quinta-feira, abril 24, 2008

Em louvor do Padre Luís! em louvor do Papa!

Esta não é a Cleptocracia, mas é muito parecida!...


" Rouxinol, diz por mim, pois eu não posso, que sou o que sou! "






Era um tempo diferente, talvez mais irreverente, mais lúcido. Chamavam-me o «bombardeiro da Av de Roma!», para me enaltecerem em comparação com o outro, o Muller, do Bayern de Munique. Ali, no rinque da Praia das Maças (não no paraíso... mas em Sintra) eu brilhava a grande altura, com aqueles «bicos » certeiros, ao canto da baliza. O Vítor Martins (esse mesmo, que foi do Boavista e do Benfica), olhava-me respeito... e medo, tal era o vigor da minha actuação, uma técnica apurada amparada por um poder de remate fulminante.
Jogava o padre Luís, capelão militar, então convidado para dar uns chutos. Jogava também com muita virilidade. «Generosidade» dizia ele com graça.«Cumpro à risca o evangelho, mais vale dar que receber!»
Um dia, depois de uma «cacetada» mais violenta foi expulso. Não reagiu, Veio ter comigo e disse baixinho: «chama-lhe filho da mãe que eu não posso, pois sou o que sou!»
Disse ao árbitro: «o senhor é amante da cleptocracia?» Ele respondeu: «sou, sou, e com muito gosto!»
O padre Luís era um bom homem, não usava aquelas «burkas» como usam alguns padres, para se exibirem, para imporem respeito. Ele ia comer uns caracóis à tasquinha da ti Miquelina, ali ao Lumiar; jogava às cartas, contava umas anedotas sobre freiras à boa maneira do franciscano das misericórdias. Enfim, um tipo fixe.
Há dias encontrei-o em Setúbal. Fomos comer um polvo assado, a uma tasquinha. Recordamos o episódio com prazer. Foi um rir até fartar com a história da «cleptocracia»!
Agora, ao ouvir o discurso do Papa, na ONU, dizendo que é preciso acabar com intervenções unilaterais, achei piada àquele episódio ocorrido na Praia das Maçãs e lembrei-me de falar pelo Papa, de dizer aquilo que ele gostaria de dizer e não pôde dizer. Por ser Papa.
Então aqui vai, agora na qualidade de «porta-voz»:
Vós que sois representantes da humanidade vede a desumanidade que impera por aí: Darfur cada vez mais desamparado, tanto inocente a ser vítima de um bando de loucos (como diria o Jardim, neste caso com plena propriedade), Zimbawe, onde um louco varrido ameaça um banho de sangue por querer eternizar-se no poder, o Iraque é uma loucura total!
E porquê? Por causa da ineficácia da ONU! Vocês são uns incompetentes, uns corruptos, uns palermoides! Os Estados Unidos têm que andar a fazer o papel de polícias do universo quando esse papel deveria caber-vos. Levantem o rabo dessas cadeiras e vejam o que se passa no mundo inteiro.
A ONU deve ir para um museu. Vocês, todos para um asilo. O mundo precisa de sangue novo, alma nova!
Há que criar uma força de intervenção multinacional que actue, que impeça as chacinas que vão imperando por esse mundo infestado de hitlers e de bokassas.
O direito de veto é uma hipocrisia. A Rússia, a China ou a América são antros de violação sistemática de direitos humanos. Se surgir lá um hitler qualquer há que o impedir de prosseguir com a sua loucura planetária.
A globalização é isto mesmo: não a expansão dos imperialismos (mesmo os religiosos), mas sim a assunção de responsabilidades colectivamente, a partilha do risco, a fraternidade universal, a defesa da vida, a defesa dos inocentes perante o arbítrio de loucos varridos.
NOTA FINAL: Padre Luís é nome fictício. Praia das Maçãs existe e é uma linda praia. O «bombardeiro da Av de Roma» é verdadeiro, mas já pendurou as chuteiras. Agora entretém-se a dar uns pontapés no rabo de alguns malandrecos armados em democratas...

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