quarta-feira, setembro 17, 2008

O novo regime!

O novo inquilino de Belém


A nova Ministra da justiça popular


Pensamento:

«O político corrupto vence tal como o atleta dopado: este defrauda a verdade desportiva, aquele faz batota eleitoral»

rouxinol de bernardim
(Continuação)
O novo regime tendo por pilar o partido regenerador elaborou uma nova constituição e elegeu um novo presidente da República. Era preciso destruír todos os resquícios de Abril. Todas as recordações de um passado que se queria o mais longe possível.
Eleito por esmagadora maioria Valentim Loureiro foi ocupar o palácio de Belém com o apoio de todos os regeneradores. Não era ele tão íntimo de Jardim, o saudoso mentor espiritual deste novel partido? Não tinha sido vítima do anterior regime?
Para que melhor se possa aquilatar do novo estado de espírito vigente, dos ventos ideológicos dominantes, ouça-se a nova ministra da justiça popular, no dia 13 de Maio de 2013 no Centro Cultural de Belém. Ela, Fátima Felgueiras, é a oradora convidada. Presentes: o presidente da República, Valentim Loureiro, o ministro da economia, Isaltino Morais, o ministro da Propaganda, Gomes da Silva, o secretário de estado da juventude, desporto e património moral, Ferreira Torres, dentre outras ilustres personagens.
Caros concidadãos:
Acabou-se a utopia abrilista que degenerou no abismo e no caos. A falta de qualidade dos políticos, como tantas vezes avisou o saudoso Dr Jardim, acabou no que todos nós sabemos. Aquela utopia igualitária, aquele espírito nivelador contra-natura acabou com aquele Portugal que todos ambicionáramos: grande, livre, popular.
Que importa que não se cumpram determinadas burocracias se o objectivo final (fazer e dar satisfação aos anseios populares) foi almejado? Já dizia o grande regenerador Nicolau Maquiavel que os fins é que importam não os meios. O nosso querido presidente tão vilipendiado no antigo regime é a imagem imaculada da alma do novo regime regenerador. Não mais abrilismos utópicos eivados de burocracias enfadonhas, de pruridos ideológicos, o que importa é o pragmatismo, a funcionalidade, a organização. Aqueles que tiveram a coragem de ultrapassar leis bloqueantes, normas castradoras para satisfazer os anseios das queridas populações, estão agora ao nosso lado, não os medíocres cumpridores da legalidade que nunca saíram da cepa torta. Recordo aqui um desabafo do meu amigo regenerador Macedo Vieira, que me dizia em termos de confidência:«quando violava aquelas leis enfadonhas e cerceadoras da liberdade, eu sentia-me como o pintainho a picar a casca do ovo para atingir a luz do sol!»Sublime, magistral, grandiloquente, digna de uma figura de Estado esta descrição de um autêntico regenerador, daqueles que no antigo regime nunca cederam a hipocrisias democráticas, a igualitarismos enfadonhos. É de homens desta cepa que o país precisa agora. Coragem, coragem de violar as leis e até perseguir os que são escravos delas, os que julgam que o legalismo é o pai de todas as virtudes esquecendo o pragmatismo!
Não mais Abril e os seus tormentos mil! não mais a defesa de igualitarismos forçados quando sabemos que a natureza não é igualitária. Que importa o enriquecimento desmedido de alguns se eles têm mérito, têm coragem? Há que premiar os fortes e castigar os fracos, é assim na natureza por que não na economia, na política? Há que deixar o mercado funcionar. Os que forem trucidados, o mal é deles, é a lei natural, a lei do mais forte. A lei da selecção natural. Desígnio de Deus. É assim com as empresas, com as pessoas, com os partidos. Quem se meter com o partido regenerador leva! não viram o que aconteceu ao poeta Manuel Alegre? Revoltou-se, foi preso. Prisão perpétua, é o seu fim! Alma de Abril, aquela criatura? Tal como Saramago, outro mentor daquelas tretas igualitárias, um pró-moscovita todo cheio de prosápia, péssimo fruto da péssima árvore de Abril! O seu nome será erradicado de ruas, bibliotecas, escolas!
Agora há que erigir uma nova cultura, um novo hino, pois já temos uma constituição pragmática e sem gongorismos aberrantes__ prometendo justiça para todos, saúde gratuita para todos, educação para todos! puras utopias! puras cegueiras demagógicas! como tanto almejava o nosso líder espiritual, Jardim. Há que regenerar Portugal de alto a baixo. Há que pôr o povo a julgar. Não mais juizes que eram comissários políticos ao serviço de clientelismos inconfessáveis! Agora sim ,os julgados populares, eleitos dentre as elites do partido regenerador, imbuídos de uma filosofia que visa os fins, uma ideologia teleológica, com eles sim, então será feita justiça popular na plena acepção. Eu, vítima do antigo regime, de uma justiça burocratizante e bloqueadora de iniciativas sadias, de empreendedorismos visando o bem, somente o bem, tenho moral para falar. Não mais burocracias emperrantes, não mais perseguições burocráticas feitas por juizes estúpidos e sem perfil regenerador. Agora sim, Portugal vai mudar.
Finalmente será cumprido o desejo desse homem de Estado tão bom, tão zelador da honra e do bom nome, tão grande na eloquência, tão magnânimo para com a Igreja e tão regenerador na sua linguagem tão simples, tão popular.

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