Deveras surpreendido, lá fui, pensando com os meus botões: «Que me quererá o presidente?
Será alguma missão na minha qualidade de Agente 008 ao serviço de Portugal?
Recebido pelo Chefe da Casa Civil com pompa e circunstância, lá entrei. Um misto de curiosidade e até alguma ansiedade faziam-me estar um pouco tenso. O caso não era para menos.
Atirou-me de chofre:
__Sabes, rouxinol, sei que estavas disponível para conselheiro de Estado mas...__atalhou ele com um ar desculpabilizante...
Repliquei de imediato:
__Aquilo era a brincar, Senhor Presidente! eu esqueci-me de mencionar como «Nota final», que era para não ser levado a sério.
__A brincar ou a sério tu tens sempre uns apartes dignos de atenção. O certo é que meditei muito e achei que tens um perfil para algo bem mais elevado que simples conselheiro de Estado.
Aquilo é um forum de gente quase senil, é um papel tão decorativo como estes jarrões aqui do Palácio de Belém. Acresce o facto de ser uma sinecura, e tu és avesso a isso, sei bem. Por isso, se tu começares a adoptar uma postura panegírica em relação à minha pessoa, abandonando aquele estilo satírico, que faz rir até os funcionários mais humildes cá do Palácio, eu prometo nomear-te Conselheiro da Pátria honoris causa!
Respondi-lhe de pronto:
__Não me vergo a prebendas, não mudo o meu estilo a troco de pratos de lentilhas, também não posso acumular cargos!
__Mas, tu já tens esse cargo? __ interrogou-me irritado e incrédulo, o Presidente.
__Fui entronizado, o mês passado, na praça de Bocage em Setúbal pela confraria dos elmanófiloscomo Augusto Embaixador da Pátria Lusa a título humoris causa!
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