quarta-feira, abril 23, 2008

Respeitar as minorias...


Os massacres são atestados da bestialidade humana. Quantos deles não são norteados por fanatismos religiosos? Quantas vezes, fariseus hipócritas, não estão na base deles?
Em nome de Deus, muito facínora vive à grande, à custa da credulidade popular, à custa de pacóvias subserviências...
Hoje em dia ainda é chão que dá uvas. Uvas políticas até. Indivíduos reles, sem cultura, acobertados pelo manto hipócrita da religião, são capazes de tudo.
Respeito as minorias pois sempre sofri, ao longo da minha vida, por defender minorias. Ataco o poder, globalmente falando, mas quando ele se acoberta na religião, sobretudo, para estender as suas garras maléficas, então, a minha hostilidade redobra! Quantos hipócritas «jardins» há por cá!?
Quanto «cristão-novo» anda por aí, debaixo de pálios, de opa escarlate, rosto seráfico, mão no peito, quando, em tempos não longínquos, fazia gala do agnosticismo?
Não, não sou um crente à moda desses: exibicionista, petulante, fariseu. Não escondo as minhas dúvidas (como o fazia madre Teresa de Calcutá), mas estou aberto ao Senhor. Creio, até certo ponto. Duvido muito, isso duvido, sobretudo dos que exibem muita fé. Fé em excesso...
Agora, ao recordarmos o massacre de 1506 (a «matança da Páscoa»), não posso deixar de me interrogar sobre os malefícios de certo farisaísmo. E também me curvo, respeitosamente, perante os judeus injustamente chacinados, a mando de frades e clérigos fanáticos.
Estive em Moure, aqui há uns anos, quando se dizia que Cristo estava na hóstia consagrada. Fui lá. Entrei a custo. Não vi nada e disse-o em voz alta. Olharam-me de lado. Chamaram-me ateu.
Um padre, cá fora, dizia textualmente: «É Cristo a mostrar o seu desagrado pelos assaltos a igrejas!» «Mas eu não vi nada, senhor padre!», «Porque se calhar é ateu!», replicou ele, furibundo...
Por menos do que isto foram mortos milhares de judeus por que não viram milagre naquilo que era apenas a refracção da luz!
Tive sorte por não ter sido espancado. Mas ainda hoje recordo o olhar de desafio e de troça com que alguns olharam para mim, em Moure, Vila Nova de Famalicão.
Deus, com a Sua infinita misericórdia lhes perdoe. Mas, por vezes, Deus parece dormir...

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