segunda-feira, março 31, 2008

Será que se pode tolerar a intolerância?!

O JN dá-nos conta da polémica provocada pela conversão de um jornalista egípcio ao catolicismo. O ódio, a ameaça sub-reptícia, um autêntico furacão desencadeado pelos muçulmanos, é algo de patológico.

Será que poderemos conviver com esta maneira de encarar a realidade? Como será a Europa com este e outros sentimentos tão exacerbados? Há ou não há uma componente violenta nesta religião?

Só um idiota (ingénuo-útil?) acredita na boa fé desta gente. A civilização ocidental (lato sensu) precisa de se defender destes fanáticos que não respeitam a liberdade do seu semelhante. Este conceito de respeito pela liberdade do outro é uma das marcas indeléveis da sociedade moderna. Ou os árabes se adaptam a isto ou então há que tomar medidas para que não comecem a ser o gérmen de uma nova barbárie, a semente de uma insana postura social onde a violência e a intolerância sectárias serão o denominador comum.

A religião não é um MacDonald's ou uma Coca-Cola, não é uma cadeia de supermercados ou uma multinacional da política; estas atitudes revanchistas, estes sentimentos de «perda de clientela» não são admissíveis numa sociedade onde a ética, o respeito, o bom senso sejam os alicerces mais básicos, os fundamentos mais elementares.

Ou os muçulmanos se adaptam ou jamais terão oportunidade de uma convivência ecuménica. A tolerância tem limites. Quem tolerar os intolerantes sujeitar-se-á aos seus caprichos, aos seus destrambelhamentos, aos seus «diktats»...

sábado, março 29, 2008

Miss Landmine... outro olhar sobre a condição feminina!

Maria Restina Manuel de 25 anos, vítima de uma mina (1997), agora miss Cuanza Sul...



A mulher ainda é vítima de segregações e discriminações de toda a ordem. Nos países árabes, obrigada a usar aqueles vestuários medonhos, a submeter-se a todos os caprichos do macho, mesmo a violência mais degradante, em África então, sendo vítima de certas práticas medievais (como a excisão genital), a sujeição a trabalhos pesados e mal remunerados, enfim noutros continentes algo de similar se vai passando...

Entre nós, há uma certa discriminação salarial, há preconceitos ainda mal «digeridos» que colocam a mulher em posição subalterna, em certos domínios...

Este caso que agora vou analisar reporta-se a um concurso de beleza para jovens mutiladas por minas. Foram amputadas de membros inferiores, mas não foram amputadas da sua dignidade, da sua beleza intrínseca, da sua feminilidade. Hoje em dia quando se gastam fortunas com lipoaspirações, implantações de silicone, tratamentos diversos ao nível das nádegas, nariz, face, abdómen, sei lá, a mulher anda sempre «em obras», mal tira os andaimes de um lado são logo colocados no outro... este caso das mutiladas de guerra (por minas) deveria merecer mais incentivos para a implantação de próteses. O mundo inteiro é responsável por este martírio. Devemos colaborar na minimização dos efeitos colaterais.

Este concurso de beleza, longe de endeusar a mulher-objecto, de a tornar menos digna, eleva o astral, dignifica e é um hino anti-discriminação. Bem haja quem tomou tal iniciativa. Oxalá outras (complementares) se associem a esta para que mulheres em plena pujança vital não se sintam marginalizadas, ostracizadas pela deficiência...

sexta-feira, março 28, 2008

Mariluz morta às mãos de pedófilo...


Mariluz a criança espanhola (Huelva) há tempos desaparecida, agora encontrada morta...
O cancro da pedofilia volta a mostrar a sua faceta mais repugante. A criança de Huelva (há tempos desaparecida) apareceu morta. O suspeito número um (um tal Santiago, pedófilo com antecedentes criminais) assumiu ter estado com ela e ter «assistido» à sua morte...
Este flagelo (a pedofilia) tem que ser encarado de frente. A homossexualidade é algo de aberrante e pouco aceitável para a maioria dos cidadãos, mas quanto à pedofilia, então, é a criminalidade mais abjecta, mais hedionda, mais digna de repulsa!
Até quando isto irá continuar a encher os noticiários? Até quando irá assistir-se a este degradante espectáculo?
É urgente tomar medidas a nível global (isto é, quer se queira quer não) uma variante do terrorismo! Há que ir à génese da problemática e enfrentar a causa de tudo isto. Se é necessário tratamento, que se vá até onde for possível para estancar esta epidemia, este cancro social de proporções cada vez mais alarmantes! Se o tratamento não surtir efeito, há que tomar medidas preventivas sérias e seguras. Há que alertar a sociedade para estes facínoras que não são mais que animalescos monstros, que importa denunciar publicamente e colocar em guetos ou locais seguros, para garantia de segurança da comunidade. O interesse público deve sobrepôr-se a eventuais danos ou limitações de ordem privada. O chamado «garantismo» (na acepção legalista do conceito) deve subordinar-se ao «pragmatismo »!
A Europa deve reflectir sobre este tipo de terrorismo que ganha cada vez mais impacto. Há que tomar medidas com eficácia, sob pena de continuarmos a assistir a barbaridades sem conta, a monstruosidades de cariz selvagem. É o mundo novo, a Europa de futuro, a salvaguarda das novas gerações que nos impõem um novo olhar sobre este dramático desenlace. Há que agir e não chorar sobre o leite derramado. A repressão só por si não chega, há que ir mais longe e mais fundo.

quinta-feira, março 27, 2008

Gangues e poder...

Está cada vez mais instilada na consciência de algumas pessoas a ideia pérfida de que só a delinquência e a marginalidade conduzem ao êxito. Os gangues organizados assumem variegados contornos: ele é o político local que usa e abusa de certa escumalha para impôr a sua «autoridade» baseada na agressão a rivais, ele é o dirigente desportivo que usa os «lumpen» para impedir a transparência nas assembleias gerais dos clubes, ele é o líder religioso que no Iraque procura impôr-se pela violência armada (tal como Karl Marx alvitrou para a implantação da ditadura do proletariado, muito embora os seus seguidores tenham exagerado na dose...), ele é o empresário da noite que procura aliciar mulheres e homens «vendáveis» para ter sucesso no ramo...

Não admira que o sucedido na universidade moderna, com todo aquele cortejo de artimanhas e ilegalidades tivesse dado no que deu (e no que ficou por esclarecer mais cabalmente...). Não admira que as escolas sejam um palco de luta pelo poder, usando-se de forma ignóbil os jovens em (de)formação para a conquista de resultados pouco perceptíveis para o comum dos cidadãos. Há uma estratégia que visa a desagregação do poder do Estado conducente ao descrédito da política vigente. Os professores (alguns) deram uma péssima imagem nas manifestações contra a ministra da educação: alguns slogans mais pareciam paridos na mente de algum proxeneta... nem pareciam saídos da mente de educadores...

Os alunos completamente fora de si, mas conscientes de que o clima de impunidade existente, fruto de permissividades sem conta, pode dar-lhes alguma «força», dada a intimidação patológica sobre professores, actuam como cavalos com o freio nos dentes... é um fartar vilanagem... os media socorrem-se dessas imagens para saciar a gula doentia dos telespectadores...

Há que ser duro e impôr ordem, doa a quem doer. Não venham os costumeiros defensores das «amplas liberdades» carpir discursatas hipócritas.

Tem razão o senhor Procurador Geral da República. A escola está a tornar-se um alfobre de criminalidade. Há que cortar o mal pela raíz. Enquanto é tempo.

terça-feira, março 25, 2008

Dia mundial da meteorologia...


Que o sol da verdade não seja obnubilado por cortinas de fumo laudatório, por nevoeiros de opacidade impedindo a necessária transparência democrática; que na colina do sol haja sempre democracia e igualdade, e que o nivelamento seja feito de forma a que todos sem excepção fiquem despojados de privilégios ostentatórios, de mordomias injustas geradoras de desigualdades gritantes a nível de educação, alimentação, emprego, acesso à justiça, à informação; que haja igualdade de oportunidades a sério, que as nuvens negras da corrupção não toldem a paisagem que se quer airosa e radiante; que os trovões populares sejam audíveis pelos que detêm as rédeas do poder, desencadeando relâmpagos legislativos brilhantes e visíveis por todos, sem excepção; que a tempestade dos despedimentos seja amainada, que no horizonte se possa vislumbrar a bonança das relações laborais estáveis e não uma precariedade sinistra e patológica; que os professores saibam ser dignos dos seus alunos e estes não desencadeiem tsunamis de má-educação, não deixando transbordar para o exterior o magma acumulado por rancores mal digeridos; que a orquestra governativa saiba tocar em perfeita coordenação sob a batuta de um maestro competente que não ande ao sabor de ventos de oportunidade ou de nebulosas promiscuidades sempre tentadoras mas fautoras de mal-estar e de insatisfação social;
que se possam avaliar os ventos de criatividade, com critérios justos e sem amplitudes térmicas
geradoras de suores frios indiciadores de patologia social; finalmente, que no céu de Alá as setenta e duas virgens deixem de abrir os braços aos assassinos suicidas e os abram aos pacifistas autênticos, aos que lutam com armas de lucidez e clarividência pela criação de um mundo novo onde o sol da paz derrame os seus raios de forma equitativa, democrática e universal...

domingo, março 23, 2008

Ele foi confessar-se e...



-Padre, com os novos pecados decretados por Bento XVI acho que estou a ser demasiado penalizado...
- Então porquê, meu filho?
- Veja, além das mentiras que disse em campanha eleitoral, prometi tanto que sabia não poder cumprir, usei má-fé e abusei da credulidade alheia, fiz publicidade enganosa, agora, com estes novos pecados, atentados ao ambiente, gestão danosa, promiscuidade, má gestão de dinheiros da colectividade, penso que vou mesmo para o inferno...
-Tem calma, meu filho. És presidente de câmara há tantos anos, nunca te arrependeste dos actos perpetrados, vens agora, de súbito, dar uma de arrependido?
-É claro que em público, nos jornais, na rádio, nunca poderei dizer isto, era o meu fim. Mas aqui, no silêncio do confessionário, não posso deixar de me abrir. Ainda há dias fiz um assédio infame...

- Assédio? Alguma mulher?
-Não, padre, foi a um presidente de junta. Disse-lhe que se ele passasse para o nosso lado teria obras com fartura lá na terra. Até arranjaria emprego para a mulher e para a filha. Sinto que estou a ultrapassar os limites da decência!
-Lá isso estás, mas há tanto quem faça isso. Olha, poderá ser enquadrada essa forma de «assédio» num tipo não pecaminoso...
_ Como assim, padre?!
-Olha, dir-se-ia que estás a captar um crente para a tua fé partidária. É evangelização. É aumentar o número dos teus «crentes»... és uma espécie da apóstolo partidário...
-Olhe, padre, tirou-me um grande peso da consciência. Nessa perspectiva até sou um evangelizador... Vou seguir em frente com esta prática assediadora...

_ Sim, filho, olha mas não abuses. Se ficares com o concelho debaixo da tua pata receio bem que te tornes ainda mais intolerante com a oposição. Deixa alguns ainda a comungarem do seu credo. Há que ter uma coexistência pacífica com todos. Há que ter espírito ecuménico!

__ Olhe padre, essa do espírito ecuménico está modelar! Vou deixar algumas freguesias ainda sob o controlo da oposição. Para se ver a diferença!...


NOTA: Isto é ficção. Mas a realidade, por vezes, ultrapassa tudo isto. E muito!

sábado, março 22, 2008

Civilizações: que diálogo?






O diálogo de civilizações ainda é possível? Qual o horizonte ?
A recente ameaça de Bin Laden ao papa Bento XVI é o reflexo de uma certa patologia social e civilizacional que medra neste dealbar do sec xxi e que se julgava já extinta na Idade Média.
As caricaturas ao profeta Maomé e o alegado envolvimento do papa são algo de doentio e definidor de uma mentalidade aberrante e medieval. O hegemonismo religioso, o afã difusor da fé (existente em todas as religiões, reconheça-se...), tem algo de similar ao colonialismo, é o colonialismo religioso... O expansionismo belicista (com ambição universalista) que teve os seus paradigmas em Roma (impérios romanos), Moscovo e Washington (sobretudo no período da guerra-fria...), ganha paralelo com a metodologia seguida pela Al-Qaeda (muito embora esta assuma contornos mais selvagens, mais terroristas); Bin Laden é à sua maneira um Hitler ou um Napoleão de feição teocrática, um Saladino ou Alexandre Magno em miniatura; aqui o chamado arianismo (de Hitler) é cultivado sob a roupagem religiosa muçulmana, o ódio aos judeus de Hitler tem aqui um sucedâneo que é o ódio aos infiéis americanos, filhos de satã...
A linguagem do terror é o veículo propulsor, o archote iluminante, a imagem de marca deste imperialismo muçulmano...
Perante isto como actuar? Como deverá reagir o mundo civilizado?
O Diálogo de Civilizações surge como uma forma de saneamente mental e cívico, uma injecção de anticorpos contra esta pandemia que subjaz a uma visão patológica da religião e a usa (abusando de algumas passagens do Corão...) como arma de arremesso, como bomba suicida. Quando é que os verdadeiros muçulmanos, pacifistas e devotos, destrinçarão esta artimanha?
Bin Laden é o profeta da luta armada, o condottieri dos descamisados muçulmanos contra os infiéis e ricos opressores americanos. Tal como Hitler odiava os judeus pela sua riqueza e cultura
(muito embora dissesse que era por causa de ser uma raça inferior...) também Bin Laden odeia americanos e seus amigos pela sua cultura, pelo seu desenvolvimento tecnológico e não pela religião em si mesma (embora queira fazer realçar o aspecto religioso como o leitmotiv da sua luta). Da luta de classes de Karl Marx Bin Laden extraíu algo de catalizador para certo voluntarismo suicida: o ódio aos mais ricos e mais poderosos...
Enfim, esta doentia abordagem das religiões, este pretexto belicista é a parte visível do icebergue que vai gerando cada vez mais mal-estar entre as civilizações. É isso que é preciso destrinçar e diagnosticar para uma terapêutica mais adequada. É isso que os Jorge Sampaios
(laicos mas tolerantes, não crentes mas respeitadores da realidade religiosa) do mundo inteiro devem interiorizar para que possamos coexistir com respeito, usando uma linguagem de elevação ética e cultivando uma mundividência sã e não exclusivista ou monolítica.
Ateus e crentes, de mãos dadas, usando o cadinho da cultura para fundir os metais nobres da justiça social, da igualdade, da liberdade, da fraternidade.

Palhaços & Palhaços: dois pesos, duas medidas...


Este é apenas um sósia...
«Palhaço», na Madeira é grave ofensa
Só se o visado foi «palhaço-mor»;
Ao termo reagirá com indiferença
A justiça, se for «gado menor»...
Iguais perante a lei?! Pura ilusão!
Justiça com dois pesos, duas caras;
Na Madeira 'inda impera a escuridão
São «palhaços» togados, vê-se às claras!...
Serviçais ao poder, vis, rastejantes,
Criaturas velhacas, sem moral,
Sem estofo, sem coluna vertebral.
Bicefalias, Janus militantes!
Sanchos Panças de algum Miguel Cervantes!
Criados de servir, Judas, tal qual!

sexta-feira, março 21, 2008

Dia Mundial da Poesia

Esta sociedade de consumo cria mecanismos e vícios para se perpetuar.
Há dias para tudo, para todos os gostos: há o dia em que se respeitam os animais, outro para respeitar as árvores, o dia para a mãe, o dia do pai, o dia dos avós, o dia da mulher, o dia da criança, enfim, há que preencher o calendário; qualquer dia teremos o dia do bacalhau, dia da sardinha, dia do gato, dia do pardal, dia do rouxinol...

Hoje, dia mundial da poesia, os «bonzos» saem à rua, os ungidos pelo poder (local ou central) botam faladura, tecem discursatas emproadas, só presunção e água benta, ostentando muitas vezes uma carga de hipocrisia que tresanda...

A poesia é todos os dias. No quotidiano de cada um, no comportamento perante os outros, na actuação face às adversidades, no respeito pelo semelhante, repudiando o abuso de poder, a intolerância, a discriminação, a prepotência; se calhar, aqueles que nos oprimem, que nos perseguem, os que nos ofendem, aparecem agora, com o manto diáfano da hipocrisia, a cantar hossanas, perorar loas sem fim, louvaminhar os mesmos que foram vilipendiados... esses mesmos, que fazem da poesia uma arma contra a hipocrisia, um arsenal contra todos os fundamentalismos (de multifacetados matizes...) que tolhem o nosso viver, que infernizam o quotidiano...


Aos fundamentalismos (e fundamentalistas) dedico este soneto. Que enfiem a carapuça aqueles que sabemos bem quem são... e que por vezes nem sabem que o são, ou não querem admiti-lo!...




O fundamentalismo intolerante
Não passa de cegueira medieval;
Há-o no professor, no governante,
No cacique retrógrado, venal!


Fariseus, cultivando a hipocrisia,
Almas tão possessivas, tão dogmáticas,
Julgando-se «a verdade» ou «a poesia»
Figuras patológicas, fanáticas.


Oráculos de Deus, donos da fé,
Julgam ser lá do céu embaixadores,
Da bolsa de indulgências... correctores...


Cegueira doutrinária isto é
Abuso de poder, diria até,
Excessos de «pastores-predadores»...

Cães perigosos...




Hoje em dia está a ser muito contestada a presença e a proliferação de cães perigosos. Há que ter muito cuidado. Eles são muitas vezes uma espécie de «braço armado» dos donos..
Contaram-me uma história passada há muitos anos na cidade da Póvoa de Varzim que vem a talhe de foice. Um conhecido médico psiquiatra, conotado com um partido de esquerda, costumava passear o seu avantajado canídeo na avenida Mouzinho de Albuquerque.
O primeiro ministro de então era Sá Carneiro. Ele, como não gostava do primeiro-ministro, decidiu pôr o nome de «Sá Carneiro» ao animal. Certa noite, quando passeava por entre as árvores frondosas daquela avenida (hoje extirpadas a mando do executivo social-democrata...) com o inseparável canídeo (não muito perigoso, mas inteligente e brincalhão...) um social-democrata dirigiu-se ao «par» e metralhou:
__ Com que então a passear o cachorro?
__ Tem que ser, é preciso satisfazer as suas necessidades...__ retrucou, afável, o médico psiquiatra.
A resposta do social-democrata foi inesperada e ainda hoje deve estar a fazer ruborizar as orelhas do distinto clínico:
__ Eu não falei para si. Estava a falar ao «Sá Carneiro»!

Presidentes de Junta e Assembleia municipal

É meu entendimento que os presidentes de junta de freguesia não deveriam ser membros da assembleia municipal. Este órgão, intrinsecamente deliberativo, não deveria englobar elementos de cariz marcadamente executivo como são os presidentes de junta.

Tal acumulação (função executiva e deliberativa). poderá dar azo a certa promiscuidade. Imagine-se (por analogia) o papel de um secretário de Estado numa Assembleia Legislativa.
É, poderá ser, factor de menor isenção e de interesse.
Além do mais acresce o facto de o próprio Executivo municipal poder exercer retaliação sobre membros da assembleia municipal (P de J) que não votem favoravelmente os planos de actividades e orçamentos propostos pelo executivo.
Têm-se visto situações caricatas em que os presidentes são marginalizados ao criticarem executivos municipais (e não deveriam sê-lo pois estamos num país onde impera a liberdade de opinião...) e, pior que tudo, serem aliciados a mudarem de «camisola» (a favor do executivo que lidera maioritariamente a câmara municipal) a troco de melhores condições (ajudas) para o exercício do seu cargo...

Isto é vulgar seja qual for o partido dominante. Falo em sentido geral e não casuisticamente.
Ora, sendo isto uma hipótese que todos os de boa fé e recta intenção constatámos, o querer perpetuar a situação (como parece ser intenção do PSD) é sancionar o arbítrio, é pactuar com certo populismo chantagista, é não dignificar um projecto saudavelmente democrático...

O país precisa de democracia e de transparência. Este PSD, de Luís Filipe Menezes (e seus acólitos mais fiéis...) mais parece empenhado em cultivar a opacidade e o arbítrio do que em regenerar o regime.

A questão das quotas dos militantes é apenas uma amostra. O PSD poderá ser o PQP!
E porquê?!

Ao abdicar do pagamento de quotas os militantes deixarão de ter moral para falar. Serão apenas e cada vez mais figuras decorativas. Os verdadeiros mandantes serão os tais «mecenas» que financiarão o PQP (Partido das Quotas Pagas).

Porta aberta para a lavagem de dinheiros sujos?

Claro que sim. Rui Rio tem carradas de razão neste domínio. A continuar neste caminho, Menezes não será mais que um «pobre» ventríluquo nas mão de «traficantes de influências»...

O tempo dos políticos marionetas continuará a parir exemplares como PC Farias e Color de Mello

É triste dizê-lo mas o PSD actual continua órfão. Órfão de liderança credível...

quarta-feira, março 19, 2008

Dia do Pai

Meu Pai!

Já partiste, já deixaste o nosso convívio, mas o teu exemplo perdura, a tua capacidade de sacrifíco, o teu empenhamento total pela família ficou indelevelmente gravado nos nossos corações.

Uma vida quase espartana, um mouro de trabalho, uma vida inteira dedicada à actividade agrícola, sem férias, sem devaneios convivenciais, sem luxos, sem ostentações.

Hoje em dia quando o deus consumo dá largas às sua euforia, e tem adeptos em todos os segmentos da sociedade, há que olhar para todos os nossos antepassados que contribuiram com o seu esforço, a sua inteligência, a sua imaginação, o seu espírito crtiativo, para que as conquistas da civilização possam ser usufruídas por todos, e saibamos ser gratos.

Que haja um pouco mais de equidade na partilha dos bens que a sociedade proporciona, é o anseio de todo o cidadão bem formado. A justiça social é um combate permanente.

Tu, meu pai, foste um exemplo de sobriedade, de austeridade plenamente assumida e plenamente concretizada no teu quotidiano. Que os luxos sumptuários que são a imagem de marca de uma nova geração, ou o hedonismo desbragado, sem norte, sem balizas morais ou éticas, se curvem perante a tua memória e a memória de todos aqueles pais que se sacrificaram para além dos limites, que foram paradigmas morais e cívicos por excelência.

Que a nova geração (que alguns apodam de rasca...) saiba construír e não destruír, saiba ser solidária e tenha no seu horizonte a alma pura e desinteressada de quem quer caminhar convictamente na estrada da rectidão e da simplicidade.

O fausto, o mundanismo estulto, a ânsia de enriquecimento e de poder a todo o transe, sem regras, sem peias, que olhem para os nossos antepassados que foram exemplos a seguir e meditem . Viver sim, mas com dignidade, aproveitando as coisas simples e honestas da vida, e sabendo fazer delas um hino à família, são as metas que procuro almejar. Nada mais.

terça-feira, março 18, 2008

Rodrigues Maximiano

Aos 71 anos faleceu aquele que foi um dos mais prestigiadods magistrados do Ministério Público. Notabilizou-se sobretudo pelo caso FP-25 de Abril (e fax de Macau...), sendo um dos responsáveis pelo desmantelamento dessa organização que tentava ser uma espécie de Estado dentro do próprio Estado.

Organização terrorista, acobertada pelo manto diáfano do 25 de Abril, procurou retirar ao Estado
as suas defesas, minando os tribunais e exercendo coacção e chantagem de toda a ordem.

Quando hoje em dia vemos emergirem situações de índole mafiosa, perseguições e chantagens sobre magistrados (com certa imprensa a dar ênfase aos condottieri da nova vaga...) é caso para lamentarmos ainda mais a perda de um vulto desta envergadura.

Dirigentes do desporto e da política mais parecem saídos de filmes de Visconti ou terem tido as suas origens na Calábria, temos que estar atentos e vigilantes pois o cenário é pouco animador. O 25 de Abril está bem longe, a democracia está uma caricatura, o próprio regime perdeu o norte, há que olhar para este Homem e apontá-lo como exemplo. Quando vemos paradigmas que mais parecem corleones da Ribeira, a serem alvo das maiores idolatrias, dos mais exacerbados encómios, das manifestações mais populistas, é preciso meter a mão na consciência e saber qual a causa das coisas...

Que o exemplo de Rodrigues Maximiano frutifique, que o seu contributo para a edificação de uma democracia autêntica nunca seja esquecido pelos vindouros!

domingo, março 16, 2008

A verdade desportiva! nua e crua!




A bola e a mulher são imagens de marca bem apelativas!
A Verdade Desportiva dá a sua primeira entrevista!...
Depois desta entrevista o País jamais será o mesmo!!!
Foi em pleno relvado do estádio dos Arcos em Vila do Conde. Com domínio de bola perfeito, técnica muito acima da mediania, ela exercitava-se com a bola de futebol. Linda de morrer. A entrevista, rigoroso exclusivo, é fruto de prolongadas negociações envolvendo muita gente influente. Mas, sem grandes preliminares, aqui vai o diálogo:
R - Então dona Verdade Desportiva que tem para nos dizer?
V.D.- Olha rouxinol, isto está muito mau, cá em Portugal. Sou expulsa de todo o lado. A minha rival (dona corrupção) tem muito mais acolhimento...
R- Porque será?
VD - Ela tem outros atractivos, é mais venal e mais fácil... enfim, leva a vida numa boa e todos a querem..
R- Conte-me algumas das suas desventuras...
VD- Olha, ando a escrever um livro onde vou relatar tudo sobre o futebol, desde as arbitragens, passando pelas viagens, pelos convites, pelas agressões, pelas ofertas tentadoras, etc..
R- Já tem título?
VD- Sim, sim. Será «A Verdade Desportiva, como nunca a viu!» Eu estarei toda nua na capa, com umas faixas a tapar as vergonhas. Na zona da púbis uma faixa dirá: «futebol, floresta de enganos...», na zona láctea, mais acima, outra faixa dirá: «a mama acabou!»
R - Será bombástico o livro?
VD- Olha rouxinol, tem lá um capítulo de grande alcance científico... Trata-se da adaptação da teoria de Pavlov à arbitragem...
R- Mas, esse não tratava de cães e de secreções gástricas ao toque de uma sineta?
VD- Claro que sim. Este caso é mais sofisticado. Um grupo de árbitros foi convidado para ir ao Japão a um congresso, coisa fina e muito rendosa. Mas quem fez o convite, um tal «barbas», fê-lo na véspera de jogos em que a sua equipa defrontava os «grandes»... é claro que isso condicionou a sua actuação no dia seguinte. Estás a ver, eles não queriam parecer ingratos...
R- Resultado disso tudo?
VD- Olha, o «barbas» conseguiu que a sua equipa fosse «grande» e campeã nacional. Era só porradinha e antijogo, mas os árbitros, «respeitosos», faziam vista grossa e deu no que deu... Um deles, que escreve num jornal desportivo, e que teve uma carreira coroada de êxitos, continua muito respeitoso até nos comentários. Dizia ele há dias que isto do «apito dourado» não passava de uma cabala montada por invejosos ressabiados para acabar com as carreiras de pessoas com um nível de inteligência e de ambição muito superior ao comum dos cidadãos. Logo, tudo não passava de uma grosseira mentira e de um logro.
R- Esse tipo é pouco apreciador dos teu dotes?
VD- Ele gosta de mulheres mas acha-me demasiado transparente... Prefere-as mais promíscuas... mais café com leite...
R- Olha, querida, tu não tens gente de respeito aí nos meandros do futebol?
VD- Contam-se pelos dedos. Mas têm tanto medo dos da camarilha do «barbas» que se afastam de mim a sete pés...
R- Mas é só o «barbas» que decide nessse meio?
VD- Não, há também o «padre das Antas» que tem uma palavra a dizer. Lembras-te do caso do guarda Abel, na agressão ao Jorge de Brito? Quando o vice-presidente (JGA) perguntou quem era o responsável por aquilo, ele disse:«cumpro ordens superiores!»
R- Esse padre não andou no seminário? Não sabe que é pecado mandar bater?
VD- Já houve quem lhe chamasse o João Seminário, um tal que fez um «golpe de estádio», mas se não se punha à tabela também levava! Ele tem jagunços por todo o lado: nos jornais, nas TV's, no parlamento, na moda, na literatura, na prostituição, na política... tem tudo na mão!
R- E não há quem lhe ponha a mão!?
VD- Não, não. Ele protege-se. Tem gente da alta que usa golpes baixos. Gente fina que usa métodos grosseiros para intimidar, chantagear, enfim, coisas da bola... Nem sonhas, rouxinol!
R- Isto não terá solução? Vai ser sempre assim! É mais um fatalismo tão genuinamente lusíada?
VD- Tenho cá a impressão que algo vai mudar. A minha amiga Mizé e o chefe dela, um tal Papa Mike, estão na disposição de fazer uma monda a certas ervas daninhas... mas...
VD- Mas... «há sempre alguém que resiste!» como diz um conhecido poeta. Há gente capaz de tudo. Mesmo as evidências sendo flagrantes ainda há quem tenha medo, tenha receio de sofrer retaliações, enfim, anda tudo com o rabo entre as pernas. É um país de bananas!
R- Andas desiludida VD?
VD. - Claro, pudera, ver o meu país ser assim palco de tanta pouca vergonha... já pensei em emigrar para Itália... mas falaram-me na Cosa Nostra e na Camorra e fiquei logo de pé atrás. Qualquer dia serei como aquelas espécies em vias de extinção...
R- Querida, tens razão. Nem em Itália se pode estar. Talvez no Vaticano!
VD- Nem me fales nisso. Tem lá o banco Ambrosino, tem lá o perfume de uma rosa qualquer que não cheira muito bem. Prefiro a rosa nacional, a Rosa Mota... essa sim, punha isto direito!

sábado, março 15, 2008

Reserva prudencial de Sócrates.

Menezes veio à liça pedir baixa de impostos. Fez o seu papel. Sócrates alegou ser cedo demais face aos sinais de recuperação económica e atentas as condições de imprevisibilidade de certos parâmetros, entendeu ser mais prudente aguardar.

Ora, nestas circunstâncias, há que atender à chamada condição coeteris paribus. Que diz ela?
Quando se elabora uma análise económica, num dado lapso de tempo, entra-se em conta com parâmetros fundamentais pressupondo que os parâmetros secundários (aparentemente menos relevantes...) se manterão estáveis ao longo do período em análise.

Ora, por vezes, constata-se que esses parâmetros secundários assumem relevância inesperada e flutuam de forma errática causando situações de pouco rigor. Ou seja, factores como o preço do petróleo, a taxa de juro, epidemias (nos animais ou nos humanos...), calamidades (cheias, incêndios, sismos), guerras, crises profundas em certas economias - podem gerar efeitos inesperados estilo dominó - e desencadear processos de desagregação do tecido económico.

Sócrates está atento e entende ainda ser cedo para baixar a carga fiscal (assaz elevada atendendo à vizinha Espanha, por exemplo), mas, se as condições objectivas assim o justificarem tomará a decisão mais justa em tempo oportuno. É óbvio que se o fizer na véspera das eleições arcará com o labéu de oportunismo...

Enfim, estar na oposição e pedir coisas é positivo, contudo quem está no comando da nau terá que saber dosear os esforços, terá que resguardar-se para maus ventos, enfim, ter uma almofada protectora para eventuais escolhos... Se a audácia é boa, a prudência é a mãe de todas as virtudes.

sexta-feira, março 14, 2008

Alienação informativa... TV sobretudo...

As nossas televisões, com a ânsia de captar audiências, são capazes de tudo. Os noticiários arrastam-se de forma ridícula com apartes que deveriam ser alvo de tratamento especial e não incluídos no panorama global de noticiários.

Coisas ridículas a roçar o caricato e o anedótico têm lugar de destaque para chamar a atenção ao estilo dos tabloides ingleses...

É triste mas é verdade! As TV's, sobretudo estas, descem ao caricato, ao grotesco mesmo, para captarem audiências, chamarem a atenção para coisas quase irrelevantes mas capazes de suscitarem atenções patológicas.

Deveria haver mais respeito pelos espectadores, mais comedimento, mais recato.

Enfim, casos que se arrastam de forma doentia, sempre a serviram de «âncora» para atraír incautos, qual isco tentador para o peixe entontecido...

Novos pecados. A igreja sempre atrasada...




Bento XVI sempre atento ao fenómeno da globalização actualizou
o cardápio dos pecados...
Este tem o olhar focado na «floresta da Amazónia»...
Esta não pratica o pecado da gula!
Já não era sem tempo. Tantas figuras ilustres referindo os atentados ao meio ambiente como pecados capitais da humanidade e nem uma palavrinha da Igreja! A desflorestação da Amazónia, o aquecimento global provocado pelos gases poluentes, a poluição dos mares, dos rios, das fontes, tudo já consta do cardápio! Mais vale tarde do que nunca. Os que pecaram estão «absolvidos» pois não constavam da lista. Agora a coisa fia mais fino!...
Era bom que os padres meditassem nisso. Antes de abençoarem candidatos autárquicos era melhor saber os seus pecados de gestão, as suas culpas no cartório no tocante a salmonelas, legionellas, coliformes fecais e coisas afins. Agora é a sério e a doer. Quem apoia o aborto, quem não combate o flagelo da droga, quem não denuncia a exploração sexual da mulher, quem não denuncia a exploração de trabalhadores, a discrepância na distribuição de riquezas, é formalmente pecador.
Pecados de corrupção e tráfico de influências geradores de injustiças flagrantes estão aí na ordem do dia e na agenda dos párocos para serem alvo de denúncia nas homilias, nos sermões, nos artigos de opinião nos jornais. Será que vão fazê-lo?
O Jornal da Madeira será que vai fazê-lo? Irá denunciar aquilo em que está envolvido até ao âmago?
Creio bem que não o fará. Seria uma «ingratidão»...

quinta-feira, março 13, 2008

O Monstro que aterroriza Portugal inteiro!!!




O fogo é terrível. Anda por aí oculto, muitas vezes provocado por pirómanos.  Não surge só ne verão. Há que cuidar das matas. Há que ser prudente. Antes do verão limpar as matas é um imperativo moral e cívico.

Clima de terror!!!

Santana Lopes regressou! vê nuvens de terror no horizonte!!!
O Dr Santana Lopes vê «terror robespierreano» dentro do PSD! Não sou conhecedor da matéria, mas penso que dentro das categorias de terrores este deve estar no topo da lista! Cruzes, canhoto!..
E porquê?
Porque alguns militantes criticam a actuação do líder. Ele, fiel guardião, arreganha a dentuça ameaçadora e prepara as hostes para o combate iminente!
Estratégia de hipervitimização tal qual fez Menezes na campanha que o alçapremou ao topo, para amedrontar as bases timoratas e criar união. «Terror robespierreano», nem mais.
Velhos gritos como «vem aí o lobo», ou «cuidado que os do continente querem roubar a autonomia», aí estão com nova roupagem, nova imagem, para impressionar incautos, amedrontar timoratos, arrebanhar cumplicidades para a cruzada que se avizinha: impôr a lei da rolha no PSD!
Quem verberou na praça pública tudo e todos, com linguagem achincalhante (M Mendes não tinha «estatura», não tinha dimensão, Cavaco era o que era, Barroso era um sulista elitista) vem agora exigir estatuto de vestal imaculada. A intocabilidade, a infalibilidade papal se calhar virá também!...
Pobre pátria esta, que tais abencerragens vai parindo, colocando-as mesmo nos lugares cimeiros para que sejam visíveis e não passem despercebidas. Grotesco, patético, anedótico!
Já lá dizia a minha tia com a sua sabedoria: «os espantalhos devem ser colocados bem alto, para amedrontar os pardais!»...
Ai rouxinol, rouxinol, a falar assim nunca terás um lugar ao sol!...

Os líderes e... as melancias!...


O Dr Orlando Taipa, insigne social-democrata vilacondense, costumava dizer: «um líder só se vê quando se expõe, quando se abre, é como uma melancia!...»
De facto, ao ver o comportamento actual de Filipe Menezes, não posso deixar de recordar tal comentário. Será que pretende o blackout? Será que, é com este comportamento censório e ostensivamente salazaróide, que pretende dar uma imagem de um futuro primeiro-ministro liberal, democrata e dialogante?
É óbvio que ao ouvir os recentes comentários de Rui Rio e de António Capucho, não posso deixar de recordar Orlando Taipa e a sua judiciosa análise. Dizer que a partir de agora não haverá liberdade para comentários públicos, não haverá liberdade para o criticar, sabendo-se o seu comportamento anterior, nomeadamente contra Marques Mendes, é algo de preocupante para todos os portugueses. Ele não tem sentido de Estado nem tem dimensão de líder democrático.
É de facto um problema para todos os sociais-democratas. Qual a solução?
É óbvio que acabar com o problema.
Em democracia os partidos são imprescindíveis. O seu estado de saúde reflecte o estado de saúde da própria democracia. É uma preocupação para todos o saber-se que o PSD está na iminência de um blackout total. É o regresso da noite salazarenta?!
O país olha para nomes como Marques Mendes, António Capucho, Rui Rio, Aguiar Branco, Pacheco Pereira e outros, interrogando-se como foi possível caír em mãos tão precárias, como foi possível desagregar-se de forma tão repentina, dando uma imagem de autismo, de cegueira, de falta de democracia?
Que fazer?!
Ainda haverá gente da estirpe de Orlando Taipa no PSD?!

quarta-feira, março 12, 2008

A regra & a excepção. Os interesses...


Em tempos não muito longínquos a comunicação social noticou o caso de uma equipa de médicos do hospital Pedro Hispano que deliberou abdicar do seu carro de serviço para poder adquirir material cirúrgico (?) necessário para melhor satisfação dos utentes. Uma honrosa excepção que vai contra a regra geral. E o que é esta regra?
É o pendurar-se nos cargos e nas mordomias inerentes a todo o custo. Sem olhar a meios, sem contenção nos luxos, mesmo sabendo-se o clima de austeridade que se vive no país. É um fartar vilanagem, e não podemos apontar o dedo a um só partido: são todos. É uma «mamadeira» generalizada. Câmaras, Banco de Portugal, governo, hospitais e outras instituições similares...
Não há exemplos, não há contenção nos gastos, não há respeito pelo sacrifício colectivo. Era bom haver um pouco mais de parcimónia, de travão no despesismo galopante. É a equidade que está em causa. É a seriedade e bom nome das instituições.
Trabalhadores sem salários (ou com eles em atraso) e patrões ostentando elevados níveis de vida, piscinas, farta criadagem, sem respeito pelos que sofrem.
O governo deveria ser mais exigente e dar exemplos nesta matéria. Em vez de contratar uma agência de propaganda (eufemisticamente dá-se outro nome...) era melhor propagandear com exemplos vivos. Em vez de discursatas sem fim nos media, era melhor apresentar dados concretos sobre reduções de valor na frota automóvel, nos gastos com telemóveis, com assessorias inúteis e de contornos clientelares...
O caso do hospital Pedro Hispano foi uma ilhota isolada no oceano de despesismo sumptuário que mais parece um tsunami...

O País se curva à sua memória.


Terminou maratona cultural
E no pódio ficou, manter-se-á;
Cortou a meta, meta terminal,
Perdeu a vida, sempre viverá.
Joel Serrão deixou várias lições:
Saber, sentir, amar e resistir
Ao arbítrio canalha, aos grilhões
De um poder que teimava em oprimir.
Na memória futura brilhará
Com rasto luminoso, fulgurante,
Cidadão do civismo militante.
Professor renomado, vigilante,
Como hoje em dia poucos haverá
No sacrário do tempo ficará.
Nota: Era um historiador multifacetado. Cidadão acima da mediania, com estrutura mental e cívica, com maturidade e paixão por Portugal e pelos portugueses, é daqueles que se vão da lei da morte libertando, como diria o épico.
Hoje em dia, quando vemos tantos «tigres de papel» a enfastiarem com banalidades o imaginário colectivo de todos nós, mas sem nada de construtivo, de perene, ergo a minha voz contra o silêncio reinante. A mediocridade assentou arraiais neste lusitano rincão. Daí o seu silêncio.

terça-feira, março 11, 2008

Camões, 500 anos depois, está na moda...

Camões, o grande bardo, continua actual apesar do distanciamento temporal. Os maus estão aí, cada vez mais ricos, mais prepotentes, mais protegidos pela dona fortuna...






Camões tinha razão. Tanta injustiça temos,
Os maus, à tripa forra vão gozando a vida,
Protegidos da sorte, Deus lhes dá guarida.
Os bons? Ostracizados, perseguidos, vemos.


Não há lei que proteja os bons, os justos, não!
Só protege os vilões, os salafrários, vis;
Sina de Portugal, mal desta grei, que quis
Dar ao mundo lições, sem ter moral, razão...


Ser justo é, à partida, ter destino feio,
Condenado a sofrer perseguições;
Tinha razão o bardo, tinha mil razões,
Era assim no seu tempo, como é hoje, creio.




«Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E, para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, fui castigado,
Assim que, só para mim,
Anda o mundo concertado.»




Camões, se hoje estivesse por cá, ao ver as mordomias de alguns nababos, ao assistir a autênticos esbulhos ao erário público, a coberto de uma lei iníqua, permissiva, e ela própria indutora de corrupção, que diria? Que comentários faria àqueles que constantemente apoiam esta cleptocracia «legalizada» e também vampirizam o sistema? que diria do lambebotismo reinante? que nomes chamaria aos «padrinhos» e aos «afilhados»?

Enfim, iria parar a tribunal e escrever uns sonetos para a prisão. Quinhentos anos depois a trampa é pior. As moscas não mudaram nada. A choldra continua. Quem disser a verdade, nua e crua, é «invejoso», «maledicente», quiçá «esquizofrénico», talvez «inadaptado», quem sabe se «anti-social», «marginal» ou coisa similar?!...

Será que a Resignação, a Fatalidade, a Subserviência são as deusas causadoras de tudo isto?

Se são, temos que chamar o fero Marte para as pôr na ordem.


Ai Camões, Camões, este país de ladrões pune os bons e lambe botas aos cabrões!

Aquele golo... de sonho!


Um toque de calcanhar
desmarcação num instante
só foi preciso encostar
e foi golo fulgurante
a defesa era impossível
aquela simulação
golpe de rins incrível
gerou estupefacção
pregou toda a gente ao chão
presa por cola invisível
na bancada era a emoção
até aí impassível
aquela gente gritou
num orgasmo colectivo
e a vitória festejou
naquele dia festivo
enfim, coroa de glória
culminar de uma carreira
suprema e feliz vitória
a vitória derradeira...
então, forte dor senti
tudo estava terminado
da cama... então eu caí!
o... sonho tinha acabado!!!

segunda-feira, março 10, 2008

Vila do Conde, oásis-princesa!


Manuela Azevedo: o futuro sempre presente. «A Voz» de Portugal através da sua simpatia, da sua classe, do seu talento...





José Régio: o passado sempre recordado...


Vila do Conde encantada
Oásis à beira-mar
Princesa tão bem-amada
Rincão multi-secular!
O sol a beija de dia,
Oh! paixão incandescente
E a lua, tão luzidia,
À noite o faz igualmente...
O tempo passa por ela
Renovando o seu perfil
Deixa-a cada vez mais bela
Princesa de encantos mil!
Passa o tempo a fazer renda
De bilros, é tradição,
Vila do Conde é uma prenda
Que nos enche o coração.
No São João tem mais graça
O santo até coça a fronte
Quer bater palmas à Praça
Mas... sabe-se que é fã... do Monte!
A terra tem mais encanto
No verão, co'os emigrantes
É vê-los por todo o canto
Bem dispostos, bem falantes!
A monumentalidade
Dá-lhe ar bíblico, profético;
ADN da cidade
Seu património genético!
Tem fascínio, sortilégio,
Esta terra faz inveja...
Sempre que recorda o Régio
A saudade lacrimeja...
Esta terra imorredoira
Tem carisma, tem cultura
Bom futuro se lhe agoira
Mantendo a digna postura...

domingo, março 09, 2008

Ter carácter!

É preciso dizer a verdade mesmo que isso doa a alguns. Em democracia não há vacas sagradas...




A recente manifestação feita por alguns desordeiros à entrada de uma reunião do PS em Chaves vem chamar a atenção para práticas que já se pensavam erradicadas.
Foram os cercos ao Palácio de Cristal (comício do CDS), os assaltos a partidos conotados com a direita e outras tropelias do género que estiveram na génese do 11 de Março de 1975. Spínola e seus apaniguados tentaram derrubar o regime. Era um golpe que se antevia sangrento e possível gerador de uma guerra civil. Ainda bem que foi jugulado.

Não obstante, as sementes de violência e de truculência sectária estavam lançadas. O «assalto» à Rádio Renascença e ao jornal República foram marcas indeléveis, que jamais podem ser olvidadas por quem viveu com paixão o processo democrático.
Álvaro Cunhal em entrevista concedida a Oriana Fallaci declarou que queria implantar uma ditadura do proletariado. Era a tomada do poder pela violência, pela força das armas. Apesar de ter negado (mas a gravação provava que mentia...) as pessoas aperceberam-se da sua actuação dúplice: dizendo que respeitava o processo de democracia representativa mas, na prática, destruindo tudo e todos os que se opusessem ao seu hegemonismo de feição totalitária!

Agora vêm alguns invocar o passado anti-fascista de Cunhal. Esse passado é respeitável, sim senhor, mas não pode servir de branqueador para certos excessos por ele cometidos.

É pena que Luiz Filipe Menezes não tenha verberado as atitudes dos energúmenos que tentaram impedir a reunião socialista. Será que incentivou tais manifestações? Não me admiraria nada...

Augusto Santos Silva, honra lhe seja feita, deu provas de carácter e de honra ao criticar aqueles que tentaram destruír a democracia na sua génese. Não meteu a cabeça na areia e fez um paralelismo oportuno. Menezes não foi solidário como deveria sê-lo. Era o mínimo que se lhe exigiria.

Mais uma vez o seu populismo se sobrepôs ao seu sentido de Estado. Começa a cavar a sua própria sepultura... queixa-se de alguns «abutres», mas o que foi ele para Marques Mendes?
Um super-abutre!!!

Em redor das FARC...


Hugo Chavez acusado de financiar as FARC, será verdade?
Será que o TPI se irá debruçar sobre esta hipótese?
O triângulo Venezuela, Equador e Colômbia vive sob o espectro de uma guerra iminente. A paz aparentemente foi conseguida graças a um aperto de mão entre os presidentes do Equador e da Colômbia, contudo, a problemática geoestratégica nesse específico contexto está em permanente alerta e gerará focos de belicismo embora de forma intermitente.
O narcotráfico e os raptos são as actividades deste grupo que se diz libertador mas que não passa de uma organização terrorista pura e dura. O mundo interroga-se como é possível sobreviver. A resposta é óbvia: tem a cumplicidade tácita dos governos do Equador e da Venezuela.
Chavez embandeirando agora a espada do já caduco internacionalismo proletário de feição cubana quer afirmar-se como um líder multinacional, uma espécie de napoleão sul-americano, um herdeiro de Castro na luta contra o imperialismo ianque. Mas tem sido tão boçal, tão ingénuo, que tem deitado tudo a perder com os seus excessos, as suas boutades impregnadas de ódio visceral a tudo o que é americano e até espanhol (veja-se as ameaças às empresas espanholas por causa do puxão de orelhas dado pelo rei Juan Carlos...), querendo perpetuar-se no poder mas não sabendo usar o dinheiro do petróleo como deveria ser feito por um líder defensor do povo e não um populista enfadonho como o é de facto.
Não irá longe, não deixará de caír com estrondo do palanque do poder. Esta ponta do véu, relacionando-o ao financiamento do terrorismo , poderá, a médio prazo, levá-lo a um destino similar ao de Saddam. O tempo, esse juiz implacável, mais tarde ou mais cedo irá fazer o seu papel... e ditar a sentença.

sábado, março 08, 2008

Dia Internacional da Mulher




Ingrid Bettencourt e Benahzir Butho
duas mártires que todos veneramos neste dia
em que a mulher é ainda mais respeitada...
Mulher-mãe, mulher-mar,
lágrima furtiva, sal-saudade,
mulher-floresta, pura e virginal
natureza encantada, exemplar
mulher-paixão, feminilidade,
oásis de ternura sensual
rio caudaloso, torrente milenar
mulher-sabedoria, mulher simplicidade
perfume eterno, intemporal,
a ti me vou curvar
pestar homenagem, solidariedade,
tu és o verbo: verbo amar!

Azeiteirocracia, império da estupidez crassa!

Este é o bem conhecido «Azeiteiro», sempre de fato aprumado... mesmo nas horas de lazer...








Ai se a estupidez pagasse
imposto nesta terrinha
é crível que terminasse
o défice, essa coisinha
que nos faz tanto penar
alguns, apertar o cinto
p'ra que possam esbanjar
alguns «canídeos», não minto,
mastins de dente afiado
p'ra abocanhar uns tachinhos,
mastins de fato aprumado,
mas, de facto, pobrezinhos
a defender a verdade,
de facto, pobres de ideias,
ricos, na venalidade,
nos tentáculos, nas teias
de servil cumplicidade
na arrogância pesporrente
no grau de promiscuidade
tão óbvia, tão evidente,
que provoca hilariedade
em quem tem no pundonor
um ideal a cumprir
tendo por meta o rigor
desiderato a seguir
respeitanho a higiene
padrão de comportamento,
um compromisso solene,
um público juramento
de respeito popular
nesta mui nobre república
onde há que salvaguardar
esse bem: saúde pública!

Estranhas sinas...




A natureza capricha em certas similitudes...
Sina da varzim lazer
de palha ter alguns rabos
e também verbos de encher
oliveiras que são nabos
nabos que são intragáveis
em caldo bacteriano
legionellas infectáveis
num perfil hitleriano
mediocratas sem perfil
no jacuzzi do poder
tontices, pulhices mil
que nem dá p'ra descrever
cretina argumentação
que esta gentalha fenece:
é sempre da oposição
a culpa do que acontece
promiscuidade a reinar
neste império de madraços
favosas mentes, sem ar,
só... topete de palhaços!

sexta-feira, março 07, 2008

A FUNÇÃO PRESIDENCIAL


O presidente da República tem um papel de supervisão que importa enaltecer, mas pode pecar por acção ou omissão. Pode fazê-lo quando não age perante situações de flagrante violação e de sistemática obstrução ao regular funcionamento das instituições.

Poder-se-á dizer que ele não pode intervir na área governativa, daí o seu silêncio. Ele deve respeitar o princípio da separação dos poderes, de facto.

Contudo, há factos por demais evidentes que necessitam de uma intervenção pedagógica, de uma magistratura de influência, de uma supervisão em sentido lato do termo.

Ele não pode vir para a praça pública criticar abertamente o governo, mas pode (e deve) fazê-lo em privado. Qualquer observador minimamente atento já se apercebeu de algo que mais tarde ou mais cedo poderá degenerar em conflito aberto, uma vez que ainda se encontra em fase larvar, embrionária.

Há uma criminalidade violenta muito óbvia neste momento na sociedade portuguesa. Há medidas que tardam e/ou pecam por defeito. O país está à espera de acções de fundo e não paliativos sem qualquer eficácia.

Como pano de fundo há um surdo conflito entre a PJ e a Procuradoria Geral da República que assume aspectos preocupantes, uma falta de articulação, uma conflitualidade latente embora não plenamente assumida. Não me engano muito se disser que mais tarde ou mais cedo essa situação irá degenerar em conflito aberto. Era bom uma actuação preventiva e profiláctica da parte do senhor presidente da República, ainda que em tom cordial e privado.

Há todo um rol de situações que indiciam certa «paz podre» que não são nada adequadas para a resolução dos graves problemas que afectam o país neste delicado domínio.

Espanha: a aposta certa!

Nisto Luis Filipe Menezes tem razão: há que incrementar as nossas relações com a vizinha Espanha pois ela é um parceiro estratégico por excelência e poderá ser no futuro uma alavanca económica de valor incalculável. Absorvendo já um caudal de investimentos e um exército de trabalhadores portugueses muito substanciais, a Espanha posiciona-se como o nosso parceiro estratégico de médio prazo.

Há que ter em conta esta realidade. Se a «Ibéria» com que sonha Saramago em termos políticos não é uma certeza, é-o a «Ibéria» do intercâmbio comercial, cultural e social. Há que aceitar esta realidade e atentar nas sinergias que ela pontencia e garante se os esforços de aproximação forem levados avante.

Ganhe Rajoy ou Zapatero há que apostar na Espanha com convicção. É a locomotiva que nos poderá arrastar, é a alavanca que nos poderá fazer ascender a um patamar mais elevado. Que os bons ventos tragam bons casamentos para o tecido socioeconómico, para o intercâmbio multidisciplinar que se vislumbra.

Menezes (convém recordar que é o líder de um movimento que congrega interesses no âmbito do Noroeste Peninsular) sabe disso e já afirmou publicamente que temos essa prioridade. Ele sabe que a política de costas voltadas não é boa conselheira.

Oxalá Sócrates, independentemente do vencedor do próximo acto eleitoral, possa caminhar no sentido de uma cada vez maior aproximação, de um remar conjunto, num cenário de agressividade no contexto europeu. Juntos seremos mais reivindicativos, mais audíveis no universo europeu.

quinta-feira, março 06, 2008

Avaliação de professores! Urgente!

Fui presidente de uma Associação de Pais e pude constatar que a par de excelentes profissionais da educação, também medram, paredes-meias, algumas excelências da mediocridade.
Há que separar o trigo do joio. Há que premiar quem trabalha, quem tem disponibilidade, quem de facto se preocupa com os alunos, dos outros, os madraços, os incompetentes, os que vivem à somra da bananeira chamada «sistema».

Esses, os que vegetam e parasitam o «sistema» é que têm medo de serem avaliados! Mas a avaliação é irreversível, não há «manifs» que a travem, doa a quem doer. Os pais, os alunos e os professores competentes e sérios exigem que se expurguem do «sistema» os apêndices medíocres, os tentáculos putrefactos do polvo da mediocridade.

É vê-los aí pela blogosfera dando erros de todo o tamanho, usando linguagem de carroceiro, fazendo apelo aos instintos mais primários, exibindo um despudor, um desbragamento de linguagem digno de um chulo da Ribeira (sem ofensa para estes profissionais... e para a terra onde proliferam como cogumelos em manhã submersa)... que de pouca-vergonha, que de histerismo, que de farsantes, que de histriões!

Quantas vezes confundem o à com o (dizendo : á professores, á tempos... )? E o erro é sistemático, não se trata de natural distracção! Já vi um, muito narciso, muito autoelogiante, dizer pretenção (é pretensão), escrever ascenção (é ascensão), confundir lapidação (que é referente aos diamantes ou à agressão à pedrada como referia a Bíblia às mulherres adúlteras...) com delapidação (sinónimo de esbanjamento, prodigalidade excessiva...), já vi usarem o termo fobia (medo) com o significado de paixão!...

Há de facto muita mediocridade no professorado. Eles, os mais honestos e conscientes, sabem-no, mas por questão de solidariedade corporativa procuram minimizar tal situação. Há casos que atingem as raias do patológico. É preciso fazer uma «monda» com urgência, são os nossos filhos, é a sociedade que o exige. É esta sociedade que se quer cada vez mais justa e mais equitativa que o impõe como imperativo moral, como paradigma social.

Quem teme a avaliação?

Os medíocres entrincheirados nalgum partido político mais protector, nalgum sindicato sempre ao lado de quem não tem habilitações mas procura singrar à custa da «chicoespertice»!

Basta de proteger este status quo aviltante !, basta de meter a cabeça na areia, basta de proteccionismos descabidos!

Avante, senhora ministra! Avante, senhores professores íntegros e competentes! Avante, camaradas, companheiros e companheiras de caminhada!

Como diria aquele anarca sempre bem disposto: «Viva a justa luta do... bicho da fruta

É preciso retirar as maçãs podres do meio das boas!

terça-feira, março 04, 2008

Sentido de Estado: o dilema de Menezes!


O presidente da República, como bom economista que é, sabe que não são greves ou manifs que vão resolver a reforma do Estado. É antes o compromisso, o empenho e a assumpção de elevado sentido de Estado pelos principais líderes partidários que hão-le levar o barco a bom porto.
O PR prometeu ordem e progresso, prometeu ser factor de coesão, ser uma fonte de progresso e não foco de contestação. Disse que eram precisas reformas para acabar com o défice patológico, era preciso «emagrecer» o Estado. Era preciso torná-lo mais eficaz, mais operativo, mais leve e menos despesista, menos burocrático, menos sorvedouro de dinheiros públicos.
Para atingir esse desiderato eram precisos compromissos tendentes a uma reforma estrutural e não apenas conjuntural, não paliativos toscos, não mezinhas caseiras, mas sim um tratamento de choque, uma terapia que fosse ao cerne do problema.
Isso, iria trazer algum desconforto, alguma contestação, alguma resistência à mudança. As causas do despesismo são «populistas», são muitas vezes focos de clientelismos e de mordomias.
Agora vemos o governo a tentar implementar essas mudanças que se impõem. Ouvimos Menezes a clamar por reformas a dizer que estaria disponível para «pactos». Contudo, ele também disse que iria estar contra o governo «de manhã», ao «meio-dia» e «à noite» (sic).
Qual se imporá agora: a vertente estadista ou a populista?
Será que lhe importa o reformismo do Estado em ordem a criar uma sociedade mais modernizada e com graus de prosperidade ao nível do norte da Europa ou, pelo contrário, lhe interessa o tremendismo, o populismo, o chantagismo de rua, que poderá trazer votos capitalizando o natural descontentamento que as reformas necessariamente acarretam?
Ter ou não duas duas sensibilidades, duas caras, eis a questão!
Ou vai em frente com o espírito reformista e poderá reivindicar os êxitos económicos em paralelo com o governo, na próxima campanha, ou então aliar-se-á ao coro da oposição, mandando as reformas para as calendas e capitalizando os naturais desconfortos que um reforma autêntica sempre gera?
O PSD não pode ser como o tolo no meio da ponte. Ou, assumindo compromissos os leva até ao fim, ou então cai no desprestígio do lamaçal populista.
A reforma dos tribunais, com os custos («deslocalizações») inerentes, a reforma do ensino, com avaliações imprescindíveis, com ocupação lúdica e saudável dos tempos mortos com aulas de substituição, a reforma da saúde com custos e desconfortos para certos segmentos das populações, são matérias delicadas que exigem muita ponderação e entreajuda. O governo se quer apoio deverá dialogar em pé de igualdade e não «ex cathedra»...
Surge agora uma excelente oportunidade para o PR mostrar quão útil poderá ser neste cenário, nesta encruzilhada de interesses: chamar a si o papel de mediador, de charneira lúcida e clarividente chamando à respondsabilidade os dois prinicipais protagonistas, em ordem a se obter uma reforma digna, justa, minimizando os efeitos negativos e optimizando os positivos.
Não é fácil, mas é urgente pensar nisso. A bem do interesse nacional, do regular funcionamento das instituições, a bem da agilização económica. Não é com «manifs» por mais gigantescas que sejam que se vai melhorar o país. Não é com grevites agudas que se vai a lado algum.
O populismo poderá também ser castigado no julgamento eleitoral, se houver uma pedagogia e uma intervenção lúcida e clarividente do próprio PR neste domínio. Ele, como árbitro, poderá penalizar os infractores. Saber quem são, não parece difícil.
Isto de rasgar pactos com a mesma facilidade com que se muda de camisa já foi chão que deu uvas! o povo amadureceu e está atento. Os populistas de pacotilha não poderão eternamente manipular a opinião pública. Tudo tem limites.

segunda-feira, março 03, 2008

A Manifocracia!


Não sou professor, nada tenho a ver com o PS, acho que no ministério da educação há aspectos criticáveis e dignos de ponderação, mas daí até fazerem-se manifestações gigantescas por coisas de lana caprina vai uma distância muito grande.



Acho que a democracia pode ser desvirtuada por vários factores. A comunicação social, quando manipulada, pode ser uma força obstrutora, um pedregulho na engrenagem.

As manifs valem o que valem. Algumas justificar-se-ão, outras, não passam de formas de pressão sobre entidades públicas podendo estar inquinadas, à partida, pela ambição de poder, sendo armas de arremesso cuja legitimidade é susceptível de ser questionada.



Era uma noite de inverno e eu frequentava um curso nocturno de computadores, em Lisboa. As aulas começavam às nove da noite. Corria o ano de 1975, o tal do verão quente. Numa perpendicular à Av da República eu vi surgir ao longe uma grandiosa manifestação. Não recordo qual a motivação, qual o superior objectivo que a norteava. Eu e mais três ou quatro íamos comentando o desenrolar daquela gigantesca serpente humana. Talvez tivéssemos emitido algum sorriso ou alguma piada, não me recordo. O que sei é que, já próxima de nós, aquela mole imensa de mais de dez mil pessoas começou a aproximar-se cada vez mais. Como nós nos mantivéssemos no passeio (a aula começaria dali a pouco) começámos a ouvir uma palavra de ordem altamente intimidatória e (aparentemente) dirigida a nós. «É feio ficar no passeio!!!»
«É feio ficar no paseio!!! É feio ficar no passeio!!!»

Alguns dos meus colegas que tinham aula a seguir, intimidados pelo ambiente, começaram a engrossar aquele caudal humano, eu, pelo contrário, e nada tendo contra as motivações da manifestação, mas zelando pela minha integridade psíquica e pelo meu aprumo moral (muito embora arriscando a integridade física...) fiquei sozinho no passeio...

Surpresa das surpresas: um grupo, onde se destacava um indivíduo com tatuagens e ostentando um físico impressionante, veio direito a mim com ar inquisitivo indagando: «vocè está contra a manifestação, porquê?»

Fiquei perplexo! como era possível tal atitude, tal assomo de pouca-vergonha! a princípio pensei em explicar que tinha aulas dali a pouco e dizer a verdade. Mas não. Fiquei revoltado. Eu que era militar, que durante o dia defendia a liberdade e a democracia, estar ali confrontado com um bando, uma troupe de histriões, e ter que justificar os meus actos!!! Que canalhice!!! Virei-me para o tal líder do grupo e exclamei apenas: «estou a usufruír daquilo que ajudei a criar, sou militar e estou a observar a liberdade!»

Quando disse que era militar, ele reparou no meu cabelo curto, no meu ar jovem e interpelou: «se é militar é pela democracia e pela liberdade, não é?!»

Respondi secamente: «sou,. sou; mas quero ter a liberdade de escolher a manif antes de entrar nela!"

Entretanto, chegou perto de nós um militar que me conhecia e exclamou: «este é um poeta, deixa estar que deve estar a contemplar a lua!»

Todos sorrimos e a coisa ficou por ali. Mas jamais esqueci a ofensa, a atitude estalinista do «segurança» da manif, dos métodos totalitários que tentavam intimidar tudo e todos para ir na «enxurrada», na carneirada manifestante. Tinha estado nas comemorações do primeiro primeiro de Maio, num Estádio onde nem Mário Soares foi autorizado a subir ao palco pois era vaiado e considerado «fascista», não tendo conseguido discursar sequer.
Depois estive na manifestação da Fonte Luminosa onde se criticou a actuação hegemónica de Álvaro Cunhal tentando pôr em prática a ditadura do proletariado. Dera uma entrevista à jornalista Orianna Falaci (italiana) onde admitia estar a levar avante um projecto vanguardista de ditadura do proletariado, tendo negado mais tarde o teor da entrevista. Enfim, um autêntico manicómio esta «revolução» das manifs, esta ostentação de força à custa de papalvos metidos em camionetas em todo o Alentejo para inundar a capital e fazer valer a sua força. Ditadura do proletariado no seu expoente mais folclórico e excursionista...

Assim, não creio nas manifs e no seu substrato ideológico. É um direito, uma arma legítima, a exibição pública de alguma «indignação», mas, em certas circunstâncias, é um excesso de legítima defesa, uma arbitrariedade folclórica. É, na minha modesta opinião, este o caso face à ministra da educação.

«É feio ficar no passeio!» Mas eu fico. Sou livre, sou democrata, não sou um carneiro timorato...

domingo, março 02, 2008

Isenção, precisa-se!




Na minha opinião Cavaco Silva, o Supremo Magistrado da Nação, tem sido um símbolo de isenção e de aprumo.
Por outro lado, Alberto João Jardim tem primado pelo sectarismo, por ser cultor de um espírito corporativista elevado ao máximo expoente. Chegando ao extremo de pedir aos seus correligionários para serem uma «máfia», no sentido «bom» (sic) do termo!
O país precisa cada vez mais de árbitros íntegros e verticais. Pessoas isentas e lúcidas capazes de verem acima de um partido, de um clube de futebol, de uma seita qualquer.
No meu post anterior pus uma mulher com trela. Mas vemos amiúde homens com «trela»: no jornalismo, na polícia judiciária, na magistratura, nos campos de futebol, no professorado, nas paróquias...
É ver aquele jornalista que dirige uma TV no norte e passa a vida a perorar (no JN) contra os que criticam uma figura a que ele presta culto com a subserviência hierática de uma bacante inebriada pelos seus encantos, é ver aquele prelado que passa a vida a incensar os empresários corruptos e autarcas envoltos em mantos fumarentos de prevaricação flagrante, é ver aquele escritor que vai até ao equador da idolatria para colocar em pedestal doirado uma figura de proa a quem venera como se fora o bezerro de oiro mais luzidio...
Não falemos em árbitros que apreciam o «café com leite», qual doping anímico capaz de vergar consciências e fazer ajoelhar honorabilidades precárias, não falemos nos magistrados «capturados» por um poder local tentacular que se procura impor pelas mordomias que gera e pelas benesses que é capaz de engendrar com malabarismos de burocracia sedutora. Não, essas são velhacarias que abundam neste jardim à beira-mar implantado, carregado de «jardins» em tudo quanto é sítio...
Falemos na honra e no prestígio que é preciso exercitar para dar outra imagem a este país onde a opacidade ganhou carta de alforria, onde a falta de transparência é a mãe de todas as vigarices, onde o abuso de poder é o pai de muitos enriquecimentos ilícitos. Há magistrados que arquivam processos fazendo «vista grossa» a amigalhaços, há presidentes de câmara que aumentam as cérceas, agigantam volumetrias de forma subtil, a troco de umas prebendas por trás da cortina!
Há que rasgar essa cortina de opacidade e fazer surgir a luminosidade do sol da verdade e da transparência, há que zurzir nos autarcas videirinhos que prestam culto aos promotores imobiliários, que sucumbem aos encantos de um apartamento em local aprazível, de umas férias no Rio, ou de umas contas bancárias em Miami ou na Suíça.
Toda a gente se apercebe deste tráfico de influências descarado, mas tem medo de o admitir sequer. Os beneficiários dizem-se vítimas de suspeições malignas, de invejas mesquinhas, de raivas de ressabiados, de ódios de estimação. Mas sabemos que não é assim, sabemos que os fumos de corrupção indiciam labaredas de enriquecimentos ilegais. Por vezes usam «máscaras» para camuflar essas mordomias: é o sobrinho na Suíça, é o filho deficiente, é a neta , é o sogro, é todo um cortejo de cumplicidades que todos o sabemos, servem de poeira para lançar aos olhos, de tinta de polvo hábil na arte da fuga e da sonegação.
Quem é responsável por este estado de coisas? Não, não são só esses lacaios engravatados que engraxam e endeusam os que os trazem «atrelados», somos todos nós, os que, por medo, omissão, preguiça, pactuamos com este estado de coisas. Temos que ser árbitros atentos. Temos que «apitar» quando detectarmos essas penalidades que estão na base do empobrecimento colectivo e do enriquecimento abrupto de meia-dúzia.
Aqueles que dizem: «é deixá-los, desde que ao menos caia algum para mim!...» fazem-me lembrar os canídeos que rastejam na mesa do senhor à espera de algumas migalhas... e há tantos por aí!
Que haja árbitros isentos, íntegros, autênticos, e não prostitutas baratas ao serviço de um qualquer capone de trazer por casa. Que haja dignidade, lisura de processos, aprumo e rigor em todos os cargos que exigem especial cuidado: juízes, avaliadores judiciais, padres, bispos, escritores, jornalistas, professores, autarcas, enfim, pessoas que têm a responsabilidade de dirimir conflitos e arbitrarem situações de diversa índole.
O país precisa de árbitros isentos, honestos, íntegros. O que mais há é «advogados» sequiosos de poder, ávidos de protagonismos fáceis para saciarem gulas desmedidas...