Num excelente artigo de Mário Crespo no JN dá-se conta do desabafo do PR em Barcelos dizendo não haver soluções para o desemprego galopante e toda esta situação alarmante que atravessa a sociedade.
Longe vão os tempos da campanha eleitoral em que ele prometia amanhãs que cantam a todos, primaveras risonhas a investidores, trabalhadores, economistas, arquitectos... enfim, era o arquitecto das ilusões mais hilariantes, chegou ao cúmulo de dizer que o facto de ser economista reputado iria chamar investidores estrangeiros ao nosso país, iria dar uma imagem de credibilidade e de confiança a todos os agentes económicos, enfim seria a panaceia universal capaz de curar tudo neste Portugal de ilusionistas do verbo, de picaretas falantes, de vendilhões do templo...
Agora, diz que não há nada a fazer a não ser resignação. Ele, que no 25 de Abril tece algumas críticas à corrupção reinante, que critica acerbamente certos abusos, durante o resto do ano passeia o trajo da comiseração e do fatalismo, num ar resignado e pungente que mete dó...é o cruzar os braços, são as mãos atadas... é o lavar de mãos... é o assobiar para o ar... como se ele __ o supervisor dos supervisores__ não tivesse nada a ver com a situação a que se chegou!!!
Será que ele não tem moral para falar? Será que aqueles que com ele fizeram o percurso das vacas gordas sem efectuarem as reformas estruturais que o país tanto precisava, mas, pelo contrário, foram peritos na arte de engordarem eles próprios à custa de esquemas mirabolantes que fariam inveja a Alves dos Reis e seus pares, já perdeu a credibilidade e a legitimidade moral para impôr regras e garantir o funcionamento eficaz das instituições?
Perguntar não ofende. Mas que nos dói, dói, saber que muito mais podia ter sido feito e não foi. Dói saber que há assuntos que poderiam correr com maior celeridade se ele, presidente, chamasse à pedra alguns responsáveis (não ponho o nome pois todos os conhecem) e fizesse eco da insatisfação popular. É óbvio que tem que haver respeito inter-poderes, mas quando o laxismo é gritante, o arrastamento de situações é lesivo da credibilidade e da qualidade da própria democracia, há que actuar e não ficar qual múmia paralítica a ver a banda passar!...
Já acreditei na capacidade efectiva deste PR. Já fui um crente nos seus dotes e nas suas potencialidades. Neste momento lamento que Manuel Alegre não tivesse ganho as eleições presidenciais. Outro galo cantaria. Até porque não tem os telhados de vidro que este aparenta ter.
Casos como o do BPN, com Dias Loureiro, conselheiro de Estado e um dos mais fiéis compagnons de route de Cavaco Silva, com todos os condimentos de uma novela de Jorge Amado, ou de um filme de Visconti, não abonam nada sobre o ADN moral daquilo que se convencionou chamar «cavaquismo»... e tal como as coisas estão algo vai podre no «Reino do Cavaquistão»!!!
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