sábado, março 28, 2009

DIÁLOGOS INTEMPORAIS...




















Eça de Queiroz entrevista Acabado Silva...
Eça_ Caro professor, às vezes interrogo o meu monócolo e pergunto aos meus botões se o senhor não será fruto da Lei de Gresham?!
Acabado Selva_ Isso é pergunta que se faça? Isso roça o insulto, sabia?
Eça - Meu caro, em democracia plena há liberdade, há uma margem de tolerância que possa permitir a livre expressão dos pensamentos. Mas eu não sou economista, como o senhor, esse termo suponho que já foi usado por si para verberar comportamentos de alguns seus companheiros (talvez Santana Lopes, se bem me lembro...) daí não vislumbro qualquer maldade... a não ser que queira aplicar aos outros carapuças e não aceite enfiá-las!
Acabado - Não, claro que não, eu sou muito democrata e elogio os jornalistas. Tenho aqui o José António que me segue para todo o lado e respeito muito. Você é um jornalista diferente. Eu aprecio muito o culto da personalidade, sabe, dá mais jeito nas campanhas. Você nunca seria contratado por nenhum político para assessor de imprensa...
Eça - Nisso dou-lhe total razão, professor. Não tenho vocação para lambebotas. Mas, diga-me lá, o senhor prometeu estabilidade, prosperidade, captação de investimentos, enfim, consigo Portugal iria subir no ranking das nações e, afinal, é o que se vê...
Acabado - Em campanha a gente excede-se. Eu não devia ter prometido isso tudo. Mas o Manuel Alegre era um adversário temível, tive que usar todas as artimanhas para o derrotar. Se ia à segunda volta estava feito num oito. O que me valeu foi o Sócrates com aquela ajudinha final. Se fosse à segunda volta. Deus me livre!...
Eça - Meu caro professor, diga-me lá por que fez aquela cena na Madeira, perante o Jardim, quando ele chamou «bando de loucos» aos deputados? O seu silêncio foi ensurdecedor!!!
Acabado - Meu caro Eça, o que iria dizer? Os próprios deputados do PSD (afinal a maioria no Parlamento Regional) calaram-se e aceitaram de boa mente o «elogio». De facto, só um «bando de loucos» votaria naquele animal político!
Eça - Mudemos de tema. O juiz Carlos Alexandre vem manifestar a sua impotência no combate à corrupção por causa das leis. Não acha que estamos num país de «passa-culpas»?
Acabado - Isto é um país de idiotas, idiotas muito úteis convém frisar. As leis são feitas para fazer singrar os corruptos. Os deputados é que fazem maioritariamente as leis. O povo é que elege os deputados. Elege quase sempre os mesmos ou os dos mesmos partidos maioritários. Em última instância o povo tem os corruptos que merece. Quer que eu mude de povo? não posso. Tenho que «dançar ao som da música»?
Eça - Reconheço o seu talento, professor. Raramente se engana. Essa análise sobre o povo é magistral, não se esqueça que irei recordar isso em campanha eleitoral...

4 comentários:

Manuel CD Figueiredo disse...

O "rouxinol" falou por mim. É como se eu próprio tivesse desabafado. Por momentos descansa a raiva que nos enfurece.

José Leite disse...

Eça continua vivo!

Rafeiro Perfumado disse...

Eça hoje seria muito possivelmente um ministro com interesses imobiliários na zona de Alcochete... ;)

Abraço!

José Leite disse...

Meu caro Rafeiro:

Por essa sugestão malévola e sem fundamentação credível estará condenado a ser eternamente «rafeiro»...

Mas... está perdoado... há tantos por aí e não se assumem como tal!