Ele é o português típico: desenrascado, fluente no linguajar, expedito na acção, corpo escorreito, ar de quem nunca se atrapalha por maior que seja a tempestade. Enfim, um marinheiro capaz de enfrentar todos os mares, todos os ventos, todas as marés...
__Sente-se realizado?
__É claro que sim, poderia ter optado por outro rumo mas dentro das diversas alternativas esta foi a menos má..
__Faria alguma coisa de novo se pudesse voltar ao passado?
__É óbvio que sim. Não sou como aqueles que dizem ter um percurso imaculado, sempre trilharam o caminho da perfeição, uns santinhos. Admito alguns erros, algumas incoerências até, mas tendo como desiderato último a defesa intransigente de um projecto coerente e de sistemática defesa dos valores em que acredito..
__Acha que a mentira é uma arma poderosa?
___Toda a gente mente. Alguns por sistema, outros, por necessidade, outros, a mentira piedosa, por caridade até. Quando se diz àquela senhora muito feia e cheia de rugas, que tem um aspecto muto atraente, é este tipo de mentira que funciona...
__A mentira política aborrece-o?
_Se forem os outros a mentir para mim, claro que sim. Se for eu, terei que analisar os pressupostos dessa adulteração da verdade para me interrogar. Às vezes a mentira por omissão é necessária. Outras, a mentira por hipérbole, também faz falta... o tema é aliciante, dou-lhe até os parabéns, meu caro Rouxinol, pela frase que tem a encimar o seu blogue, também concordo com as diversas facetas da verdade... em função dos contextos e das conjunturas...
__Que acha do governo actual?
__Dir-lhe-ei apenas a verdade. Herdou uma situação difícil mas recuperou o equilíbrio orçamental. Talvez por não ter dados suficientes prometeu coisas que não pôde cumprir, talvez por entender que isso era o melhor para o país. Faltou a certas promessas para ter que cumprir outras, mais importantes na hierarquia. Ou seja, para cumprir o equilíbrio orçamental (meta elencada em primeiro lugar) teve que subir impostos, criar situações de contenção de despesismo que redundou em despedimentos, em suma, para ser eficaz e pragmático teve que ser impopular...
__Que acha da oposição actual?
__No PSD direi que há uma certa autofagia degenerescente que vai levar à ruptura iminente. Veja: Jardim com ultimatos permanentes à líder, Menezes com bombásticas declarações a por-se em bicos de pés, Ângelo Correia a bombardear de forma quase iconoclasta toda e qualquer liderança que apareça. Está em putrefacção acelerada. O PCP não sobe nas sondagens apesar dos ruídos, das ameaças constantes ao governo, das grandiosas manifestações. O Bloco de Esquerda aparece com certas propostas benignas mas usa uma linguagem tão crispada que tem efeitos perniciosos no eleitorado. O CDS tem gente válida e capaz mas tem tantos rabos de palha e tantos telhados de vidro que nem sei que lhe diga...
__Que acha que vai acontecer nas próximas eleições?
__O PS vai ter outra maioria, não sei se absoluta se relativa, mas não me enganaria muito se conseguisse ainda vitória mais folgada que a anterior. Mais por demérito dos adversários do que por mérito próprio há que o reconhecer em abono da verdade...
__O senhor é optimista ou pessimista?
__Apenas um realista q.b.. Sou muito terra-a-terra. Gosto de relativizar os dramatismos.
__Que vai dizer na próxima campanha eleitoral para as legislativas?
__ Comigo os portugueses podem confiar. Conseguimos controlar o défice, conseguimos equilibrar as contas públicas, criamos os postos de trabalho prometidos, gerámos uma dinâmica socioeconómica capaz de lançar o país numa etapa de prosperidade nunca obtida nos anteriores governos. Connosco podem confiar. Acompanhámos o futuro tendo atenção ao presente e respeitando o passado. Enfim, somos e seremos os garantes da estabilidade , do progresso, da justiça social, da educação para todos, da segurança e do bem estar social...
__Vejo que é bom em tudo, menos em modéstia...
__Vou dizer a verdade, de facto nunca tive essa cadeira no meu curso de engenheiro sanitário...
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