quinta-feira, setembro 11, 2008

E AGORA?!


Fátima Felgueiras ainda não foi condenada mas a coisa está preta!
A participação económica em negócios e algum comportamento considerado lesivo do erário público poderão levá-la a pena de prisão (o MP pede mais de quatro anos). Mesmo condenada poderá recorrer.
Contudo a gravidade do seu comportamento parece inquestionável.
Que dizer agora do comportamento do senhor bisbo do Porto (não o actual , D. Manuel Clemente...) que veio a terreiro (JN) defender a sua «dama» assegurando que eram apenas «vícios processuais»(sic!)? Manobra intimidatória sobre a justiça e pouco dignificante para um alto dignitário da I.C.
Na altura fiz uma exposição a João Paulo II em que verberava este gesto, pouco ético, nada prudente e susceptível de pôr em causa a própria Igreja.
Dizia eu que «em Portugal a Igreja foi vítima de certo anticlericalismo na I República por causa do seu passado sempre cheio de cumplicidades com a corrupção reinante nos tempos da última fase da monarquia. Saiba Vossa Eminência que um bispo não é um cidadão qualquer. Um jornal (com a dimensão de um Jornal de Notícias) não é uma sacristia. Se ele não sabe o que se passa não se deve pronunciar pois ao fazê-lo poderá (se ela for condenada...) pôr em xeque a imagem da Igreja. Que dirão os paroquianos se houver condenação?»
Agora, face ao iminente desfecho eu interrogo-me novamente: «Que dirão os paroquianos sobre a posição do seu bispo? Será que este comportamento não irá criar certa animosidade?»
Era bom que a IC não metesse a foice em seara alheia. Não é salutar ver padres em comissões de apoio eleitoral a autarcas, nem ouvi-los arengar ladainhas laudatórias em comícios.
Pedi então a João Paulo II que fosse criada uma Pastoral eleitoral, para que vinculasse todo o clero. Era mais justo, frisava eu, a Igreja concorrer a eleições ou até criar um partido político , do que estar a fazer política por interpostas entidades, por vezes mais sujas que pau de galinheiro...
A Igreja criou um canal de televisão. Socorreu-se de tantas boas vontades, tantas dádivas, e depois fez o que fez! Vendeu a capitais privados aquilo que deveria ter um fim exclusivamente religioso ou estar sob a sua égide.
Agora fazer política dando apoio expresso a autarcas e a governantes não fica bem. Tem direito a fazer opções, mas assim não.
Há muitas Fátimas Felgueiras por aí. O conceito de «saco azul» é muito lato: pode configurar um jornal, um clube, uma associação...
O que fez Jardim na Madeira com o Jonral da Madeira tem algo de nebuloso que poderá ser enquadrado num contexto de delapidação de recursos públicos (ainda que sob o falacioso pretexto da publicidade: ao regime, ao arquipélago, ao presidente-dador?) com intuitos de colheita de dividendos eleitorais...
Há muitas Fátimas Felgueiras por esse país fora. Só falta que os Horácios se encham de coragem e ponham a boca no trombone. Mas eles estão bem presos e as mordomias são muitas...

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