«Minha cara Sand:
Ao receber o teu convite fiquei deveras preocupado. Penso que andas a ver filmes a mais ou então o Júlio Verne apossou-se de ti. Tem cuidado moça. Olha que isso é perigoso.
Não, não perdi a noção da realidade (como infelizzmente parece ter acontecido contigo, desculpa a franqueza), cultivo o espírito de aventura sim, mas em moldes razoáveis, com bom senso, com lucidez.
Para quê ir ao centro do planeta? Para apanhar uns banhos quentes de magma? Não, nunca me apanharás nesta insensatez a roçar a insanidade. Parece-me impossível como é que Obama, um tipo sério e competente, vai deixar devorar recursos que fazem tanta falta neste momento numa bobagem dessa envergadura. Com que recursos dispões? Financeiros, humanos, tecnológicos, logísticos e toda uma parafernália de sistemas de comunicações que seria indispensável para uma obra desse jaez?
Não, definitivamente não!
Acresce o facto (e aqui peço-te o mais rigoroso sigilo pois a Europa pode ser vítima de um desastre se revelares algo...) estou envolvido numa missão ultra- secreta, a pedido do presidente Barroso. Há um grupo terrorista árabe (os «Vale Tudo por Alá») que criou um vírus mutante (variante do perigoso Ébola) capaz de deixar a vítima com hemorragias fatais em menos de 24 horas. Agora, dispondo de uma cultura laboratorial que se vislumbra muito grande, está a fazer chantagem com a Europa. Querem 50 biliões de euros ou vão sobrevoar a Europa inteira com vários aviões e lançar o terrível e assassino vírus nas principais cidades e vilas europeias!
A princípio pensou-se que era bluff, mas infelizmente não é. O presidente Barroso já recebeu uma amostra do terrível vírus super-Ébola e testou-a nalguns animais... nem te descrevo o sofrimento daquelas criaturas, passados cinco minutos estão a esvaír-se em sangue, num sofrimento horrivel! A Comissão europeia está em alerta máximo! ninguém sabe, ninguém sonha o perigo que poderá estar iminente!
Estou encarregado de negociar, na medida do possível, com essas tenebrosas criaturas. Corro risco de vida, mas sei que a Europa não pode ficar refém destas mentes perversas.
«Negociar» entre aspas, como é óbvio. É o fim da humanidade, minha querida. Não poderei acompanhar-te, não aconselho essa loucura em que te vais meter, e, finalmente, como estão a decorrer neste momento as eleições para o parlamento europeu, peço-te o máximo sigilo sobre isto tudo.... Um beijão do tamanho do teu coração!»
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