O Presidente da República, Manuel Alegre, lendo o seu discurso, na Madeira...
Era o já longínquo dia 20 de Maio de 2012...
Era um tempo difícil. O mundo vivia assoberbado por doenças terríveis. As guerras e os fanatismos religiosos dizimavam populações inteiras. Calamidades atrás de calamidades. Em Portugal, o Presidente da República, Manuel Alegre, apelava ao espírito de resistência dos portugueses... «Há sempre alguém que resiste!»
Foi no Funchal um dos seus discursos mais vibrantes. Depois da gripe das aves, viera a não menos pandémica gripe porcina. Agora, a Madeira tinha sido palco de uma tragédia: a gripe asinina! De efeitos devastadores, até na imagem dos atingidos pela etiologia...
O cenário era aterrador! Os governantes foram as primeiras vítimas... Jardim e Jaime Ramos foram os primeiros a ostentarem aquelas abomináveis orelhas de burro, que era um dos sinais exteriores da terrível patologia! Bem tentaram operações plásticas mas elas (orelhas de burro) voltavam a crescer cada vez mais!!!
Manuel Alegre, sempre solidário, um português de corpo inteiro, esqueceu velhas birras com Jardim, e foi lá à Madeira tentar acalmar os medos:
__Em tempos de medo e de opressão eu sempre resisti e galvanizei os resistentes. Agora, com esta pandemia horrível, vamos lutar por todos os meios para erradicar o mal antes que alastre ao mundo inteiro...
Ao fundo da sala, o comunista padre Edgar, o padreco como lhe chamava Jardim, murmurava entre dentes: «Deus não é burro, escreve direito por linhas tortas»...
Cá fora, enquanto Alegre discursava no Parlamento Regional, a tal casa de loucos como em tempos não muito remotos Jardim baptizara o órgão máximo da Região, alguém tinha o rádio do carro ligado no máximo volume e ouvia-se o novo êxito musical de Quim Barreiros:
Meu Deus, co'a gripe asinina
Em burros nós nos tornámos
Não mandeis gripe canina
Em vez de falar... ladramos!
Nota final: Este conto é o reflexo da minha patologia; por vezes sinto que estou à frente no tempo... ou será o tempo que anda atrás de mim?
2 comentários:
Gostei do texto. Está muito bem pensado....só espero que isto não se venha a tornar realidade, senão se estamos mal, ficamos bem pior.
Beijinhos.
Caríssima Parisiense:
Não tenho o dom de adivinhar o futuro. Mas às vezes ele manifesta-se bem pior do que eu imaginava...
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