Entendo que o acto de contrição só dignifica quem o pratica. Se é sério e fruto de arrependimento. Por isso aqui vai o meu. Publica e desassombradamente, sem medos...
Ela e o marido já há mais de trinta anos que não vinham a Portugal. Ele, fora para S. Paulo ainda jovem. Ela, de origem japonesa mas radicada desde menina em terras de Vera Cruz era a primeira vez que cá vinha. Ficou deslumbrada com as cerejeiras e com as camélias. «Parece que estou no Japão», dizia ela embevecida ao contemplar o quintal onde ao lado de uma palmeira gigante se observavam algumas cerejeiras e japoneiras de porte médio.
Uns dias antes eu dera-lhe um livro para ler, nos tempos livres. Era de minha autoria: «Portugal no coração!»
A propósito dele, ela confidenciou-me: «Gostei muito de o ler. Fi-lo de um só fôlego. Chorei muito quando li a descrição do funeral daquela enfermeira francesa. Você devia gostar muito dela, para escrever de forma tão sentida!...»
Eu tive vontade de rir. Mas por respeito contive-me. Lembrei-me de Fernando Pessoa, quando dizia que o poeta era sempre um fingidor... Também eu, na minha ânsia de dar verosimilhança e credibilidade à pequena história romanceada, me aprimorei, me excedi até; a riqueza do pormenor, o ar abatido com que fiquei ao escrever aquela passagem, em que também a mim me vieram as lágrimas aos olhos, foi algo que ainda recordo; tal como os actores no palco, também eu, na tarefa da escrita, procurando criar uma atmosfera convincente, me vi envolvido na trama e fiquei fascinado e agarrado `a personagem, que, diga-se em abono da verdade, nunca conheci, mas por quem me apaixonei deveras... A Catherine jamais sairá do meu imaginário!...
Então, pedi desculpa à senhora japonesa e disse-lhe que era tudo ficção, fruto da minha imaginação criadora. Ela, com ar desolado, deu-me uma palmada amigável e desabafou:_
__Os homens são todos uns impostores!
Enfim:
«A mulher que eu mais amei
Com paixão tão doentia
Foi aquela que criei
Com a minha fantasia!...»
(Ver aqui)
Ela e o marido já há mais de trinta anos que não vinham a Portugal. Ele, fora para S. Paulo ainda jovem. Ela, de origem japonesa mas radicada desde menina em terras de Vera Cruz era a primeira vez que cá vinha. Ficou deslumbrada com as cerejeiras e com as camélias. «Parece que estou no Japão», dizia ela embevecida ao contemplar o quintal onde ao lado de uma palmeira gigante se observavam algumas cerejeiras e japoneiras de porte médio.
Uns dias antes eu dera-lhe um livro para ler, nos tempos livres. Era de minha autoria: «Portugal no coração!»
A propósito dele, ela confidenciou-me: «Gostei muito de o ler. Fi-lo de um só fôlego. Chorei muito quando li a descrição do funeral daquela enfermeira francesa. Você devia gostar muito dela, para escrever de forma tão sentida!...»
Eu tive vontade de rir. Mas por respeito contive-me. Lembrei-me de Fernando Pessoa, quando dizia que o poeta era sempre um fingidor... Também eu, na minha ânsia de dar verosimilhança e credibilidade à pequena história romanceada, me aprimorei, me excedi até; a riqueza do pormenor, o ar abatido com que fiquei ao escrever aquela passagem, em que também a mim me vieram as lágrimas aos olhos, foi algo que ainda recordo; tal como os actores no palco, também eu, na tarefa da escrita, procurando criar uma atmosfera convincente, me vi envolvido na trama e fiquei fascinado e agarrado `a personagem, que, diga-se em abono da verdade, nunca conheci, mas por quem me apaixonei deveras... A Catherine jamais sairá do meu imaginário!...
Então, pedi desculpa à senhora japonesa e disse-lhe que era tudo ficção, fruto da minha imaginação criadora. Ela, com ar desolado, deu-me uma palmada amigável e desabafou:_
__Os homens são todos uns impostores!
Enfim:
«A mulher que eu mais amei
Com paixão tão doentia
Foi aquela que criei
Com a minha fantasia!...»
(Ver aqui)
10 comentários:
Brilhante e Admirável Amigo:
VOCÊ escreve de forma fluída, cativante e fantástica.
As suas palavras são soberbas e que cativam.
Excelente descrição de episódios pessoais de maravilhar.
A sua fantasia é profunda. Fabulosa.
Um Post sensível, abrangente e que "explode" com sensatez e sobriedade do seu carácter admirável e sublime.
Adorei o espanto da Senhora Japonesa.
Coitada não é de cá.rsrs
Genial.
Abraço de profundo respeito, estima e consideração.
Sempre a lê-lo atentamente, pela riqueza linguística, sensibilidade literária extraordinária e uma intensa vontade de viver, que possui em si e no que "constrói" com talento...
pena
Caro amigo Pena:
As suas «hipérboles» são geniais!...
Tiro-lhe o meu chapéu!
Gosto tbm muito da maneira de escrever...parabéns...
Hoje
Dia diferente.
fui tomar posse da escola.. o novo ano aproxima-se...
um beijo e um café...
SENTO NO CAFÉ
Entro no café...
Sinto o seu aroma...
Saborei-o e sinto...
As plantações...
O bago...
A magia...
E continuo a saborear
E a sentir-me feliz...
LILI LARANJO
Lili:
O seu cheirinho a café é contagiante!
Lili:
O seu cheirinho a café é contagiante!
Lindo Bernardim! :)
Adorei! Bem-haja.
Maravilha de post! E adorei o blog direcionado...
Um beijo Bernardim!
Natalie:
Há muito tempo que não a via por cá. Seja bem-vinda...
Olá Desnuda!
Ainda bem que apreciou.
Alá Amigo,
Maravilhoso esse seu relato!
Engraçado, sou muito bem resolvida, mas todo ano na época das festas juninas faço poemas para Santo Antonio pedindo um amor, e vejo meus leitores na torcida para que isso aconteça achando que estou encalhada.
Escrever é mágico!!!
Um abraço e até mais ler,
Dalinha
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