domingo, agosto 03, 2008

Coerência & Transparência! Precisam-se...

«Gostei das tuas palavras, Rouxinol. Mas sabes o que Cavaco Silva vai dizer ao ler o texto? O mesmo que disse Sócrates a Cravinho! Que não aceita lições! Só dá. Começa assim um certo tipo de autismo político» .
«Olha, cada vez estou mais convicto da tua boa fé. Podes contar com o meu apoio. Substituír Cavaco Silva, por que não? Nos cem metros barreiras tu és um fenómeno! Em verdade, em verdade te digo: há mais marés que marinheiros!»


«Ai Rouxinol, a Madeira precisa de transparência! Estarei contigo nesse nobre combate! A opacidade ali reinante é o caldo de cultura de todos os vícios, o leitmotiv de todas as prevaricações, a cortina por trás da qual se violenta e asfixia a democracia. Há que salvar a democracia, basta de violência doméstica! »



O discurso que faltou!


Ao ouvir o discurso de Cavaco Silva à nação, não pude deixar de reflectir sobre algo que aconteceu na Madeira. Aí sim, impunha-se uma intervenção pública em defesa de um órgão (ARM) fustigado torpemente pelo presidente do governo regional. Cavaco Silva ficou mudo e quedo. Devia ter-se pronunciado em defesa de um órgão, o mais representativo do povo madeirense, devia ter quebrado o prudente silêncio de Conrado e não o fez. Para ser coerente, devia ter feito um discurso como este que tomo a liberdade de elaborar.


DISCURSO DE DESAGRAVO


Portugueses e madeirenses:

Foi com tristeza que ouvi aquele comentário do senhor presidente do governo regional dizendo ser um «bando de loucos» a Assembleia Regional da Madeira.

Ora, é lá que tem assento o povo madeirense através dos seus representantes eleitos, os senhores deputados. Em democracia deve haver respeito institucional. Por muito que se não goste de alguns elementos não se pode deixar passar para a esfera institucional esse ódio pessoal. Assim, por questão de coerência, não posso abdicar da minha visita a esse órgão legislativo por excelência, onde sua excelência o presidente do governo deve prestar contas e dar explicações da sua conduta governativa.

Assim, estarei presente e será com orgulho que ouvirei as intervenções dos representantes de cada grupo parlamentar. Se ao presidente do governo regional causa engulhos a atmosfera que então se viverá, dispenso-o desse incómodo pois sinceramente creio que a sua ausência não terá grande significado. Diz o povo com a sua sabedoria que há criaturas que fazem tanta falta como a guitarra num enterro. Não será este o caso, mas aproxima-se. A atmosfera será mais desanuviada e menos poluída com a ausência do presidente do governo regional, creio eu.

Os órgãos de soberania devem-se respeitar mutuamente e colaborar entre si na resolução prática dos problemas que se deparam. É assim que entendo a democracia. Não, a linguagem achincalhante nem o insulto viperino. Sim, a cooperação estratégica, o salutar intercâmbio de ideias, o confronto feito com elevação e com dignidade. Só assim estaremos a ser dignos do povo ordeiro e cordato que nos elegeu. Só assim seremos o espelho de uma nação que tem dado lições de cidadania ao mundo inteiro.


O equilíbrio inter-poderes exige ponderação, respeito, mútua consideração. Quem usa (e abusa) da linguagem atrabiliária para se impôr, à falta de melhores argumentos, merece dó, comiseração, desprezo. A democracia deve assentar no alicerce da boa educação e não no rastilho do insulto e da canalhice. O povo que nos elegeu espera de nós elegância, dignidade, uma postura cívica irrepreensível à altura dos pergaminhos de uma nação de séculos de história que é um exemplo no cortejo das nações.


Assim, informo solenemente a Madeira e o país que amanhã estarei no Parlamento madeirense onde terei muito prazer em ouvir os anseios do povo madeirense pela voz dos seus deputados, os ínclitos filhos da terra.


VIVA PORTUGAL!

VIVA A DEMOCRACIA!

VIVA A LIBERDADE!





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