiseram levar a Suez, quantos desgostos deu à sua Pátria! quantas brancas fez à honra nacional! É verdade que os cabos novos, da Cordoaria Nacional (sempre tu, ó terra do nosso berço!) quebraram como linhas, e ninguém lhes pode contestar que tivessem esse direito. A marinhagem também não quis subir às vergas (opinião respeitável, porque a noite estava fria). Alguns aspirantes choraram de entusiasmo pela Pátria. O capelão quis confessar os navegadores.
O caso foi muito falado nesse tempo. Mais celebrado que a descoberta da Índia.
Essa só teve Camões que naufragou; — a viagem da Estefânia teve o Sr. O. Vasconcelos que arribou! Tanto é semelhante o destino dos que cultivam o ideal! O facto é que desde então brilha no Tejo, tranquila, reluzente e vaidosa — a Estefânia, corveta mobilada pelos Srs. Gardé e Raul de Carvalho.
(…)
Eça de Queiroz, Uma campanha alegre
 
NOTA.Se naquele tempo houvesse alguns juizes serviçais ao poder como há agora (e conheço alguns), talvez  Eça de Queiroz fosse condenado por "maledicência", "ataque sistemático às instituições," "falta de patriotismo", "campanha difamatória",  "atentado à honra e bom nome da Marinha", enfim, seria crucificado, como acontece agora quando um vereador da oposição desfere alguma crítica aos abusos de poder camarário, ou algum jornalista belisca as trapalhadas governamentais! Havia liberdade de imprensa então, agora infelizmente está muito coarctada!