domingo, março 02, 2008

Isenção, precisa-se!




Na minha opinião Cavaco Silva, o Supremo Magistrado da Nação, tem sido um símbolo de isenção e de aprumo.
Por outro lado, Alberto João Jardim tem primado pelo sectarismo, por ser cultor de um espírito corporativista elevado ao máximo expoente. Chegando ao extremo de pedir aos seus correligionários para serem uma «máfia», no sentido «bom» (sic) do termo!
O país precisa cada vez mais de árbitros íntegros e verticais. Pessoas isentas e lúcidas capazes de verem acima de um partido, de um clube de futebol, de uma seita qualquer.
No meu post anterior pus uma mulher com trela. Mas vemos amiúde homens com «trela»: no jornalismo, na polícia judiciária, na magistratura, nos campos de futebol, no professorado, nas paróquias...
É ver aquele jornalista que dirige uma TV no norte e passa a vida a perorar (no JN) contra os que criticam uma figura a que ele presta culto com a subserviência hierática de uma bacante inebriada pelos seus encantos, é ver aquele prelado que passa a vida a incensar os empresários corruptos e autarcas envoltos em mantos fumarentos de prevaricação flagrante, é ver aquele escritor que vai até ao equador da idolatria para colocar em pedestal doirado uma figura de proa a quem venera como se fora o bezerro de oiro mais luzidio...
Não falemos em árbitros que apreciam o «café com leite», qual doping anímico capaz de vergar consciências e fazer ajoelhar honorabilidades precárias, não falemos nos magistrados «capturados» por um poder local tentacular que se procura impor pelas mordomias que gera e pelas benesses que é capaz de engendrar com malabarismos de burocracia sedutora. Não, essas são velhacarias que abundam neste jardim à beira-mar implantado, carregado de «jardins» em tudo quanto é sítio...
Falemos na honra e no prestígio que é preciso exercitar para dar outra imagem a este país onde a opacidade ganhou carta de alforria, onde a falta de transparência é a mãe de todas as vigarices, onde o abuso de poder é o pai de muitos enriquecimentos ilícitos. Há magistrados que arquivam processos fazendo «vista grossa» a amigalhaços, há presidentes de câmara que aumentam as cérceas, agigantam volumetrias de forma subtil, a troco de umas prebendas por trás da cortina!
Há que rasgar essa cortina de opacidade e fazer surgir a luminosidade do sol da verdade e da transparência, há que zurzir nos autarcas videirinhos que prestam culto aos promotores imobiliários, que sucumbem aos encantos de um apartamento em local aprazível, de umas férias no Rio, ou de umas contas bancárias em Miami ou na Suíça.
Toda a gente se apercebe deste tráfico de influências descarado, mas tem medo de o admitir sequer. Os beneficiários dizem-se vítimas de suspeições malignas, de invejas mesquinhas, de raivas de ressabiados, de ódios de estimação. Mas sabemos que não é assim, sabemos que os fumos de corrupção indiciam labaredas de enriquecimentos ilegais. Por vezes usam «máscaras» para camuflar essas mordomias: é o sobrinho na Suíça, é o filho deficiente, é a neta , é o sogro, é todo um cortejo de cumplicidades que todos o sabemos, servem de poeira para lançar aos olhos, de tinta de polvo hábil na arte da fuga e da sonegação.
Quem é responsável por este estado de coisas? Não, não são só esses lacaios engravatados que engraxam e endeusam os que os trazem «atrelados», somos todos nós, os que, por medo, omissão, preguiça, pactuamos com este estado de coisas. Temos que ser árbitros atentos. Temos que «apitar» quando detectarmos essas penalidades que estão na base do empobrecimento colectivo e do enriquecimento abrupto de meia-dúzia.
Aqueles que dizem: «é deixá-los, desde que ao menos caia algum para mim!...» fazem-me lembrar os canídeos que rastejam na mesa do senhor à espera de algumas migalhas... e há tantos por aí!
Que haja árbitros isentos, íntegros, autênticos, e não prostitutas baratas ao serviço de um qualquer capone de trazer por casa. Que haja dignidade, lisura de processos, aprumo e rigor em todos os cargos que exigem especial cuidado: juízes, avaliadores judiciais, padres, bispos, escritores, jornalistas, professores, autarcas, enfim, pessoas que têm a responsabilidade de dirimir conflitos e arbitrarem situações de diversa índole.
O país precisa de árbitros isentos, honestos, íntegros. O que mais há é «advogados» sequiosos de poder, ávidos de protagonismos fáceis para saciarem gulas desmedidas...

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