Atrás da porta, erecto e rígido, presente,
Ele espera-me! E por isso eu me atrapalho
E vou pisar, exactamente,
A sombra d'Ele no soalho!
__ "Senhor Papão!
(Gaguejo eu)
«Deixe-me ir dar a minha lição!
Sou professor no liceu...»
Mas o seu hálito
Marcou-me, frio como o frio duma espada.
E eu saio pálido,
Com a garganta fechada.
Perguntam-me, lá fora: __ «Estás doente?»
__«Não! (grito-lhes)... porquê?! » E falo e rio, divertindo-me.
Ora o pior é que há palavras em que eu páro, de repente,
E que me doem, doem, doem, prolongando-se e ferindo-me...
Então, no ar,
Levitando-se, enorme, e subvertendo tudo,
Ele faz frio e lua como um luar...
E eu ouço-lhe o riso mudo!
__«Senhor Papão!
(Gaguejo eu) por quem é,
Deixe-me estar aqui, nesta reunião,
Sentadinho, a tomar o meu café!...»
José Régio
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