Gregório XVI, de nome Bartolomeu Alberto Cappelari cometeu alguns excessos que, vistos à distância, são motivo de gozo. Chegou ao ponto de , num excesso de autoritarismo, proibir a construção de linhas férreas e combóios...
Mas, observe-se o teor de um edital publicado à porta da igreja de Junqueira (Vila do Conde) a um domingo, 24 de Agosto de 1834 (citando Monteiro dos Santos in «Correio da Junqueira» de 18.12.2007).
«Por serviço de Deus, bem da igreja Santa de Jesus Cristo, defesa da Santa Religião e utilidade dos fiéis e salvação das suas almas, faz-se público que o Sumo Pontífice, ora presidindo na Igreja de Deus, Gregório XVI, foi servido no dia 8 de Fevereiro de 1834 publicar uma bula em pleno Consistório, pela qual lança excomunhão e seu interdito ao chefe do Governo de Portugal, D. Pedro de Alcântara, a todo o seu Ministério, a todos os que preparam as armas por ele mandados, a todos os eclesiásticos Seculares ou Regulares por ele nomeados ou empregados, a um padre Marcos Pinto Soares Vaz Preto, de Lisboa, a todos os seus satélites e declara todos suspensos de seus exercícios e ordens separados para sempre da comunhão da Igreja. Estas censuras são reservadas somente a S. Santidade e só em artigo de morte dá faculdade a confessores aprovados para absolverem destas penas, mas não àqueles que foram sentenciados
pelo Governo passado que esses estão por S Santidade privados de absolver nem em artigo de morte. Todos os padres ou clérigos a quem os capitulares nomeados por D. Pedro dão jurisdição não a têm se não a tiverem do Capitular legítimo, pois aqueles estão excomungados pelo Sumo Pontífice e privados de toda a jurisdição. Dá por nulo o santo sacrifício da Missa para eles oferentes e sacrilégio de condenação a tal que nem no dia tremendo obterão perdão. Ninguém se pode confessar com os tais, pois ficam as confissões nulas e sacrílegas e nem sequer podem ouvir-lhes a Missa. Para ao que tentar o contrário ou este edital arrancar será maldito de Deus todo poderoso. Da Bem Aventurada Virgem Maria, dos apóstolos S. Pedro e S. Paulo e de todos os santos e santas da Corte do céu e lançado nas trevas exteriores aonde arderão eternamente.Amem.»
Ao que leva a chamada «infalibilidade» e o «temor de Deus»!...
Enfim, ridículo, patético, caricato...
Como é possível ter acontecido isto? A manipulação política mais abjecta com recurso a um líder religioso que deveria ser prudente, sensato, intelectualmente honesto.
E hoje em dia o que se passa na instrumentalização dos párocos pelos caciques locais? Alguns mais timoratos deixam-se usar e encostam-se ao "Partido" (novo deus?) para colherem benesses, louros, mordomias e até prestígio...
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