sexta-feira, abril 25, 2008

Ao Senhor do Cravo Vermelho...

«Pela primeira vez, rouxinol, ouço uma oração digna de me fazer meditar!»




Senhor do Cravo Vermelho, bem sabes que a minha fé não é cega, não é ingénua como a das criancinhas, foste tu que me ensinaste a dúvida, a ser prudente. Por isso, ao aprofundar a minha fé, tenho que Te perguntar:

Ao ver a procissão do Senhor de Abril, alguns com a mão no peito, sempre tão devotos, tão seráficos, tão «ungidos», eu pergunto se não será uma forma de compensarem os seus pecados anti-democracia, anti-verdade, anti-justiça?

Serão os novos «Zelotas», os novos «fariseus» do templo de Abril?

Democratas não praticantes, mas sempre com a palavra «democracia», entre os dentes, serão estes os «eleitos» por Ti, Senhor do Cravo Vermelho?

Senhor, bem sabes que te respeito mas nunca pedi que me «ungisses», é contra os meus princípios, seria como que entrar para uma «máfia dos cravos», com os seus «irmãos» fazendo conclaves para conspiração secreta...

Sou pela transparência, pela frontalidade, não pactuo com as «cunhas»...

Será que ao prometeres milagres mil: o da justiça para todos, o da liberdade de expressão para todos, o da igualdade de oportunidades..., tu fizeste também o «milagre da multiplicação das mordomias, dos tachos, dos favores»?!

Às vezes, ao analisar o comportamento de certos autarcas (não só no continente...), protegendo certos «afilhados», não deixo de me interrogar: será que a União Nacional ainda vigora, mas com roupagens floridas, de cravo ao peito? Será?

Senhor do Cravo Vermelho, perdoa-me a ousadia, mas não vês que certos comportamentos levam à perda da fé?

Quero aprofundar a minha fé, Senhor de Abril. Tu, que admites (quiçá patrocinas?) corrupções mil, será que não vês o mal que afecta Portugal?

Até o Senhor de Boliqueime me deixou desiludido, me fez perder a reduzida fé que eu n'Ele depositava.

Senhores, ajudai-me a preservar a minha fé! Fazei com que eu volte a acreditar!

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