«Há nalgumas comarcas, autênticos condes e marqueses»...
É sabido que a democracia tem virtualidades mas também defeitos. Nenhum regime é perfeito.
Este, digamos que é o menos mau. Contudo, há que estar alerta e corrigir os vícios e as situações menos transparentes que poderão conduzir ao défice democrático.
No estertor da monarquia houve dois factores que, paralelamente aos adiantamentos para a Casa Real e face à crise económica então vigente estiveram na génese da impantação da regime republicano.
Havia uma enorme promiscuidade entre a monarquia e a justiça, a ponto de uma dualidade de tratamentos flagrante. Os burgueses abastados e os nobres tinham tratamento privilegiado na instãncia judicial.
Hoje assistimos (só não vê quem não quer) a uma dualidade de tratamento configurando até uma
certa dicotomia pouco benigna e nada compatível com um regime democrático e mais parecendo estarmos em monarquia. Os detentores de poder (local, central, económico-financeiro) são olhados com deferência na esfera judicial, dando azo até ao comentário supra-referenciado provindo de quem merece a maior credibilidade.
Isto não pode continuar assim. Há que corrigir tais excessos que não dignificam a Casa da Justiça. O actual bastonário da Ordem dos Advogados, mau grado certo populismo na linguagem, tem dado azo a comentários acerados sobre a postura de certos agentes da Justiça. Toda a gente lhe parece dar razão, pois todos já sentimos, uns mais outros menos, esta situação de injustiça flagrante.
Outro vector que importa referenciar, por ser de elementar justiça fazê-lo, e contribuíu para a queda da monarquia (e quiçá para uma certa animosidade, também excessiva... a seguir ao derrube da dita ) foi o comportamento da Igreja face ao regime. Era evidente que as classes nobres e as classes possidentes estavam umbilicalmente ligadas; havia um conúbio de interesses que extravasava e se reflectia em diversos patamares da sociedade) gerando natural desconforto para quem era marginalizado.
Agora, é fácil constatar este tipo de comportamentos destas duas entidades: justiça e clero. Aos olhos do povo, estão no pelourinho, sem dúvidas. É vê-las de braço dado com o poder vigente (sobretudo a nível local e na RAM, onde pontifica um homem que se transferiu de armas e bagagens do antigo regime para este... adaptando-se mimeticamente como o camaleão a ambos os ambientes!), assumindo publica e orgulhosamente, posturas pouco éticas (quiçá condenáveis), práticas mais apropriadas de um régulo ou de um soba do que de pastores da Igreja.
Não vale a pena apontar nomes. Todos conhecem essas eminências pardas que vêm perorar nos jornais e nas TV's, quais Rasputines da nova era.
Enfim, um certo czarismo de perfil cinzentão mas bem berrante no estilo espalhafatoso.
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