«O poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente!»
George Orwell é sempre muito citado quando se fala no poder local em Portugal. É óbvio que ao ler a entrevista de Paulo Morais à revista que sai ao domingo juntamente com o JN, não pude deixar de pensar nele. É que as afirmações graves aí contidas não podem caír no olvido sob pena de se estar a caminhar para uma República de bananas sem rei nem roque. Há que apurar a fundo aquilo que ele disse e se for caso disso pedir-lhe responsabilidades também!
Diz que entregou no MP um dossier com alegados «crimes» no tocante a gestão urbanística e que até hoje nada se sabe sobre as eventuais conclusões. Será que foram para «arquivo morto», para um «depósito» qualquer sem lhe ter sido dado o andamento que mereciam?
Paulo Morais não é uma figura qualquer. Não será como está na moda catalogar agora (por caciques medíocres e sem craveira, quando lhes aparece pela frente alguém a usar verticalidade e coragem democráticas) um «pessimista doentio», ou sofrendo de «esquizofrenia» ou de «delírio persecutório». Não, ele é um respeitado docente universitário com conhecimentos profundos sobre as matérias em questão.
De duas uma: ou se está a tentar branquear uma situação grave, protelando ad aeternum uma decisão, ou se avança e investiga até onde for possível para saber de fonte limpa qual a razão para tantos atropelos à legalidade e ao bom senso.
Por vezes usa-se um paliativo muito em voga para desculpabilizar a corrupção: «vícios processuais», necessidade de ultrapassar burocracias conducentes a bloqueios, a «urgência», e outros eufemismos que venham a talho de foice...
Julgo que ninguém atropela a legalidade só pelo prazer de violar a lei. O legislador, prudentemente, criou sanções para quem o fizer. Preciso é que as instâncias devidas actuem em tempo útil.
O Senhor Procurador Geral da República e o próprio PR (responsável pelo «regular funcionamento das instituições»... embora respeitando o princípio da separação de poderes), se lerem estas declarações, saberão discernir o que deverão fazer.
Esta democracia não pode ficar à mercê de «patos-bravos» que a condicionem e a amordacem sob pena de se caír no descrédito total. O país tem responsáveis que são pagos pelo erário publico para salvaguarda do interesse público. Que não mais os interesses privados «colonizem» as instituições!
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