sábado, dezembro 20, 2008

Um Régio do cinema!

Meu Deus, eu sei que não sou um Spilberg, mas ao menos falem de mim, pelo teor das minhas obras e não somente por causa dos meus cem anos. Quando chegar aos duzentos (espero chegar lá...) talvez falem do meu espírito inovador na sétima arte...

ENTREVISTA (FICCIONADA) COM MANOEL DE OLIVEIRA
RB- Meu caro Manoel de Oliveira, considera-se um José Régio do cinema?
MO_ Talvez, pois sempre bebi muitos conhecimentos na obra de Régio, de quem fui amigo pessoal e admirador. O seu mundo interior sempre me fascinou. A sua preocupação com certo misticismo, a sua obra é digna de uma exegese profunda pois é de uma riqueza impressionante.
RB_ Dizem que Régio está fora de moda, desactualizado...
MO_ Essa acusação é tão enfadonha e já circula há tanto tempo que mete dó. O tema da espiritualidade, da problemática do bem e do mal, é sempre actual e está no âmago de todas as culturas.
RB- O livro que vai editar fala de Budismo, fala de Maomé, fala de religião, tout court, não acha que será um tema enfadonho também? Será literatura para «adormecer», será um pouco de «ópio» para certos críticos ...
MO- Os críticos fazem-me lembrar os eunucos...
RB- Os eunucos?!
MO- Sim, os eunucos sabem dizer como se faz, mas não conseguem fazer...
RB- Está magistral essa analogia, nunca tinha visto uma crítica tão certeira aos críticos. Eles, de facto só sabem deitar abaixo e não conseguem erguer o mastro da criatividade... estão sempre no bota-abaixo, não conseguem manter-se erectos na capacidade criativa e realizadora...
MO_ Por isso é que eu sou um REALIZADOR e não um crítico!...

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