Salgueiro Maia, um verdadeiro símbolo do Abril mais puro, deve pensar lá com os seus botões:
«Isto cheira a tudo menos a cravos!»
Cada vez mais se fala menos de Abril e de democracia, de transparência.
Voltou, rançoso e militarista (pela boca de um conhecido major...) o velho slogan que fez carreira no antigo regime: «Manda quem pode, obedece quem tem juizo!»
Era assim que a ditadura se impunha. Aos militares dizia-se: «Vocês não são para pensar, vocês é para agir, há quem pense por vós!»
Sem mais, desta forma canhestra e prepotente, não havia lugar a dúvidas nem a críticas ao status quo. Agora, regressa este modo de pensar, esta idiossincrasia estulta.
Mandante é (pressupõe-se) quem tem poder económico, quem tem dinheiro para dar prendas de alto gabarito.
«Obedece quem tem juizo!»
Traduzindo para linguagem comum, descodificando: quem não quiser passar por louco tem que obedecer cegamente aos superiores desígnios de quem se sente acima da lei, acima das próprias instituições, com impunidade total!
Agentes da judiciária, magistrados, agentes da PSP, tudo deve ajoelhar a seus pés se não quiser ter problemas. Qual espada de Dâmocles, a chantahem paira acima de todas as cabeças! Quem não vergar, leva!
Fazer o mal e a caramunha é a sua especialidade, o seu gozo supremo! Sempre a proclamarem-se vítimas disto e daquilo e, paralelamente, a espezinharem e enxovalharem quem ousar ser honesto e íntegro!
O «coitadinhismo» é usado com perícia, à custa de uma comunicação social servil e venal, que se coloca no lado errado, por interesse, por calculismo, por almejar vantagens futuras... na hora da vitória estão todos lá, como piranhas, degustando o burlesco ágape! Cretinos de alto gabarito! A História vos julgará! há sempre uma Nuremberga à vossa espera!
Usam e abusam de termos como «cabala», «conspiração», «perseguição». O seu léxico está prenhe de neologismos idiotas procurando incensar o que é digno de comiseração e de revolta!
Gente com sinecuras na comunicação social, gente medíocre, que talvez tenha subido não à custa do próprio pedalar, mas fazendo «meio-fundo», gente «empurrada» por «cunhas» e «tráficos» de toda a ordem... é hora de «pagar facturas», de ser grato, de lamber feridas infectadas pelo vírus da corrupção...
Enfim, toda uma «entourage» que serve de caixa de ressonância, de correia de transmissão, de «carpideira mercenária» sempre a chorar lágrimas fingidas...
Abril ainda não chegou.
O pove de Abril ainda não abriu os olhos. Maio, com a sua opacidade, o seu caciquismo renascido, qual Fénix imorredoira, está aí, pletórico de saúde, humilhando Abril.
Ai, como faz falta uma Primavera!
Nenhum comentário:
Postar um comentário