sexta-feira, março 27, 2009

Vê-se tanto por aí...

Cultura domesticada
ao poder tão serviçal
turibulária e vergada
não é cultura nem nada
é prostituição mental.
Autocensura evidente
pautada por calculismo
tão medrosa e conivente
não ousa ser maldizente
roça o... miserabilismo...
O provincianismo ecoa
na capelinha sectária
isenção até destoa
perante a hosana e a loa
a panegírica ária...
Na liturgia submissa
irreverância castrada
o fogo já não se atiça
a chama é triste e mortiça
chalaça é ostracizada.
Cultura assim faz escola
tem cortesãos, camarilhas,
se o poder puxa a pistola
curvam-se e pedem-lhe esmola
comem pratos de lentilhas!
Nota final: um conhecido presidente de câmara do norte afirmou que só dava subsídios a projectos culturais se eles não fossem críticos. O termo é subjectivo, mas toda a gente viu uma implícita censura, uma forma de domesticar os agentes culturais, subrepticiamente uma mensagem: «se disseres mal do poder, ainda que justamente, nada levarás...»
É assim em muito lado. Esta censura campeia. Os sabujos, os lambebotas levam prebendas do erário público. Os erectos, os que não vergam, os independentes não são bem vistos. Para eles, a pistola...

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