«A urgência é terreno fértil para os habilidosos...»
António Barreto dixit
Nunca esta asserção teve tanta acutilância. Nunca esta frase foi tão oportuna. Nunca a promiscuidade inter poder político/ poder económico teve um juízo assertivo tão sensato.
O que vemos por aí?
O presidente de câmara X quer entregar uma obra ao empreiteiro Y que por acaso é amigo, muito sensível às questões do desporto, muito empenhado nas campanhas eleitorais (não tem partido, mas toma sempre o partido dos que estão no poder...), mas há um pequeno óbice: é preciso fazer concurso público!
Vai daí o presidente diz que há «URGÊNCIA» em executar tal obra e então faz um simulacro de concurso, a que pomposamente dá o nome de «limitado» e entrega a obra ao amigo...
Ele sabe que a partir daí surgirão «obras a mais», «mordomias a rodos», enfim, todo uma parafernália de alcavalas que farão a obra inchar, inchar, como a rã da fábula!....
Agora, esta coisa de concurso público só para obras acima de cinco milhões de euros, é o fartar vilanagem, o «abre-te Sésamo!», o supra-sumo do aviltamento da democracia. Regras prudenciais são lançadas às urtigas, dando lugar ao despesismo mais afoito, ao galopar no cavalo do poder...
Sócrates (e por inerência os presidentes de câmara no poder... todos eles) terão a vida facilitada e a eleição praticamente garantida! O regular funcionamento das instituições está em perigo, o clientelismo tem aqui o seu passaporte!
Resta-me saber qual a postura de Manuel Alegre, sempre atento a esta problemática da corrupção e da ausência de regras prudenciais atinentes a toda esta problemática.
É muito mais gravoso este tema, do que o problema corporativo que é a «avaliação» dos professores... Aqui sim, está em causa a justiça social, está aqui aberta a torneira para o clientelismo desbragado, para a promiscuidade mais aviltante no poder local, nas regiões autónomas, na governação!
Aguarda-se também a postura arbitral de Cavaco Silva. Isto é muito mais gravoso do que aquela questão de lana caprina dos Açores!
Vamos ver quem está ao lado de uma democracia autêntica, da racionalidade económica, da justiça social, ou a contrario, ao lado dos lóbis, da empreiteirocracia sanguessuga que tem levado à anemia a economia nacional.
4 comentários:
Num país do Norte da Europa, onde a mentalidade e a seriedade é completamente diferente da nossa, esta medida não teria qualquer problema.
Mas em Portugal a corrupção não é condenada socialmente. Por isso, os temores são fundados...
Provavelmente o Manuel Alegre não vai dizer nada de especial. Tenho um pressentimento que o silêncio dele, ou pelo menos atitudesmais drásticas, foram comprados com a promessa do apoio à candidatura à Presidência da República... como ele é vaidoso...
Obrigado pela tua visita, volta sempre.
Gostei do teu blogue, voltarei mais vezes.
Abraço.
Talvez a nova semana tenha dificuldades, ainda assim haverá alegrias...
Talvez a nova semana tenha preocupações, ainda assim haverá soluções...
Talvez a nova semana traga alguns atritos, ainda assim trará o desafio do aprendizado do convívio...
Talvez não seja exatamente como a queremos, mas podemos nos surpreender e alegrar com o que nos trará.
Tomemos a nova semana com disposição de vivê-la do melhor jeito, de abraçar a parte feliz e de aprender com o que contrariar a nossa expectativa.
Tenhamos boa vontade com a nova semana e um sentimento de profunda gratidão à vida.
Um abraço
Nilsen Braceli:
Talvez, sei lá... a «vaidadede» pode existir, como certa forma de autoestima, mas nunca para fazer silenciar a integridade e a coerência!
Espero para ver!...
Sonia Schmorantz:
Profunda «gratidão à vida», sublime esse seu falar!
A sua presença é um bálsamo!
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