Os diálogos que se seguem são pura ficção. Por favor, não confundir com a realidade. Esta, dizem os entendidos, é muito pior...
_ Meu caro coronel Dourado então que manda?
-Meu caro, mando-lhe saúde e boa disposição. Que o diabo seja surdo, mas a saúde é o que mais importa. Como vai a família, tudo bem?
-Felizmente bem, graças a Deus. O meu filho mais velho lá acabou a licenciatura, deu jeito aquele empurraozinho do meu coronel... Mandou aquela cadeira que faltava por fax e acabou o curso...
-O fax é muito democrático. Serve para todos. Desde o fax de Macau até ao fax cá do coronel, isto é trigo limpo farinha amparo!... Deus nos dê saudinha amigo Já Não Sinto... Olhe é para lhe dizer que foi nomeado para o tal grande encontro, com a gajada de Lisboa...
- Mas, eu não quero ser usado outra vez, sabe como é, dá nas vistas...
-Lembra-se daquilo do verão passado?!
-Claro que lembro, foi formidável! Pronto, esqueça o que disse, dê ordens patrão!
-Eu quero pelo menos o empate, ouviu! Use a estratágia M e deixe-nos actuar com o plano S!...
-Estratégia M e plano S? Já não recordo...
-Não se faça de tanso! eu estou aqui na tasca do Zé da Aldeia não há perigo de os esbirros da judite andarem por aí... O plano M é o "mergulho na piscina", carago!! Os nossos andam ali perto da área, atiram-se para a piscina e truca! há aquelas faltas cirúrgicas que, de tanto acontecerem, dão golo... Na nossa área nada, claro! Só umas faltinhas inofensivas no meio-campo, até pode ser contra nós, só pra despistar... Mas na deles, é preciso muitas e perigosas... tantas vezes vai o cântaro à fonte... que, numa delas, pode ser golo!
- E o plano S, qual é?!
-Ó pá você não tem ido àquelas reuniões lá no Barco de Camaveses, carago? Não sabe que depois do golo obtido há que dar Sarrafada, e você (e toda a malta do esquema, claro) faz vista grossa, senão... eu quero aquela gajada de Lisboa toda de joelhos perante a Torre dos Clérigos, já passou o tempo em que íamos a Lisboa lamber as botas ao Marquês de Pombal!
-Essa não percebi!
-Você ainda tem nessa caximónia aquela ideia nortista, aquele bairrismo que se entranha cá na mioleira e nunca mais sai, até a terra comer as ossadas. Toda a gente tem carago: polícias, juízes (excepto aquele ingénuo de Gondarém...), professores, árbitros, empresários; a gajada de Lisboa só é boa com os pés prá cova! São uns sulistas, elitistas, sei lá, uns gosmistas, querem tudo para o Terreiro do Paço e nada para os Clérigos. Isto agora mudou, ouviu?
- Conte comigo, meu coronel! e não se esqueça dos "pimentinhos"...
-Não esqueço não! Se a malta ganhar àquela gajada de Lisboa dobro a parada, ouviu?
-Você manda, coronel! Já agora também um pedido: quero ser internacional, veja lá... dê um empurraozinho na classificação, arranje-me sempre bons obseradores...aqueles que só dão notas altas, fixes! Olhe, o meu cunhado, o Escova, aquele empreiteiro que comprou aquele terreno... espera que para o ano já lá possa construír...
-Sim, pá! Estou a dar umas dicas a uns gajos para aquilo andar depressa, eu também tenho interesse nisso, a minha comissão também virá com a autorização.Mas já andei depressa demais aqui num caso recente e deu muito nas vistas... é preciso dar tempo ao tempo...
-Então combinado, meu coronel! A gajada de Lisboa vai levar naquelas ventas que nem sabe onde fica o Marquês!
-Gosto disso, pá... no verão, já sabes, conta comigo outra vez...
Cai o pano. O coronel é beijado sofregamente por uma senhora muito bem apetrechada em termos lácteos e não só... é a D. Judite, do Porto, claro!...
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