terça-feira, março 17, 2009

Estalinismos...

Por vezes fala-se em estalinismo e nem se vai ao cerne dessa catalogação. Estaline foi um ditador odioso que mandou matar milhares de opositores. Apesar de tudo tinha cultores de personalidade dentro de várias elites. Viveu rodeado de honras e de mordomias. Só depois de morto houve a coragem e a possibilidade real de descodificar e denunciar sem medo de retaliações a hediondez total do regime.
Hoje em dia há pequenos estalines em muito lado, que continuarão intocáveis. Não há lei que os puna, não há vontade política, não há moral para o fazer, pois todos estão enlameados.
É no desporto, é na política, é na cultura.

Ainda há tempos Macedo Vieira acusava de «esquizofrénico» um adversário político, corajoso e frontal, só por ter tido a coragem de denunciar erros e golpadas na sua administração pouco transparente. Um médico, a usar o seu múnus, como arma de arremesso! Se as circunstâncias fossem outras, talvez Silva Garcia fosse internado num campo de recuperação. Talvez se criasse um GULAGUE para os oponentes ao regime macedista, com os tratamentos psiquiátricos adequados, as cautelas e as medidas de segurança típicas dos paranóicos no poder! Por coisas semelhantes Sakharov (mais tarde prémio nobel da Paz...)f oi internado, e tantos outros dissidentes soviétivcos foram parar a campos de concentração por ousarem contestar o regime. Os ditadores, incapazes de responderem aos argumentos, tinham o argumento da força: «interne-se, é um louco, irrecuperável para o regime!» Já vi, noutros contextos, outros Macedos Vieiras usarem o seu múnus profissional para agredirem, enxovalharem, atacarem cobarde e cinicamente adversários incómodos.Noutro contexto, com liberdade de acção, sem peias legais, com as necessárias cumplicidades como é óbvio, Macedo Vieira seria um pequeno Estaline, mas mais violento, mais intimidador, mais ominoso... Gulags não faltariam para dar sequência ao seu perfil persecutório e pouco democrático sobretudo no tocante a transparência.

Vimos o seu ar vitimizador com umas frases normais de Ilídio Pereira. Este, tinha motivos de sobra para o criticar. O seu próprio filho fora achincalhado de forma ignóbil pelo cacique poveiro. A tudo resistiu, com serenidade, com coragem, sem medos. Deu um exemplo de coragem cívica, de cidadania autêntica, perante o cacique local, facilmente enxofrado, facilmente melindrado por coisa de lana caprina.

O regime actual presta-se a confusões. Há quem se julgue mais esperto por ter mais poder, mais dinheiro, mais honrarias. Há quem se julgue acima da lei. De facto, presta-se a confusões e a abusos tremendos.

Há um caldo de cultura propício ao atropelo sistemático aos mais fracos, aos mais débeis, aos afastados do poder. Há que travar esta onda persecutória, esta avalancha antidemocrática, é o regime que pode estar em causa! é Abril que pode estar a ser submerso por tiques mais próprios do «28 de Maio»...

Vemos na Madeira, aquele homem atirando catilinárias, num desbragamento a roçar o histerismo, e sem um incómodo da parte das instâncias judiciais. Farta-se de chamar os nomes mais odiosos a tudo e a todos. Por questões de lana caprina. Mas nada lhe acontece, tudo amocha, tudo se agacha.

No ante 25 de Abril vi cenas de uma prepotência incrível, sobretudo no reino militar, na atmosfera castrense, onde a democracia nunca imperou. A hierarquia a impor-se de forma abjecta, estulta, sobretudo da parte de oficiais do quadro para com milicianos. Ainda recordo o sargento Abecassis, em Luanda, na BA 9, a ser castigado por ter cometido um acto de autêntico heroismo... não daquele heroísmo louco, de mata e esfola, mas de outra índole, de um cariz mais elevado... mas não atendível pelos caciques reinantes...

Os contextos vão propiciando a estalinização. Há que a travar, custe o que custar. Fora com os estalines de baixo estofo cívico.

Nenhum comentário: