Matiano Rajoy não vê com bons olhos certas personagens...
O fundamentalismo existe e continuará nas mentes dos fanáticos...
Fanáticos não são só muçulmanos.
No dealbar do sec xxi assistimos ao ressurgimento de teocracias belicistas que fazem lembrar a Idade Média. A santificação do martírio, a guerra santa, a cruzada, a globalização como meta a atingir por todas as religiões, são fenómenos da era hodierna sobre os quais importa meditar.
O diálogo de civilizações impõe-se. Há que fazer cedências e actos de contrição da parte de todos nós. Há que mergulhar no passado, nas bestializações da Inquisição, nos horrores do Santo Ofício, nas prepotências cometidas em nome de Deus, e, com prudência e sem dogmatismos, tentar aplanar caminhos, desmistificar sacralizações, aprofundar o diálogo entre as civilizações.
As religiões são factores de litígio, alvo de críticas acerbas, mote glosado por vários doutrinadores sociais. A eclosão das teocracias com pendor belicista (sobretudo de origem muçulmana, mas não só...) obriga-nos a repensar a sociedade e os códigos de conduta. Há que estar atento pois todos poderemos ser esmagados por doutrinas totalitárias que, sob a capa protectora do sacro, mais não visam que subjugar o homem por outro homem.
Actualmente em Madrid, Mariano Rajoy (do PP) insurge-se sobre a qualidade de alguns intervenientes na causa. Será que um laico não pode inserir-se nesse movimento de pacificação?
Pessoalmente julgo que sim. Um laico tem até mais credibilidade para ser árbitro isento de uma causa onde a paixão exacerbada costuma ser o pano de fundo, o fanatismo o cemitério de todas as tentativas de aproximação.
O traumatizante litígio entre palestinianos e judeus, que se prolonga indefinidamente no tempo, poderá ser a parte visível de uma luta de «multinacionais do turismo religioso» que se digladim por conquista de espaço para ganharem poder e dinheiro à custa da religião. É aberrante o prolongar desta guerra estúpida e sem sentido.
Admiro os laicos que sentem a necessidade de intervir para cortar o mal pela raiz. Eles poderão sentir o que leva o médico a tentar curar determinadas doenças. Eles poderão ter a paixão dos cientistas que pretendem descobrir vacina contra a sida, o cancro, as pandemias mais diabólicas.
Sejamos lúcidos: estas exteriorizações de alguns fanáticos religiosos são sintoma de doença, de patologia social grave, e é nesse domínio que se deverá actuar. O mundo precisa de saúde (sinónimo de Paz) e não de doença (sinónimo de belicismo).
Cada vez assistimos a aproveitamentos da fé dos crentes para a exploração, para a venda de armamentos, para o culto patológico de um mercantilismo obsceno. Há que olhar em profundidade. Há que ir à génese das coisas. Os ingénuos úteis vão no engodo, são carne para canhão, são marionetas simplórias nas mãos dos timoneiros da barca fundamentalista.
Guerrear, lançar bombas, matar em nome de Deus também foi prática da Igreja Católica ao longo dos tempos. Temos que ser tolerantes para esta aberração que agora eclode com mais exuberância, mas que irá passar com o tempo, com leituras mais benignas dos livros sagrados, com abordagens mais lúcidas das realidades. Há que dar tempo ao tempo.
Estes diálogos inter-civilizacionais são úteis se desdogmatizados, se descarnados de fanatismo puro e duro. O laicismo poderá ser um árbitro lúcido e inteligente, uma barreira ao cego culto do belicismo como caminho de salvação.
Fazendo uma retrospectiva das religiões nós concluímos que os excessos que hoje nos parecem um pesadelo eram naturais à luz daqueles tempos. A escravatura foi uma instituição perfeitamente tolerada, a raça negra foi durante séculos considerada inferior, a mulher ainda hoje é considerada (mesmo pela religião católica) como tendo um estatuto inferior ao do homem.
Às vezes nem nos apercebemos destas injustiças flagrantes. Por que é que uma mulher não pode ser sacerdotiza? Será que Deus deu maior «condão» ao homem? Será o «falo» esse requisito de superioridade? Deus, Ele próprio, será o Pai ou a Mãe da humanidade?!
Estas aberrações hão-de acabar, o tempo será o melhor remédio. Até lá saibamos abrir o caminho do futuro com clarividência e sem dogmatismos estultos.
Admito que possa estar errado, mas julgo mais pertinente entregar a tarefa dialogante a pessoas como Mário Soares ou Jorge Sampaio do que a um cónego Melo ou alguém de perfil similar.
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