quinta-feira, janeiro 17, 2008

Banca ao serviço da economia ou o inverso?!


A banca continua a engordar à nossa custa. O recente escândalo no Millenium-BCP vem mostrar à saciedade a injustiça fiscal que grassa neste país, e que é, ninguém duvide, uma amostra da injustiça social que campeia. Um regabofe na banca e um apertar do cinto nas famílias, nas pequenas e médias empresas, na saúde, na educação, enfim, algo está podre no reino da Economia.
Os off-shores, com todo o cortejo de opacidade que permitem escandalosas fugas fiscais e outros pecados de lesa-economia, estão na ordem do dia. O povo é obrigado a viver em regime de vacas magras, em austeridade permanente, em regime de emagrecimento compulsivo. A banca, essa porca nédia e luzidia vai alimentando porquinhos que dela sorvem todo o leite fiduciário, vai engendrando pequenos midas que aparecem depois a mandar postas de pescada nos jornais, nas TV's, enfim, em tudo quanto é palco mediático. Todos conhecemos os seus rostos nédios e luzidios... o seu sorriso alvar, a sua pesporrência acéfala e desbragada...
Fazem-se operações Furacão (só para inglês ver...) procurando dar a entender que tudo está sob controlo apertado, mas, de facto, é um regabofe pegado. O que se passa no BCP deve estar a passar-se em quase todos os bancos, ninguém se iluda. Só os ingénuos é que admitem o contrário. Estamos todos a alimentar essa porca-gigante que engorda cada vez mais e vai emagrecendo o tecido económico-empresarial. Máquina vampiresca, sugando até o suor dos seus próprios funcionários, esta caça-níqueis de alto gabarito vai dando cabo da economia nacional com o beneplácito do sistema partidocrático que nos desgoverna. Basta dar uns míseros tostões para as campanhas eleitorais e está tudo de bico calado! Todos mamam e o sistema prossegue, o seu ritmo imparável rumo ao abismo. Quem levantar a voz é ostracizado, linchado na praça pública, ou considerado louco! Sim, é precisa uma certa dose de loucura sadia para alertar o povo adormecido pelos domesticados media!
Quase todos os partidos, à custa de uma forma de financiamento pouco transparente ususfruem benesses com o status quo. É aí que reside o pecado original do sistema. Digamos que é aí que a porca torce o rabo!
Em tempos Jorge Sampaio teve a ousadia de verberar este sistema, falando na função social da banca, no sentido de sensibilizar toda esta engrenagem para o financiamento da inovação tecnológica, dos jovens empresários, dos riscos necessários para um maior incremento da inovação. A banca ao serviço de uma economia sã e não a economia ao serviço de uma egocêntrica engrenagem que procura sorver todas as poupanças ainda disponíveis pelos já mirrados portugueses. Uma gigantesca bomba aspirante-premente que aspira a um ritmo alucinante pouco dando a quem a procura. A banca é madrasta para a economia, para o povo em geral, para os pequenos e médios empresários. É isso sim, concumbina do grande capital!
Jorge Sampaio falou mas.. foi logo silenciado!
Caíu o Carmo e a Trindade! O todo-poderoso e omnipotente João Salgueiro veio a terreiro defender a sua porca (sua dama...) e ainda se deu ao luxo de verberar o PR!
Há que ir ao fundo das questões. Fiscalizar a sério esta engrenagem que vampiriza o organismo económico-financeiro nacional provocando anemias a rodos. Qualquer dia temos um Portugal anorético por culpa do sistema bancário. Um país na falência enquanto a banca nada na opulência e os seus controleiros agem como bandoleiros, usando mil-e-um estratagemas para dela sacar fortunas descomunais. Ainda há pouco o omnipotente Jardim verberava quem denunciou aquela situação escandalosa ocorrida com o seu próprio filho! O mal não era o escândalo em si mesmo, mas sim quem deu conhecimento do caso à opinião pública!!!
O direito à indignação deve ser exercido por todos nós, cidadãos ainda não capados pelo poder , ainda não narcotizados pela comunicação social vendida ao poder político e económico, pelos opinion makers lúcidos e não enfeudados ao status quo. Quantos, para tratarem da vidinha, ocultam estes escândalos com medo de perderem as mordomias? Quantos, embora sabendo isto tudo, metem a cabeça na areia com medo de ratalições, com medo que se esgote o filão das pequenas mordomias que o poder concede, quais migalhas que vão caindo da mesa orçamental?
É o escritor que se refugia na abstração, na pesquisa de coisas do passado, no alinhavar de linhas laudatórias aos que lhe vão fornecendo as lentilhas da humilhação, ele é o jornalista que passa a vida a dizer mal de quem tem a coragem de denunciar os escândalos e as corrupções, ele é o padre que nas homilias em vez de verberar o pecado da corrupção se limita a ficar escandalizado com a magnitude do pecado da denúncia! Tal como Jardim, o mal está na denúncia e não no escândalo em si mesmo! Farisaísmo mais miserável este!
Cada vez há mais poetas de treta, de lana caprina cor-de-rosa, de banalidades sem conta, olvidando o combate, a intervenção lúcida nas questões da pólis, nos assuntos graves que fazem com que este país se vá afundando no charco da mentira, na areia movediça da hipocrisia, no lodo da bajulação ao poder. Literatura de trampa que recebe prémios pelos gestores desta
porcinolatria! Asnocracia em plenitude!
Escritores do meu país, onde estais? Porque não tendes coragem de dizer que o «Rei vai nu»?!
Bem diz o povo: «o medo guarda a vinha»!

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