segunda-feira, abril 18, 2011

Jerónimo de Sousa demite-se...














Meu caro Jerónimo de Sousa:


Fiquei abismado. Surpreendido até, com uma postura de alheamento da sua parte. Como é possível?!

Neste momento a solução FMI ainda é menos gravosa do que o que nos quer impor a UE. O FMI propõe uma taxa de juro baixa (a rondar os 3 por cento) e um prazo dilatado para pagamento. Ou seja, o impacto será mais suave na sociedade, o crescimento não será tão fortemnte afetado. A recessão não será tão notória. E você demite-se da sua obrigação de dialogar, reivindicar, tomar partido?!

Diabo seja surdo, mas para mim todos os partidos devem ter aspirações a serem arco do poder. Todos os líderes partidários devem ter a legítima pretensão de virem a ser primeiro ministro. Não tenho preconceitos nem partis pris seja a quem for. Contudo, o seu comportamento manifesta um alheamento, uma falta de coragem para enfrentar os desafios, uma disposição para o «laissez faire... laissez passer...» de tristes consequências para todo o povo.
Não é de um democrata atento aos interesses de todo o povo português!
Eu, se estivesse no seu lugar, não abdicaria do dever/direito de me sentar à mesa das negociações e exigir o melhor para todos nós. Você deve assumir-se como potencial primeiro-ministro__é assim que qualquer líder partidário se deve apresentar ao eleitorado...__deve tomar as rédeas da decisão e intervir! Não pode cruzar os braços e assobiar para o ar...

Tem solução melhor do que a do FMI? Então apresente-a, já! Os portugueses querem saber qual é! Assuma-se como candidato à vitória nas eleições, como líder de Portugal, vá para a cabeça do touro (salvo seja, estou a falar em sentido metafórico, claro...), diga aos portugueses o que se deve fazer no momento actual.

Se eu estivesse no seu lugar iria para as negociações e exigiria até colaboração para acabar com os focos de corrupção que cá andam a minar a banca, as seguradoras, os tribunais, até as maternidades...veja o que de triste se passa na Alfredo da Costa...

Não deixe aos outros o trabalho que lhe cabe a si. Não se demita de entrar neste jogo por mais difícil que ele seja, não se divorcie dos problemas, vá à luta nos tabuleiros mais difíceis, onde faz falta uma voz vibrante, um murro na mesa, até uma sonora gargalhada, se for o caso...

Pegue na forquilha da razão, no martelo da convicção, na marreta da verdade e faça deles os seus trunfos. Estamos de há muito a ser condicionados do exterior: a UE é a prova mais cabal, sem planificação, sem rumo, sem crânios à altura, deu cabo da agricultura, destruiu as pescas, fez esmorecer a nossa autoestima, o nosso espírito empreendedor, a nossa aura de decobridores e de navegantes.

E se a UE não está à altura do desafio__ quer juros e seis por cento e quer um curto prazo no recobro da dívida__optemos por outra via. Joguemos neste tabuleiro com inteligência, com coragem, com ambição. Há que destruír os ninhos de corrupção que minam as nossas estruturas, o aparelho administrativo, a máquina da justiça a todos os níveis.

Não se demita, não abdique do seu direito/dever à intervenção, não se deixe eclipsar!

O país precisa de todos. Seja positivo, vá à luta, sente-se na mesma mesa e faça ouvir a sua voz.

Como militante da democracia (lato sensu) acho que o seu comportamento actual é prejudicial, é criticável, é frustrante; faça prova de vida, homem!

O país agradece!

5 comentários:

Isamar disse...

Todos nós, defensores da democracia, achamos que opinar é um direito de que ninguém se deve auto-excluir considerando ou não que já não há discussão possível pois que a situação económica do país obriga à aceitação tácita das condições impostas pelo FMI.
Talvez haja possibilidade de negociar alguns pontos, parcos, que poderão ter efeitos benéficos para nós.
Marcar presença é sempre
Importante.

Um abraço, Rouxinol!

Bem-hajas!

Rafeiro Perfumado disse...

É pena no jogo da política não ser possível construir cenários, só para ver o efeito da governação de alguns partidos. O pior é que já agora me sinto uma cobaia humana.

O Puma disse...

Meu caro

Quando o povo sair à rua

quero ver onde estará

a negociar

com esta europa solidária

Táxi Pluvioso disse...

Se o povo votasse todo no Jerónimo é que teria a sua piada.

Maria Luisa Adães disse...

Bravo, outro belo texto, adequado à
precipitação do senhor Jerónimo.

A atitude tomada se fosse por um outro partido e não o dele...nem
se pode imaginar!

Isto diz tudo!E eu esperava tudo,
mas este tudo, Não!...