Dizia-se ainda mais feroz do que o outro, o que era o director do hospital psiquiátrico onde estava internado. E queria destroná-lo. Mas afinal, não era lá muito «feroz»...
Havia um hospital psiquiátrico onde os loucos estavam divididos em famílias, não pela natureza das doenças, mas pelos vestuários. Uns eram os vermelhos, outros os laranjas, outros os rosas, etc. Julgavam que o manicómio era um país, mas de facto não era, era apenas um manicómio rectangular junto à praia.
O louco que geria o manicómio era talvez o menos louco. Intimidava os outros dizendo-se feroz.
Até que um belo dia, a família dos troca-tintas (loucos que tinham vergonha da farda alaranjada a lembrar prisioneiros de Guantánamo, passando a usar farda azul) decidiu afrontar o louco que se intitulava primeiro-ministro mas que era apenas o director do manicómio. Chamavam-lhe o «Falcão Faxista», porque corria mais que os outros todos. Diziam: «ele não corre, ele manda fax...»
De facto o «Falcão Faxista» era um louco inteligente, com sentido de oportunidade, amante das novas tecnologias, enfim um craque na plena acepção da palavra. Há-os em todo o lado, até nos manicómios...
Quem foram procurar para o substituír na direcção do manicómio?
«Touro Vigilante», um que se dizia mais feroz ainda que o «Falcão». Mas era apenas garganta. Reuniram-se todos os loucos da família «troca-tintas» para escolher o líder. À partida ele aceitava. Mas queria correr sozinho, não aceitava que outros se considerassem também suficientemente corajosos para a tarefa. Só ele. Era como o nadador que quer ganhar uma competição sendo só ele na piscina.
Enfim, os outros , que não eram tão loucos de todo, exclamaram:
- Que seja louco, aceitamos, agora que seja tão cobarde a ponto de ter medo de outros, da mesma família, isso nunca!
E o «Touro Vigilante» meteu o rabinho entre as pernas, murchou as orelhas e lá foi...
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