O padre António Vieira não foi apenas um grande escritor, um exímio cultor das letras, um burilador do verbo na mais elevada expressão. Foi também, e acima de tudo, um combatente da cidadania, um cultor dos valores cívicos, um expoente da libertação. Isso acarretou-lhe dissabores dentre os colonos exploradores da mão-de-obra escrava, isso trouxe-lhe perseguições políticas. A Inquisição, mais ao serviço de poderes terrenos do que da causa da fé, saíu-lhe ao encalço e procurou exterminá-lo. Não o conseguiu totalmente, mas tentou amordaçá-lo.
Hoje em dia quando vemos alguma Igreja (nem toda, há que o reconhecer) apostada em prestar culto aos poderes políticos (o caso da Madeira ultrapassa o mero servilismo e atinge o patamar da obscenidade), há que prestar homenagem a este Homem que soube ser firme e erecto num tempo em que custava bem caro, por vezes a própria vida.
ANTÓNIO VIEIRA UM SÍMBOLO DE INDEPENDÊNCIA CÌVICA
Olhando com olhar sério o passado
Mergulhando na era esclavagista
Vieira foi proscrito, censurado,
Mal-amado por ser um futurista.
Quem ousa ver futuro no presente,
Plasmando novos rumos no pensar,
Quem lança com coragem a semente
Futurista, um risco vai arcar.
E Vieira enfrentou a Inquisição
Braço indigno da Igreja prepotente,
Pecou por caminhar no tempo à frente.
Hoje, somos Vieira em embrião,
Enfrentando esta Igreja-Situação
Incapaz de lutar contra a corrente.
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