domingo, julho 17, 2011

Entrevista com D. Moody's...(FICÇÃO)

O direito de resposta é sagrado. O contraditório é um princípio que se deve ter sempre em conta sob pena de se cometerem graves atropelos deontológicos.
Assim, após frenéticas acusações de parcialidade e de defesa dos interesses do dólar em detrimento dso euro, decidimos entrevistar a dita cuja. a famosa Moody's, agencia de notação financeira.
Eis aqui para memória futura, o conteúdo integral dessa audição:

R.B. __ D. Moody's é verdade que faz ataques a Portugal e aos bancos e grandes empresas portuguesas para favorecer o dólar e atacar o euro?
M__ Nada disso, meu caro. Limito-me a transmitir o que vou ouvindo aqui e ali. Escudo-me em pareceres sérios e credíveis...
R.B.__ Por exemplo...
M__ O vosso PR. Disse várias vezes que a situação portuguesa era grave, «explosiva», «insustentável», logo, a nossa conclusão é idêntica. Ele até quer um euro fraco__ para fomentar as exportações__ logo, se a nossa pretensão fosse enfraquecer o euro, até iríamos de encontro aos seus desejos... mas não é o caso, nada nos move contra o euro.
R.B.__Mas a expressão «lixo» é muito contundente!
M__ E as expressões usadas por alguns políticos na campanha eleitoral? Eles disseram cobras e lagartos do governo, de Sócrates, dos políticos no poder, dos empresários ladrões, dos banqueiros corruptos. Nós limitámo-nos a ouvir e registar...
R.B. __ Sabe que em campanhas cometem-se excessos...
M__ Zangam-se as comadres e sabem-se as verdades. A corrupção é o calcanhar de Aquiles de Portugal. Mas ninguém tem a coragem de o assumir. A não ser Maria José Morgado, Marinho e Pinto, Paulo Morais e poucos mais. Portugal tem de assumir essa maleita. Eu sou como o médico que deteta um cancro num doente e tenho a missão, o dever, de o avisar do perigo que corre. Se o não fizer estou a ser desonesta comigo mesma.
R.B.__Mas os médicos curam e o seu comportamento tem efeitos ainda mais nefastos. A banca descapitaliza-se, a bolsa fica deprimida, a economia completamente de rastos... é monstruosa a sua actividade altamente lesiva da nossa saúde financeira, da nossa salubridade económica.
M__ Só acredita em mim quem quer. Se há seguidores é porque se identificam com as nossas análises. Pagam-nos para investigar. Nós divulgamos os resultados dessas investigações. Se os silenciássemos seriamos acusadas de ocultação, encobrimento...
R.B.__Em tempos parece que foi feito isso com o Lemon Brothers, ou não?!
M__ Dissemos o que sabíamos perante dados que nos eram apresentados, se os dados estavam viciados a culpa não foi nossa. Não houve propósito de beneficiar ninguém...
R.B.__Acha que Portugal tem saída?!
M__ Sim, desde que corra com os políticos corruptos, faça leis exequíveis e com poder coercitivo, mandando para a cadeia os delapidadores da riqueza nacional. É preciso uma lei para punir o enriquecimento ilícito, os que enriquecem sem justa causa. É preciso cumprir os concursos públicos e punir quem não os fizer sendo obrigado a isso. A maior parte dos presidentes de câmara são os responsáveis pela miséria económica do país. As empresas municipais são um cancro obsceno. As campanhas eleitorais são a patogénese corruptora mais degradante. Portugal assim não tem um futuro digno, os portugueses irão andar toda a vida a pagar juros altíssimos por causa dos corruptos que estão em postos chave há anos, sem que ninguém tenha a coragem de os denunciar.

2 comentários:

Manuel CD Figueiredo disse...

Estamos em perfeita sintonia (mas tomara que fosse por outras causas).
A última parte poderia muito bem ser o programa político de um partido...que não temos!
Cumprimentos.

José Leite disse...

Comandante Figueiredo:

Fiz o papel de advogado do diabo. Mas, no fundo, no fundo, acho que a agência tem um pouco de razão. Nem toda.