terça-feira, março 03, 2009

Lei? Só se for a da selva, em Portugal!...

Às vezes pergunto a mim próprio para quê tantas leis, num emaranhado confuso e asfixiante, às vezes sem um vislumbre de eficácia. Só para «inglês ver»...

A lei anti-corrupção que Cravinho propôs na AR foi remetida para o limbo (diria melhor: para o inferno...) pois não interessava aos mandantes da hora que passa. Sabe-se o que a casa gasta...

Vemos por aí casos de flagrante injustiça e ninguém toca, porque há medo, medo de represálias, de vinganças, de retaliações. Quem denuncia algo, por mais aberrante que seja, está sujeito a perder o emprego, a ser enxovalhado, caluniado. Os «intocáveis» perpetuam-se a ajudam-se mutuamente...até de partidos diversos. Falo por experiência própria, não é , meu caríssimo e honorabilíssimo deputado europeu?!

Veja-se o caso daquele banqueiro ainda jovem que foi reformado por invalidez e que continua a ostentar sinais de uma vitalidade incrível: ele é pintor, escritor, editor, consultor, etc, etc.

Que misteriosa doença «neurológica» o massacra impossibilitando-o de exercer qualquer actividade - dizem para aí... - quando os jornais fartam-se de divulgar actividades sem conta, sinais exteriores de uma saúde e criatividade fora do comum? Sinais óbvios de capacidade mental e até física para levar avante tais projectos...

Já alguém se lembrou de mandar investigar quem foram os médicos que deram o aval a tal reforma antecipada? Quando vemos professores a serem obrigados a ir trabalhar, cancerosos, com precárias condições de locomoção, com dificuldades na fala, isto não brada aos céus?!

Mesmo aos céus da «Opus Dei»?!

Que falta de transparência meus senhores! Que gritante injustiça! Que desaforo!



A LEI DA SELVA



Pátria amada, coberta pela treva
Pelo manto venal da opacidade
Ao abismo, à miséria isso te leva
Os corruptos dominam a cidade.




A lei protege-os, não os recrimina,
São astutos, chacais organizados
Divertem-se no ágape-chacina
No covil do partido são treinados...


A selva social tem uma lei
«Salve-se quem puder!», é lei geral
E tem implantação universal.


Pátria-selva, mais selva eu bem o sei
Do que pátria. Ninguém cuida da grei
Cuida de saciar gula animal.


NOTA: Este poema é dedicado ao «reformado de luxo» que não gosta de editar textos «queixinhas»! Pudera, ele não pertence ao rol, vasto rol diria eu, dos que se queixam do estado a que chegámos! Camões, Pessoa, Gil Vicente, Eça, Camilo... coitados, foram todos uns pobres «queixinhas» que se entretinham a criticar e a fazer queixa dos costumes de então! Se o tal banqueiro mandasse nas edições, eles seriam reduzidos a cinza, votados ao ostracismo mais feroz... miseráveis «queixinhas»!!!

Um comentário:

Dimas Maio disse...

Caríssimo Rouxinol:

Este canto não é o lamentoso/ da "menina e moça"de Bernardim,/ mas muito justamente revoltoso/ deste outro Rouxinol que é sempre assim.