A Igreja tem sido usada (instrumentalizada) ao longo dos anos por hábeis políticos que se servem dela como rede protectora aos seus desígnios totalitários e despóticos. Vimos com Pinochet, no Chile, onde se cometeram barbaridades sem conta e onde a IC, calada que nem ratazana saciada, não tugia nem mugia. Salazar, fez dupla com Cerejeira e embora em escala diversa, também as cumplicidades e os silêncios eram óbvios.
Cada vez mais é oportuno citar aquela frase emblemática de D. António Ferreira Gomes (homem vertical, impoluto e cidadão íntegro): «Vergar aos homens, nunca!, só perante Deus!»
Hoje, vemos o clero vergado, rastejante, sabujo e adulador em troca de um prato de lentilhas de uma câmara ou governo regional.
O que vamos vendo na Madeira é elucidativo. Em Gaia, um fiel adepto do jardinismo segue na esteira de um Pinochet ou Salazar na arte do assédio à IC. Aquela postura demogógica e populista de anunciar dentro do templo as obras pagas com o dinheiro dos contribuintes foi paradigmática!
A IC não tugiu nem mugiu. Alguns jornais fizeram-se eco dessa anomalia, desse abuso, mas a IC calou e consentiu.
Na Póvoa de Varzim, vemos o tenente do poder a exibir toneladas de unção e ostentação beata quando sabemos que nem sequer antes de ser presidente de câmara era um devoto lá muito devoto. Mereceu até duras críticas por não ter casado pela IC, o que para mim foi um abuso da IC, misturando coisas que não deveriam ser misturadas. Mas a promiscuidade actualmente reinante é também ela mistura explosiva e nada abonatória para a IC.
«A César o que é de César, a Deus o que é de Deus!» Jesus Cristo foi o primeiro a condenar essa promiscuidade. Agora, o que está a dar é misturar as coisas, envolver os políticos nas liturgias, aparecendo ora a fazer um discurso fúnebre, dentro do templo, ora a prometer obras e sinecuras com ar tutelar e procurando colher dividendos dessa postura. É um fartar vilanagem a que tem de se pôr cobro. Haja decoro, meus senhores!
Senhor cardeal patriarca, chame à pedra estes párocos servis e não permita que este desaforo tome proporções incontroláveis. Como católico abstenho-me dessas práticas assediadoras e com intuitos promocionais óbvios... fico na cauda, não aproveito os holofotes da TV, não apanho o pálio da procissão, não me ponho em bicos de pés ao pé do altar...já me promovi o suficiente, não preciso de mais promoções, quero apenas promover a dignidade instititucional, o respeito entre as funções de cada qual, quero promover a consciência colectiva em ordem a uma maior transparência e a uma salutar convivência democrática sem aproveitamentos que roçam o oportunismo...
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