
Vem ver agora o meu país que já
não tem Camões nem Índias para achar
só tem Pessoa e o império que não há
sentado à mesa como em alto mar.
A viagem que faz é só por dentro
e escreviver-se a única aventura.
No pensamento é que lhe dá o vento
ele é sozinho uma literatura.
Eis a vida vidinha cega e surda
ditadura do não só do pouco.
Ser homem (diz Pessoa) é ser-se louco.
Heteronimismo de si na hora absurda
viajando no sentir escreve sentado.
E é Pessoa: "futuro do passado".
Nota: Homenagem de Manuel Alegre ao poeta dos heterónimos.
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