terça-feira, outubro 21, 2008

STOP! Senhor Presidente!

Os portugueses enfastiavam-se de ouvir aquele discurso pouco coerente e nada realista do candidato presidencial Cavaco Silva que se estribava no seu cabedal cultural na área económica para reivindicar a votação na sua candidatura. Dizia ele na sua que era um factor de captação de investimento estrangeiro e até um elemento catalizador de investimento interno pois daria confiança aos investidores, tranquilidade aos mercados, enfim, panaceia universal capaz de curar todos os males do nosso tecido económico!
Estava a vender banha de cobra política pois a sua esfera de competência não era aquela, era sim a esfera de competência do governo. Será que podemos cobrar a factura agora pelo facto de não haver mais investimento? É claro que não, ele sacudiria a água do capote e diria , e muito bem, isso é da área do governo!...

Ele não deve imiscuír-se nos poderes e nas incumbências governamentais. Contudo, ele por vezes exorbita e sai fora do leito presidencial galgando abusivamente as margens ...

Esta de vir à praça pública apelar ao governo para não fazer o novo aeroporto (Alcochete) e para não caminhar no sentido de começar a criar as estruturas para o TGV insere-se no contexto atrás referido. Que o fizesse em privado, ainda vá que não vá. Agora vir à praça pública, violando o dever de reserva, quebrando até a isenção que deveria ser exemplar, e alinhando ao lado do principal partido da oposição, nesta matéria, é grave, desprestigiante e nada fautor de estabilidade governamental, como tantas vezes afirmou ser o seu desígnio primeiro!

Olho para o país sem ter camisola partidária envergada nem preconceitos ideológicos. Olho sem ambições políticas, sem ambições eleitorais, só pelo desejo de ver cumpridas as metas de Abril, só com o propósito de fazer funcionar a democracia, só com a ambição de melhorar Portugal. Sou tão só militante da democracia!


O Presidente da República está neste específico domínio a criar mal estar e gerar perplexidades sem conta. Acompanhem-me por favor neste voo imaginário. Façam um cenário para fins académicos. Imaginem que o governo era contra o TGV e contra o novo aeroporto!!!

Imagine-se o que diria a oposição:

1- Que falta de sentido de Estado! não respeita o compromisso assumido por anteriores governos junto de entidades europeias, quebrando até a solidariedade institucional. Que falta de visão estratégica!

2- Que falta de dinamismo e de iniciativa, o governo hipoteca o futuro, subalterniza a visão estratégica de longo prazo ao imediatismo fácil e interesseiro. Muito embora de retorno moroso estas obras são emblemáticas para o país. É o futuro que está a ser enterrado! Este governo está a ser o coveiro da expansão económica!

Enfim, todo um cenário apocalíptico seria de admitir. Admite-se até que o PR engrossasse o caudal de críticas... e teria argumentos de natureza económica para o fazer...

Contudo, o governo, sendo até apoiado pelo Tribunal de Contas, neste domínio específico, muito embora sabendo que o tempo é de crise, tem a coragem de ser ousado, quer metas mais ambiciosas para Portugal, mesmo sabendo que o retorno dos investimentos será mais longínquo do que se optasse por uma estratégia imediatista com resultados mais vistosos.

Senhor Presidente, há que ter contenção e não enveredar pelo atrelar inconveniente aos ecos da oposição! O governo quer arriscar, quer criar postos de trabalho, quer criar estruturas desenvolvimentistas para o futuro, e, em simultâneo, quer continuar a reduzir o défice, quer dar uma nova roupagem estrutural ao Estado, é um desafio difícil, mas há que o deixar ousar, há que respeitar a opção estratégica governamental. O povo, esse juiz soberano, ditará a sentença eleitoral na hora própria. Até lá, por favor, abstenha-se de intromissões abusivas na área governamental, deixe-se de paternalismos pouco consentâneos com a isenção e a equidistância que deve manter no exercício das prestigiosas funções que exerce.

O país na hora própria saberá julgá-lo também!

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