A corrupção não é exclusivo da esquerda nem da direita. Nem o centro está imune!
Que não sirva de arma de arremesso partidário.
O que está na génese da corrupção?
Sejamos lúcidos e sensatos: ela sempre existiu e continuará a existir, por mais caça que se lhe dê, por mais legislação que se elabore, por mais repressão que sobre ela incida.
Neste momento fala-se muito. Eu, já há mais de trinta anos que venho verberando a permissividade de leis que fomentam o prosperar deste cancro que ameaça os alicerces do próprio regime. Ela não é exclusivo da esquerda, nem da direita. Ela percorre todo o leque político-partidário com desenvoltura e atrevimento.
Há que a encarar com seriedade, com prudência, sem justicialismos populistas. Há que ir à génese das coisas: o parlamento. É lá que mora o pecado original!
Muitas vezes os próprios juízes vêem-se manietados por legislação ambivalente que é mais propensa a castigar o denunciante do que o prevaricador. Há estatuição mas não cominação suficientemente coercitiva, tornando certas leis inexequíveis. Há mil e uma maneiras de dar a volta ao texto, como se diz na gíria. O que é facto é que há quem se aproveite dessa ambiguidade, dessa falta de transparência.
Na Madeira, a possibilidade de os deputados serem detentores de firmas de construção civil com negócios de milhões com o Estado, é algo de aberrante e eticamente inconcebível. Os sinais exteriores de riqueza (de alguns) são evidentes e ostentatórios. Há que acabar com esta promiscuidade.
A situação de alguns governantes darem benefícios avultados a certas firmas e, pouco tempo depois, aparecerem como líderes delas é algo que merece ser investigado. Lá que não cheira muito bem não cheira. A mulher de César além de séria tem que ao menos parecê-lo...
A situação aberrante de nalgumas câmaras (não se pode generalizar) alguns terrenos (adquiridos por «testas de ferro» de algum decisor político) serem valorizados de forma escandalosa, por alterações cirúrgicas ao PDM, deve ser algo susceptível de merecer aprofundada investigação.
A utilização de «off-shores» para fins de evasão fiscal, manipulação de mercados, financiamentos partidários ou branqueamentos de toda a ordem, é algo que deve ser investigado a sério, doa a quem doer.
Certo laxismo ou falta de vontade política no aprofundamento dessas investigações será o corolário de certos financiamentos partidários? Será fruto de investimentos maciços em campanhas eleitorais? Será que a alegada «falta de meios» é sinónimo, isso sim, de falta de vontade política?
Estas interrogações são o cerne da democracia, são o que vai no íntimo de todos os portugueses de boa fé e de recta intenção.
Pede-se apenas:
Vá-se ao fundo das questões.Aprofunde-se a origem do mal e punam-se os responsáveis. De paliativos estamos fartos, de piedosas intenções está o inferno cheio!
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