sábado, fevereiro 14, 2009

A génese da Crise!


D. Crise, vermelha como o sangue puro, rubra como a verdade, continua a assombrar o país, mesmo quando o país não lhe reconhece credibilidade!
Lia um romance de Eça de Queiroz, «Os Fidalgos da Casa Mourisca»; fascinada e fascinante, com aquela beleza do mais puro quilate, com o astral em cima, olhar puro lucilando coragem e voluntarismo, insubmissa, rebelde, como que a dizer que a estética não se deixa subordinar aos caprichos da plutocracia ou da oligarquia mediática reinante cá no burgo, olhou para mim com o ar de uma pantera pronta a devorar a presa, mas sem sofreguidão, sem ansiedade, é que há presas bem mais suculentas... um pobre rouxinol, pequenino e com muitas penas, leves por sinal, não é do seu género...
D. Ficção,a minha parceira, serviu de testemunha, neste diálogo apaixonante, que porá o país em estado de choque!
Ela foi de uma coragem inexcedível:
_D. Ficção, a si dou a entrevista __disse ela levando a mão aos cabelos de cetim, erguendo o busto opulento, com ar de «vamp» atrevida e ousada...__ mas a esse rouxinol não passo cartão, não me merece credibilidade...
Assim foi. D. Ficção fez a entrevista. Eu assisti...
Ficção: «O que pensa do momento que Portugal atravessa?»
Crise: «Penso muito mal deste período. Direi que há uma campanha negra para desacreditar a Verdade. Sou vítima dela...»
F: «Mas a que se deve tal? Será que o império da Mentira está a invadir Portugal, como se de uma nova moirama, uma nova invasão de bárbaros?»
C: «Acho que há um descrédito generalizado. Aqueles que dizem a Verdade são completamente esmagados pelos que são amantes da Mentira. Até a justiça anda a reboque dessa megera!»
F: «Isso é muito grave! Tem provas concretas?»
C:« É muito difícil fazer crer à justiça que as provas são provas. A justiça, talvez instigada pela Mentira (mas não tenho provas, só suposições...) anda a reboque dessa campanha negra, desencadeada pela megera (também não tenho provas, mas os indícios são muitos...).»
F: «Mas você vive mergulhada num mundo de indícios, de suposições, de suspeitas. Não acha que é pouco credível a sua argumentação?»
C: «Olhe, Ficção, eu sinto-me na pele do primeiro-ministro. Coitado, um homem inocente, completamente enxovalhado por uma campanha negra que o tenta assassinar politicamente, levando-o a tomar posições corajosas e frontais!»
F: «Não compreendo onde quer chegar! Quem está por trás dessa campanha negra? Será o Mantorras? Ou o Barack Obama?»
C: «Julgo que é a Mentira. Julgo que é ela, essa megera, que manipula a justiça, e esta, contra a vontade do primeiro-ministro, não avança nas investigações, não apura a verdade e deixa pairar a dúvida...»
F: «Ainda bem que é a Mentira que está por trás disso! Não haverá hipóteses de a submeter ao império da Verdade?»
C: «É muito difícil. A Verdade não tem meios financeiros, não tem recursos, anda sempre a reboque da Mentira e da Meia-Verdade...»
F:«Então o primeiro-ministro está a ser vítima da Mentira?»
C: «Claro! Ele quer que as investigações avancem, quer que se dissipem as dúvidas, mas a justiça, talvez comandada pela Mentira, não avança, não investiga, deixa pairar a suspeição , para que ele seja queimado em lume brando...»
A conversa ia animada. Eu, rouxinol, ia ouvindo e registando. Ao fundo, numa azinheira, um corvo pousou. Começou a grasnar:«Andam todos a roubar... rou..bar...bar...bar...!»
É verdade. A campanha negra alastra por todo o país!!!

Um comentário:

Dimas Maio disse...

Caro Rouxinol:

É piramidal, esta vertente da sua arte literária!
Realmente o texto em forma de diálogo, convida à leitura que se torna mais acessível à compreensão imediata. Sobretudo para as pessoas sem grande formação académica.
Reitero: É piramidal este produto da sua imaginação !
Parabens !