No presente a partidocracia impõe as suas regras...
Sá Carneiro nos alvores da democracia usava a pedagogia como caldo de cultura democrático. Dizia então:«Acima da social-democracia há a democracia...»
Hoje em dia, quanto um forte temporal partidocrático varre o país de lés a lés, tendo alguns picos em locais bem demarcados, é bom recuar no tempo e ouvir a voz da pedagogia.
Sá Carneiro, um dos pais da nossa democracia, sabia «despir» a roupagem partidária e assumir-se como estadista, como democrata de corpo inteiro; com o escalpelo da palavra ele sabia ir ao fundo das questões, escalpelizar os assuntos mais melindrosos; quando um comunismo com tiques totalitários mostrava a dentuça arrogante, ele, sereno e altivo, mostrava a sua formação pedagógica e dava lições. Um senhor no marasmo ideológico reinante. Um pensador autêntico!
«Acima da social-democracia há a democracia!» E, acima da democracia, a pátria! Era algo que brotava com espontaneidade como uma fonte de água pura e transparente alimentando a sede democrática que todos sentiam.
Quando a ditadura do proletariado impunha os seus cânones e um controleirismo cego, ele abria uma avenida de liberdade autêntica, um caminho de justiça e de tolerância. Foi barbaramente assassinado mas a sua mensagem há-de perdurar. O seu sacrifício não foi em vão!
Há que refundar a democracia e erradicar esta partidocracia economicista que nos atira para a cauda do pelotão europeu. Há que denunciar publicamente este aparelhismo mafioso que tudo controla e tudo abocanha sem respeito por ideias ou projectos vindos das oposições.
Digo isto para os social-democratas estilo Jardim mas também para os socialistas de igual estirpe. O «esterco ideológico» é similar, doa a quem doer.
Que democracia é esta em que um presidente da AR (Mota Amaral) se permite dizer que os inquéritos parlamentares não servem para nada, são tempo perdido?
E falava verdade! Os deputados estão «acorrentados» ao tronco partidário como os escravos quando eram brutalizados pelos «sinhozinhos» lá na sanzala brasileira! Não são capazes de um resquício de independência. E, quando o são (veja-se o caso de Manuel Alegre, actualmente) são logo apodados de ambiciosos, de querem fundar partidos, de quererem protagonismo fácil...
Não há fiscalização possível numa AR em que um partido tem maioria absoluta . Como estão as coisas actualmente. Nas AM's, mutatis mutandis, a música é idêntica!
Veja-se agora esta forma de gerir as escolas com alguém «vindo de fora», será um homem do aparelho, um controleiro puro e duro a servir de correia de transmissão do governo?
Estar-se-á, a pretexto de «reformular», a enterrar a democracia escolar, caminhar-se-á para a governamentalização das escolas? Será que o combate ao défice orçamental exige a criação de um novo défice, o défice democrático?!
O país precisa de saír deste atoleiro. Uma democracia autêntica faz falta. Cada um de nós, com uma reflexão séria e desinibida, deverá ser o protagonista. Que ninguém se demita dessa missão. O país precisa de nós! todos nós!
Nenhum comentário:
Postar um comentário