sexta-feira, outubro 10, 2008

Ensaio sobre a disfunção eréctil!...

As mulheres de Polismar, na fase mais crítica da doença, procurando avidamente lá nas montanhas, alguém ainda não contaminado...Era uma vez uma terra chamada Polismar, uma cidade muito desenvolvida e outrora cheia de encantos. Contudo, e há sempre uns «contudos» que estragam tudo, a incúria, o laxismo, o laissez faire laissez passer, deram azo a que as águas começassem a ser infectadas pela galopante poluição e... deu no que deu! Salmonelas e mais salmonelas, coliformes fecais , legionellas a inundar todos os riachos e ribeiros, patogenias a rodos...

Cancros, doenças hepáticas, doenças da pele, enfim, todo um rosário-calvário inimaginável!

As «entidades de supervisão» sempre corrompidas pelas autoridades, calavam-se, escondiam as análises (ou douravam a pílula...), enfim, nós sabemos como isto se faz...

Até que, no rol das doenças, surgiu a disfunção eréctil! a princípio a coisa passou quase despercebida. As mulheres sentiam certa insatisfação que iam colmatando com sucedâneos electrónicos e outras mezinhas, mas, quando o mal se generalizou, atingindo a totalidade do sexo masculino, quando faliu em pleno a eréctil funcionalidade, foi o caos!

Choviam reclamações na câmara, pedidos de indemnização nos tribunais, enfim, manifestações de raiva e de cólera contra o presidente da câmara. Mulheres desfilaram nuas pelas ruas da cidade exigindo uma reparação! Era um direito natural que lhes estava a ser sonegado pela incúria camarária! Os psicanalistas não tinham mãos a medir. As farmácias vendiam todos os medicamentos susceptíveis de alavancar o viril instrumento mas eram de uma ineficácia total! Nem viagras, nem paus de cabinda, nem outros afrodisíacos se mostravam aptos a resolver a crise da falofalência.

O pecado da carne, esse caminhava para a extinção pura.

As jovens donzelas começaram a dedicar-se à caça e à pesca, tentando ver se algum caçador isolado, lá nas montanhas, poderia ainda não estar atingido pela doença. E andavam nuas, sequiosas de desejo, tentando despertar algum bacamarte adormecido lá nos confins mais reconditos da floresta... Era a caça ao tesouro, na versão erótica, como é óbvio!...

Algumas (poucas) encontravam esse avis rara e lá vinham, todas radiantes, saciadas e felizes, com a caça a tiracolo e o coração a transbordar de satisfação pela graça recebida... quais viciadas em cocaína, que de novo encontram a dose tão ansiada, para aliviar a síndroma de abstinência!...

Só lá nas montanhas era possível encontrar alguém ainda não contaminado pela terrível doença pandémica!

Até que... e há sempre um ponto final para os pesadelos, um feiticeiro lá das montanhas mais íngremes, deu a receita para o mal.

Mas era terrível!!! Era muito difícil de ser praticada, pois exigia a morte de um ser humano!!!
Qual era a receita para o mal?

Era preciso matar o presidente da câmara, sangrá-lo como se faz a um porco, e, depois, com o sangue assim obtido, fazer um cozido e dá-lo a comer às vítimas do flagelo! Era o princípio do «causador-pagador» em acção!

O feiticeiro assim o determinou!
Ninguém ousava fazer tal coisa! Mas as mulheres, a sua necessidade era tanta e o cio já era tão arreigado que não hesitaram. Reuniram-se, muniram-se de foices e de catanas, facas de cozinha e outros objectos contundentes, foram à câmara e mataram o presidente!

Ele, com a sua incúria, o seu desleixo, fora o causador da tragédia. Justo era que pagasse. Assim o exigia o feiticeiro! Assim foi feito pelas vingadoras!



Hoje, algumas dezenas de anos volvidos, a história de Polismar ainda é contada às novas gerações, com carácter profundamente pedagógico...

E o princípio do «causador-pagador» ainda é exercitado em plenitude!

Para que no futuro nova calamidade não se repita!!!

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