As vezes vou à missa fora da minha paróquia. Funerais, missas de sétimo dia, missas dominicais.
Há tempos ouvi uma homilia tão paupérrima, tão paupérrima que me deixou perplexo!
Aqueles que são do tempo da outra senhora lembram-se da artificial conotação de política com tudo o que fosse critica.
Se se dizia mal dos transportes, era política; se se verberava o conteúdo dos noticiários era política; se se dissesse mal do professor que maltratava os alunos era política!...
Agora caminha-se para o mesmo. O padre na sua homilia desancava forte e feio nos que criticavam a corrupção camarária. Ele, aparentemente ao lado da câmara, aparecia como o juiz sensato e sabedor a aconselhar o não criticismo: pois era tudo política baixa, politiquice!... O presidente era bom, os que criticavam alguns actos menos lícitos eram os maus!...
O seu lambebotismo, a sua vergonhosa genuflexão ao poder instalado, o seu despudor de frenético yesman não era política, era simplesmente GRATIDÃO! Bajular não era política! Criticar, era política baixa, mesquinha, politiquice!
Por mais corrupto que fosse o executivo isso não lhe importava, o que interessava é que escorresse com algum para a paróquia. Ainda se fosse uma questão ideológica (por exemplo o aborto...) ainda se compreenderia, agora o apoio extasiado só por receber uns donativos (do erário público, frise-se em abono da verdade...) é hilariante!
«Todos fazem», «todos têm sacos azuis», alegava ele com a sua douta sabedoria como que a justificar as malfeitorias, os atentades à transparência, os abusos de poder, as extorsões à custa de hábil drible ao ordenamento jurídico!
Há tempos uma jornalista muito impoluta, muito in, comentava sobre o «apito dourado»: é vulgar, está quase institucionalizado, há o dourado, o esverdeado, o avermelhado, o azulado...
Enfim, rematava com satisfação pacóvia: há que aceitar o óbvio!...
Cruzar os braços, aceitar a pandemia incurável, não há remédio!...
Criou-se um clima de impunidade total. As figuras que deveriam ser o último reduto da honra e da verdade (padres, jornalistas, professores, v.b.) são os maiores apoiantes desta apagada e vil corruptocracia. Tal como dantes, ou pior ainda!
O fascismo, travestido de partidocracia, está ai outra vez. Veja o filme nalgum cinema perto de si.
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