Há quem seja sectário e só conceba esta maneira de estar na vida. Essas pessoas são como os árabes: fanáticas, intolerantes, fundamentalistas, incapazes de um pluralismo salutar...
Há-os não só na religião, mas também no desporto (o futebol é pródigo nestes espécimes...) e na política, sobretudo.
Se alguém criticar o líder do seu partido ou clube, por maior que seja a oportunidade da crítica, não a aceitam e reagem de forma insultuosa e doentia. Vingativamente, amiúde...
O espírito gregário é bom e natural; contudo, quando exacerbado, leva ao fanatismo, ao comportamento patológico.
Conheço padres que ultrapassam os limites do decoro. Como adeptos do futebol são cegos e até capazes de uma terminologia achincalhante e grosseira, injuriando árbitros e adversários por dá-cá-aquela-palha. Alguns, politicamente foram dos mais fiéis serventuários do antigo regime, banqueteando-se opiparamente ao lado dos membros da U.N., diziam o piorio dos oponentes do regime. Depois, passaram a ser do C.D.S. Mas quando este partido perdeu notoriedade e foi ultrapassado pelo P.S.D. passaram de armas e bagagens para outra trincheira. Outros, nos concelhos onde impera o P.S. tecem hossanas e louvores infinitos ao partido. Onde impera o P.C.P. julgo que o caso não é tão evidente, há maior compostura...
Ouvi há tempos um a justificar-se assim para essa metamorfose: «Temos que ser HUMILDES, eles é que têm o dinheiro. Se dissermos mal, deixaremos de ter apoio. A HUMILDADE é uma forma de continuarmos a ter esse apoio...»
HUMILDADE OU SERVILISMO?
A isenção é apanágio das mentes íntegras, bem formadas. Mas não é fácil ser-se íntegro. No jornalismo, no ensino, na política. Criticar o poder acarreta custos. Por vezes marginalizações e ostracismos. Pior quando os detentores do poder são intolerantes, não sabem conviver com a crítica, são vingativos. Tenho muito respeito por quem faz oposição, seja onde for. Mas há os que se excedem também. Saber onde há excesso nem sempre é fácil de discernir. Os donos do poder estão quase sempre a invocar esse excesso, quando de facto nem sempre o é. Trata-se apenas de fiscalizar o exercício do poder.
Nunca mais esqueci um episódio que aconteceu comigo no pós-25 de Abril. Numa aula de marxismo eu contestei a teoria científica supostamente ali explanada, acusando Marx de uma visão mecanicista da História. Acusei e explicitei os pontos onde achava que era digno de crítica. Então, o professor, furibundo, saíu-se com esta: «Você tem falta de humildade científica!»
Era uma forma desesperada de silenciar, de reprimir a crítica. Refutei a sua acusação e insinuei que o seu comportamento seria pouco isento, talvez fanático, «marxólatra»!
Fui sempre um alvo a abater por esse professor. Passei as passas do Algarve.
Ainda hoje os que a pretexto de HUMILDADE usam o lambebotismo descarado como trampolim para as suas ascensões interesseiras me fazem dó...
Por isso não tenho partido. Não tenho ambições políticas. Não sigo nenhuma directriz sectária. Não alimento certa triste democracia que mais parece uma partidocracia...
Mas por vezes tomo partido. Pelos humilhados e ofendidos, quase sempre...
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