Senhor Presidente da República:
Disse V. Excelência que os jovens não se preocupam com a política. E fê-lo com preocupação, ciente de que isso é grave. Os jovens sabem pouco do passado, sabem algo do presente e nada do futuro. Mas, V. Excelência o que tem feito para os motivar?
Será que naquela visita à Região Autónoma da Madeira fez tudo o que devia? Ao deixar-se manipular pelo presidente da RAM (que inviabilizou a ida à ARM alegando ser um «bando de loucos») o senhor deu uma lição de bem estar na política? Seduziu os jovens com o seu silêncio (cúmplice e subserviente)?
Um PR como eu o idealizo, sóbrio, independente e lúcido, não abdicaria dessa prerrogativa pois ao fazê-lo (como o senhor presidente fez) pactuou com uma ofensa ao parlamento, à República e à própria democracia!
Os jovens ficariam mais motivados se houvesse uma achega pedagógica, uma lição de cidadania do PR ao todo-poderoso líder local. Assim, sim. Os jovens compreenderiam o alcance da sua motivação. É que a intervenção do líder local não o ofendeu só a si, como representante eleito de todos os portugueses, ofendeu a todos os que o elegeram.
Quando na última campanha eleitoral na Madeira, ele, líder local, fez gato-sapato das recomendações para não fazer inaugurações em plena campanha, V. Excelência, com o respeito que me merece (não só pelo cargo em si, mas pela formação académica que possui), não usou todos os mecanismos ao seu alcance para verberar essa postura anómala e dasafiadora do status quo. Pelo contrário, até pareceu ficar agradado com esse anómalo comportamento!
Imagine que na próxima campanha, José Sócrates fará tal qual fez Jardim na Madeira? Que moral terá para o verberar?
Sinceramente, senhor Presidente, os jovens esperavam um pouco mais de si, enquanto superior magistrado da nação, enquanto cidadão com responsabilidades cívicas acrescidas. O regular funcionamento das instituições é uma das metas a tingir. Nem sempre tudo é perfeito. Mas quando as posturas irregulares são óbvias e notórias era bom que fossem verberadas publicamente.
Fazê-lo em privado, no segredo dos gabinetes (ao abrigo do dever de reserva) não chega. Houve uma ofensa pública, há que exigir um desagravo público. Foi ofendida a própria democracia, foi ferida a dignidade do parlamento regional. O senhor deveria condenar essa atitude, publica e frontalmente. A omissão soube a tibieza, a capitulação.
Agora veio a público uma campanha tóxica e inflamada sobre o facto de o primeiro-ministro ter fumado um cigarro no avião fretado na viagem à Venezuela. Embora intrinsecamente legítima, a enormidade estulta da postura da comunicação social foi algo de patológico. Aberrante mesmo!
Esta comunicação social é deprimente: Madie, futebol, Madie, tricas, fofocas, futebol, Madie... é algo de aberrante e socialmente desprestigiante. A política deveria estar no coração e na mente da juventude. Mas não está porque outras «prioridades» se alevantam...
Era bom que usasse a magistratura de influência para criticar os media por esse fiasco, também..
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