sexta-feira, dezembro 19, 2008

Senhor Presidente, eu tinha razão!

Humildemente reconheço que o mal não era só «pessimismo militante», os que chamava de «profetas da desgraça» tinham carradas de razão... quando a «coisa» dá pró torto é que a gente vê o mal. De facto nunca pensei que a falta de supervisão fosse tão gravosa, nas bolsas, na banca, até no Nasdaq! tinhas razão rouxinol! Mea culpa!... O incêndio ainda foi maior do que imaginavas!...





Em 20 de Maio de 2008 coloquei um post satirizando o Presidente da República por fazer referências excessivas aos críticos do sistema, aos que constantemente apontavam o dedo ao facilitismo, ao laxismo de entidades de controlo, gerando um incêndio de proporções graves. Incêndio de corrupção entenda-se...

Pus um bombeiro a apagar esse incêndio com uma agulheta. O PR a dizer que quando esgotasse a água tinha um extintor com «optimismo»... para debelar o mal. O bombeiro insurgia-se e contestava a eficácia do tal «extintor»...


Agora, ao olhar para trás (Maio de 2008), não posso dexar de meditar. Os que, como eu, verberavam o «laissez faire laissez passer», dos idiotas que recomendavam menos Estado, do «desmantelamento total do Estado», como afirmou o putativo candidato a presidente de um partido, não deixam de ficar indignados com os que os mandavam calar acusando-os de «pessimismo»!!!

Eu sempre disse que o problema não está em mais Estado ou menos Estado, está isso sim, na transparência, no cumprimento de regras, na racionalidade económica empresarial, no respeito por normas de supervisão credíveis e funcionais, prevenindo evasões e fraudes de diversa índole. As falhas de supervisão poderão ter motivações humanas (inépcia e/ou corrupção dos supervisores...) ou também intrínsecas ao próprio ordenamento jurídico que é redutor e pouco objectivo nalguns casos....

É conhecido o caso de um presidente de uma autarquia que se recusou a fornecer dados concretos sobre horas extraordinárias exorbitantes. Alguém foi apurar o porquê dessa recusa?
Será que não eram horas fictícias, será que não eram artifícios para sugar ainda mais o Estado para saciar a voracidade de clientelas? Onde está a fiscalização, a supervisão? Que é preciso fazer para saber a verdade? Onde está a transparência?
Serão tão corajosos que têm medo da verdade?!

Contrapunham com argumentos idiotas: «espírito pidesco», «polícias da banca», «devassas ao Estado», «espírito persecutório»!... E alguns até tiveram o desplante de porem os críticos em tribunal!!! Suprema cobardia, suprema canalhice!


Agora, sabendo-se as verdades, o que dizem as comadres?!!!

O povo paga a factura de falhas de supervisão. Que penalização para quem usufruíu benesses dessa falha de supervisão?



2 comentários:

Marieke disse...

Bela autópsia..e ainda mais brilhante dissecação do nosso sistema político..os meus parabéns..

José Leite disse...

Autopsiar não é a minha profissão. Mas que às vezes é preciso ir mais fundo, investigar, dissecar cadáveres, lá isso é!...