Aquilino Ribeiro foi acusado (quiçá injustamente) de estar envolvido no regicídio. Agora, no Panteão Nacional (justamente), era bom que o seu espírito brilhante e luminoso derramasse um pouco de clarividência sobre esta populaça entontecida por populismos com sabor monarquizante. Alguns reisetes, acolitados por uma justiça devassa e permissiva para uns e estranhamente punitiva para outros, vão gerindo a coisa pública de forma pouco transparente, ostentando sinais inequívocos de fartura, que são, de facto, a parte visível do cancro que vai sugando de forma irreversível, a vitalidade, a salubridade e a pujança de uma República que Abril quis que fosse transparente, popular, impoluta. Mas que de facto não o é.
OS CAPTURADOS
Se os lobos recomeçam a uivar
Semeando o terror nos povoados
E a Justiça se deixa capturar
Há que denunciar os capturados.
Regressa Malhadinhas-Aquilino
Fustiga a corrupção omnipresente
Desanca este poder luciferino
Com ar angelical... mas indecente.
A Justiça tem face tenebrosa
É Jardim das Tormentas para o pobre;
Terra do Demo, sílfide escabrosa,
Com manto de perfídia se recobre.
Aquilino Ribeiro, esta República
É Via Sinuosa da ambição;
Há reisinhos gerindo a coisa pública
Há autarcas-monarcas, que abjecção!
Nós, os republicanos democratas,
Vemos oligarquias populistas...
Uns tesos se transformam em plutocratas
Enquanto o mafarrico esfrega as vistas!
Nenhum comentário:
Postar um comentário