sexta-feira, março 05, 2010

Bullying, criminalidade na escola?

É triste, é lamentável, é um sintoma da doença que ataca Portugal: a demissão da justiça, da autoridade.
O suicídio de uma criança por causa de bullying (neologismo que incorpora violência despropositada...) numa escola. O fenómeno tem-se acentuado nos últimos anos mas já vem de longe. Há na sociedade o culto da violência, da lei da força por oposição à força da lei.
Quando um presidente da ANMP mandou atirar pedras a técnicos do ministério do ambiente, por quererem ser escrupulosos, quando vemos as claques desportivas a fazerem espectáculos degradantes tentando intimidar adversários (até nos túneis há esse fenómeno intimidatório...), quando vemos alguns políticos rodeados de marginais como seguranças, que pensar deste país?!
Nas escolas o crime alastra. Professores, vítimas acossadas pelo medo, lavam as mãos e deixam passar... enfim, nova versão do velho «laissez faire, laissez passer!», que também não deu bons frutos na economia...
A justiça lava as mãos e pelo seu laxismo permite a lei do arbítrio, da violência, da perseguiçao atrabiliária a quem não capitula, não abdica , não verga ao status quo.

Fui presidente de uma associação de pais, na escola Flávio Gonçalves na Póvoa de Varzim. Um pai foi, acompanhado do filho, fazer queixa de violência sistemática exercida por colegas mais velhos. Contou-me os pormenores. Expôs o assunto a uma professora do conselho duirectivo (que não a Presidente Dra Odete Brioso Gomes). Limitou-se a um encolher de ombros dizendo que as quezílias eram normais, as crianças não podiam ser colocadas em redomas... era a lei da vida!

O pai ficou indignado com esta postura permissiva. «Disse-me que o meu filho era um queixinhas!» bradava-me ele encolerizado com tal comportamento permissivo e contemporizador. Tentei falar com a tal professora, muito generosa de carnes mas subnutridsa em termos educativos. Atirou-me com esta: «Sabe quem é o pai dele? É aquele gajo do CDS, um dos gerentes da Fripóvoa!»

Fiquei abismado! como era possível que o ódio (político) ao pai , fosse extrapolado para permitir ofensas ao filho!!!

Falei com a presidente. Esta insurgiu-se contra a colega. Chamou os prevaricadores. Na minha presença admitiu que os expulsaria se voltassem ao mesmo comportamento. Advertiu a própria colega pelo tom desculpabilizante adoptado.

Nesta escola na Póvoa de Varzim a própria PSP teve de ser chamada muitas vezes por causa de roubos e de violências provocadas por rapazes mais velhos, vivendo nas proximidades, e actuando com navalhas e objectos contundentes procurando intimidar os alunos mais novos.
Enfim, as escolas actualmente são um caldo de cultura onde viceja o vírus da violência, onde a impunidade parece andar de mãos dadas com o laxismo dos professores e entidades de supervisão (funcionários, agentes da autoridade).

Pobre país onde ate as próprias universidades são autênticas escolas de criminalidade... Nem cito nomes pois todos as conhecem...

16 comentários:

chica disse...

Que coisa incrível mesmo isso.

E por aqui a violência rola solta. Casualmente ontem tivemos problemas com nosso netinho de qpenas 7 anos.

Se tiveres um, tempinhop , podes ver o que publiquei, referente ao caso!
Aqui está:


http://recantodasletras.uol.com.br/cronicas/2117966


Um abração,tudo de bom,chica

Rui disse...

Mais achas para a fogueira da minha REVOLTA !
... para onde caminha este pobre país ?!...
.

Luna disse...

Tudo isto é muito triste,muito mesmo, mas pergunto quando se vai fazer um trabalho de fundo, antigamente era repressão a mais lembro-me quando andava na escola nem abria a boca com medo de me baterem, não quero que esse tempo volte pois acho que ninguém tem o direito de bater nas nossas crianças, mas o respeito é imprescindível, e é em casa quando como pais educamos os nossos filhos que lhes temos de passar os valores, temos de os ensinar a serem pessoas de bem, deixo esta pergunta no ar,certos pais dessas crianças que já tem a maldade dentro delas se fossem chamados para uma conversa qual seria a sua forma de actuação, talvez igual á dos miudos ou pior, não direi todos mas a maior parte, continuo a pensar que só um trabalho de fundo pode alterar a estrutura de actuação e fazer as nossas crianças adultos honestos quando tiverem mais acompanhamento mais amor e repreendidos quando estão a ir pelo caminho errado, mas é só a minha opinião que vale pelo que vale
beijitos

José Leite disse...

chica:

Isto dói, sabendo-se que há quem aceite de boa mente este status quo. Quem verbera o poder instalado é «queixinhas»... eles sentem-se intocáveis. E têm uma guarda pretoriana a protegê-los nas mais altas instâncias...
JÁ nÃO TENHO DÚVIDAS!!!

A escola é o viveiro da sociedade.

José Leite disse...

RUI DA BICA:

É o lamentável «Estado a que chegámos!»

José Leite disse...

Multiolhares.

Dantes era sssim, agora é diferente, e para pior... não, não sou saudosista, mas entre alunos isto piorou muito, dantes havia violencia professor versus alunos, nunca alunos contra alunos!

S* disse...

Fico revoltada com tanta promiscuidade. Pobre criança.

Laura disse...

Minha nossa, digo sempre que os pais é que educam os filhos e o trabalho está-se a ver na forma como eles agem sobre colegas, batendo atemorizando...
a stora foi palerma e não devia ser assim, tudo deve ser revisto e os alunos chamados e castigados para não prevaricarem...não se bate nas crianças mas as crianças podem bater noutras crianças, mau...Acho um horror que issoa conteça e no tmepo dos meus andarem na escola já havia muita amrginalidade os amis velhos roubavam os mais novos e os professores sabiam e?..bolas, tudo mal feito, mais escolas e menos alunos e mais segurança dentro e fora da escola...e, claro, educação por parte dos pais, só isso bastava..
abraço da laura

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

este texto além de bem escrito, é um grito que toca na ferida.

parabéns pela coragem!

um abraço apertadinho, e um beij

Anônimo disse...

Esse tema já virou disciplina aqui nas nossas escolas.O trabalho é rigoroso e aplicado de uma forma bem responsável.
Ja diminuímos bastante as ocorrencias, o q implica em fortalecer o respeito mútuo.
Parabéns pela postagem.
Eu adorei.
Beijos mil.

José Leite disse...

S#

Não basta lamentar é preciso agir. Em vários locais isso se passa...
muitas vezes fazem ouvidos de mercador... «são uns queixinhas»...

José Leite disse...

Laura.

Crianças de tenra idade sofrendo sevícias de outros, sejam nas praxes, sejam na violência gratuita , a mostrar «coragem», é de lamentar e de condenar. O laxismo de professores e de funcionários tem de terminar.

José Leite disse...

Piedade Araújo Sol:


Mesmo nas universidades, aquelas aberrantes manifestações das praxes são actos medievais, sem nível, excrescências de um fascismo comportamental que não pode ser tolerado de boamente. Já houve um aluno agredido até à morte, actos de sexo forçado, cenas aberrantes...

A escola, a génese da sociedade, tem de adoptar outra praxis perante estas cenas. Mão pesada, senão... estamos a cavar o caos...

José Leite disse...

Pérola:

O Brasil é por vezes uma montra do que cá se vai passando também. O «arrastão» começou mas foi fortemente reprimido e não alstrou.

Nas escolas há que impôr disciplina a sério. Os docentes têm medo de ser considerados ditadores, depois dá em cenas patéticas... como aquelas filmadas por telemóveis...

Victor Gil disse...

Amigo.
"Depois de casa roubada, trancas à porta".
Digo isto porque denunciei um caso do género. Tenho um documento de um Pedopsiquiatra que o atesta. Havia conivência de uma professora e uma auxiliar. Denunciei o caso ao Conselho Pedagógico do Agrupamento, mas depois de um inquérito interno o caso foi arquivado, e eu fui parar ao Tribunal, e fui condenado por difamação.
Os pomposamente chamados "superiores interesses da criança", esbarraram com o testemunho de professoras e auxiliares, muito chorosas e combalidas psicologicamente, e eu apenas tinha a meu favor uma mãe preocupada e nervosa, e uma psicóloga que não consegui fazer passar os seus argumentos. Até veio para a barra do tribunal, o choradinho de que os professores, coitados, são marginalizados etc..
Depois disto tudo nada mais me espanta. Onde estão os Direitos da Criança e os Direitos Humanos. Com juízes que não vêem isto, está mal a nossa justiça.
Estou com isto atravessado. Devia se calhar enviar a carta ao Ministério da Educação. Mas se calhar nem chegava ao conhecimento da Ministra.
Um abraço
Victor Gil

José Leite disse...

Soube hoje (12 de Março) que um professor, também ele vítima de bullying se suicidou. Conta o Público de 12-03-2010.

O país acanalhou-se mesmo, os exemplos vieram de cima e alastraram... por aí fora...