Leio sempre com atenção as crónicas do professor de economia João Cesar das Neves. Hoje, no DN, sob a epígrafe «Erro estratégico...» ele desanca a política económica e o arrojo financeiro deste governo ao enveredar pelo investimento em obras públicas, como se fosse gato esfomeado a bofe suculento.
Se não é boa política eu pergunto:
1- Com a crise no horizonte, com as empresas privadas a desinvestirem ou gerarem falências (algumas de pendor fraudulento...) como estancar o desemprego? Seria preferível mandar toda a gente para o fundo de desemprego?
2- Como estimular a iniciativa privada? Com chorudas prebendas fiscais (perdões e mordomias como no tempo de Oliveira e Costa?), com incentivos faraónicos que redundaram em fiascos?
3- Será que é mau fomentar investimento em obras de pendor trabalho-intensivo (em detrimento de obras de cariz capital-intensivo)? Barragens, reparação de escolas e hospitais não é melhor do que ficar à espera do investimento privado que continua com gordos saques em off-shores e só sairá da toca pelo seguro?
4- Será que à míngua de investidores privados o papel supletivo do Estado neste domínio é mau?
Imagine-se que era adoptada outra política: generosidade fiscal com abaixamento brusco dos ditos e não concomitante entrada de investimentos do sector privado?
Diriam que o governo era ingénuo, não criava empregos, não era capaz de tomar medidas anti-crise, que era perdulário!
Agora, que o défice pode subir (dada a folga orçamental conseguida com duro esforço até aqui) e há inclusive directrizes da união europeia nesse sentido, não deixa de ser caricato vir carpir (hipócritamente...) contra o eventual aumento do défice por causa da aposta no investimento.
É óbvio que obras como o TGV e novo aeroporto serão sensatamente contidas até que soprem novos ventos no clima económico e na paisagem financeira.
Ai se o doutor João César das Neves fosse o manda-chuva (ou manda-neves...) isto sim, seria o oásis, o paraíso terreal, o local onde o leite e o mel jorrariam qual maná bíblico!
Valha-nos nossa Senhora das (e dos) Neves!!!
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