Talvez tenhas razão, rouxinol, mas ser Presidente do BCE não é fácil. Talvez tenha reagido tarde demais...
A crise alastra de forma galopante ameaçando o tecido económico empresarial de forma assaz contundente. A economia arrefeceu, há recessão no horizonte, falências à vista.
Se de facto esta situação pode ser imputada em parte ao fenómeno do chamado efeito dominó causado pelo sub-prime e outras toxidades na banca americana, não é menos verdade que Wall Street não pode arcar com todas as culpas.
O presidente do BCE demorou a baixar a taxa de juro de referência sob o pretexto de previsibilidade de surtos inflacionistas. Se é certo que o preço do petróleo estava a causar efeitos nefastos (a chamada «bolha» acabaria por rebentar... como era previsível), também era verdade que era preciso agir nas taxas. A Reserva Federal foi mais activa. Nos States houve a noção da complexidade do problema e este foi atacado em várias frentes. Cá, demorou-se tempo demais e foi a pressão dos governos nacionais que obrigou o douto presidente a reagir.
A nível indígena há que actuar a vários níveis. Se é certo que a baixa de impostos não desencadeia obrigatoriamente um igual impulso no aumento de investimento, pode dar um sinal psicológico importante aos agentes económicos. Baixar a carga fiscal (cirurgicamente, claro...) pode aumentar o rendimento disponível das famílias e fomentar certo consumo que vai potenciar o arranque da economia. Taxas de juros baixas, petróleo baixo e desafogo fiscal poderão ser o «tridente» para o relançamento económico! Muita gente pensa como eu.
Com a construção civil parada, era bom dar um empurrão no sistema. Que o governo não seja tão moroso e «pesado» a agir como o foi Jean Claude Trichet, são os meus sinceros votos.
O sector da construção civil (ainda mais do que o automóvel) é uma alavanca com efeitos multiplicadores e arrastadores incalculáveis. Manuela Ferreira Leite já corrigiu a sua postura neste domínio pois era tão óbvia a força dos argumentos do governo para apostar nas infraestruturas (mesmo sem terem um retorno imediatista...) que teve que ceder. É óbvio que o aeroporto de Alcochete e o TGV poderão não potenciar vantagens muito palpáveis no curto prazo. Mas nem só de curto prazo vive um país. A miopia política foi um dos males deste regime. Há que olhar para o futuro e potenciar o seu crescimento de forma lógica, racional, sem olhar aos possíveis custos eleitoralistas.
Quando um país inteiro pára e dá demasiado relevo a um conflito laboral como o dos professores, esquecendo os grandes desígnios estratégicos nacionais é um país a sofrer de miopia grave!
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